O renomado historiador, cientista político e analista internacional, Miguel Ángel Barrios acaba de publicar seu novo livro, pela editora argentina Biblios “Por que a grande pátria: teoria e práxis de uma política latino-americana em tempos de pandemia” (clique aqui). Neste trabalho, o autor analisa -a partir de uma abordagem multidimensional- o pensamento da integração regional latino-americana e, com base nisso, também aborda os desafios da região no sistema mundial da pós-pandemia Covid-19.
Nesse sentido, o autor aponta que a crise implicada pela pandemia traduz-se em quatro crises simultâneas: A) crise sanitária B) crise socioambiental C) crise sociopolítica e econômica e D) crise de mutação do poder mundial. Segundo Barrios, a América Latina só participará como ator relevante nessa nova ordem mundial emergente – multipolar e multicivilizacional, cujo epicentro geoeconômico é o Índico-Pacífico – na medida em que se materialize a “Grande Pátria”, onde se unifica a integração continental latino-americana de forma holística com cinco dimensões: política, científico-tecnológica, econômica, militar e cultural.
Barrios é contundente ao afirmar que sem a Grande Pátria não existirá autonomia para a América Latina. Neste sentido, os Estados continentais 4.0 constituem a melhor resposta à nova fase da globalização. O grande desafio geopolítico é superar a etapa dos países da região -quase Cidades-Estado- rumo à etapa do Continentalismo Sul-Americano e da Grande Pátria. O grande “eixo” dessa união seria a aliança Argentina-Brasil, este último um paíse essencial na América do Sul. Ao levar em conta este quadro, o intelectual destaca a crucial importância das eleições presidenciais a serem realizadas no Brasil em outubro deste ano de 2022.
“Miguel Ángel Barrios dedicou seus esforços e sua vida à construção da Grande Pátria. O título deste livro, ‘Por que grande pátria: teoria e práxis de uma política latino-americana em tempos de pandemia’, revela o cerne de sua reflexão como historiador e geopolítico. Barrios procurou identificar as causas dos obstáculos internos e externos que se opuseram à construção da união da América do Sul, precursora necessária da união da América Latina.
A Grande Pátria deve ter bases sólidas na Argentina, Estado-nação de origem espanhola e mestiça, e no Brasil, de origem portuguesa e mestiça. Os estadistas e pensadores do passado conclamam os do presente, especialmente Alberto Fernández e Luiz Inácio Lula da Silva, a levar em seus braços e em seus corações a tarefa de superar todos os obstáculos e continuar, sem medo, a missão histórica de construir a Grande Pátria“.
Samuel Pinheiro Guimarães – professor, diplomata e economista brasileiro.
Barrios aborda as possibilidades autonômicas da região desde a originalidade do pensamento latino-americano, retomando o conceito geopolítico de Manuel Ugarte até suas implicações atuais. Nesse contexto, o analista geopolítico indica que há obstáculos externos e internos simultâneos que se opõem à construção da união da América do Sul, precursora necessária da união da América Latina. Na dimensão externa, Barrios aponta a falta de um equilíbrio necessário e adequado de poder mais horizontal, além da influência dos organismos financeiros internacionais que fez com que a América Latina fosse estrangulada pelas políticas neoliberais.
Sobre os entraves internos, Barrios destaca que os diferentes governos da região abordaram a integração de forma parcial, e insiste que uma verdadeira integração regional deve ser estabelecida não apenas na dimensão econômica, mas também deve ser especificada em outros aspectos como como são os culturais, políticos, militares, educacionais, etc.
Fonte: Texto originalmente publicado em espanhol no site do LabGRIMA.
Link direto: https://wp.ufpel.edu.br/labgrima/2022/02/15/book-review-por-que-patria-grande-teoria-y-praxis-de-una-politica-latinoamericana-en-tiempos-de-pandemia/
Tradução e adaptação – Alessandra Scangarelli Brites – Intertelas
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