O Paquistão está vivendo uma tentativa de golpe político…

Imran Khan levantou a ira ocidental ao visitar Moscou no dia em que as forças russas entraram na Ucrânia, mas ele defendeu sua visita à Rússia. Crédito: Arquivo AA/TRT World.

O governo do Paquistão tem revelado uma conduta soberana ao manter relações comerciais com a Rússia, recusando-se a embarcar nas ondas de sanções ao governo Putin, bem como também tem feito duras críticas ao que as potências ocidentais tem promovido em relação à economia global, o que parece explicar, em boa medida, a turbulência política que estão tentando impor (de fora) ao território paquistanês.

O parlamento do Paquistão, segundo o próprio primeiro-ministro do país, está sendo manobrado por forças estrangeiras para tentar derrubá-lo do poder, e quem parece estar orquestrando essa tentativa de golpe são os Estados Unidos, dado que o Paquistão tem mantido uma posição soberana ao recusar-se a embarcar na aventura proposta pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), que busca isolar economicamente a Rússia (a despeito da crise econômica gerada por esse movimento).

Para responder a essa tentativa de golpe do parlamento paquistanês, que deu um voto de desconfiança contra o atual primeiro-ministro, houve o movimento do presidente do país, a pedido do primeiro-ministro, de dissolver o parlamento e convocar novas eleições que devem ocorrer nos próximos 90 dias, posto que assim será possível reconstruir o parlamento com figuras que tenham mais apreço pela soberania paquistanesa, retirando das cadeiras figuras alinhadas aos interesses estrangeiros.

O que está acontecendo no Paquistão, nação que possui armamento nuclear (diga-se de passagem), é um retrato do que pode acontecer com nações que se recusarem a embarcar na aventura atlanticista contra a Rússia, de forma que, em tempos de emergência da multipolaridade, podemos esperar uma série de operações de instabilização dentro de todo país que buscar ter um pingo de soberania.

O primeiro-ministro paquistanês não só se recusou a embarcar nas sanções contra a Rússia, ele também tem ampliado as conversas com o governo Putin para aumentar as relações entre os dois países, o que significa que os ianques podem perder um aliado que sempre consideraram fidelíssimo às suas empreitadas no oriente, tal como a Índia também tem recusado-se a incorporar a conduta sugerida pelos ianques.

É provável que o aumento da pressão atlanticista para desestabilizar o Paquistão acabe empurrando o país para a órbita política da China e da Rússia, justamente aquilo que os ianques estão tentando evitar com suas operações de desestabilização, algo semelhante com o que acabou acontecendo com Lukashenko, que voltou a se aproximar do governo Putin após uma tentativa fracassada ianque de apeá-lo do poder em 2020.

O caso do Paquistão é apenas mais um dos que evidenciam a emergência de uma multipolaridade no mundo para rivalizar com a hegemonia atlanticista, de forma que existe uma forte tendência da situação sair do total controle ianque, justamente por isso veremos medidas cada vez mais desesperadas das potências ocidentais para tentarem retardar a velocidade da tomada de postura de várias nações do sul-global em direção a uma conduta mais soberana.

Assista um vídeo do autor deste artigo sobre o assunto abordado no link abaixo

Fonte: Texto originalmente publicado no blog Verdade Concreta.
Link direto: https://verdadeconcreta.wordpress.com/2022/04/04/o-paquistao-esta-vivendo-uma-tentativa-de-golpe-politico/

Thiago Espindula
Professor de Ciências Humanas

 

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por Anders Noren

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