Filmes sul-coreanos ressignificam estereótipos da mulher idosa

Cena de “Journery to Kailash” (2020), de Jung Hyung Min. Crédito: Hancinema.

As mulheres mais velhas nos filmes são frequentemente retratadas de maneiras estereotipadas – elas sacrificam-se pelas suas famílias ou permanecem passivas, vitimizadas e assexuadas. Seus desejos e ambições raramente são abordados em filmes e, portanto, poucas obras cinematográficas têm uma mulher mais velha no papel principal.

Mas esse padrão está mudando. Filmes sul-coreanos lançados recentemente retratam mulheres idosas como figuras independentes, que falam por si mesmas. Tanto os filmes, quanto o documentário lançados recentemente centram-se nas histórias de mulheres idosas.

Um dos filmes é “Oh! My Gran” (“Oh! Munhee” em coreano) – uma história sobre a busca pelo motorista responsável pelo acidente que deixou a neta da protagonista, Bo-mi, ferida. O filme retrata a investigação realizada por Oh, a personagem principal que passou a ser a única testemunha do acidente, mas que está sofrendo de Alzheimer, e Du-won – seu filho e pai de Bo-mi – com abundantes cenas de ação e comoventes momentos em família. A condição médica de Oh adiciona mais drama ao filme. Mas o principal ingrediente que atrai o público não é a tragédia de sua doença, mas sim o tratamento cômico e sensível do problema.

Mesmo não sendo um filme de ação do tipo James Bond, é bem raro mostrar uma personagem feminina mais velha em performances de ação ativa, como em perseguições de carro e até mesmo escalar uma árvore, que é a primeira cena de ação da atriz de 78 anos em toda a sua carreira. A personagem feminina é vocal e muito dedicada em encontrar pistas para o caso – o que resulta na descoberta das principais evidências do crime. “Journey to Kailash” é um documentário que mostra a jornada de Lee Chun Suk, uma mãe de 84 anos, e Jung Hyung Min, seu filho e o diretor – foram três meses; 20 mil Km; da Mongólia à Montanha Kailash (China).

Eles terminam a viagem via rota terrestre e foi a primeira viagem de Lee ao exterior. Mesmo quando ela precisou rastejar montanha acima, ela nunca desistiu e alcançou o topo. “Eu estava curioso sobre como minha mãe vê o mundo … Gostaria de mostrar a todas as mães do mundo que minha mãe nunca desistiu da viagem, apesar das dificuldades da vida“, disse Chung à Yonhap.

An Old Lady” (“Age 69” em coreano), retrata uma mulher de 69 anos tentando encontrar justiça depois de ser estuprada por um auxiliar de enfermagem de 29 anos. Ela é constantemente desafiada pelo preconceito de que uma idosa não pode ser vítima de estupro. Mostra como uma mulher sofre com a indiferença da sociedade, mas que nunca desiste de se expressar porque ainda está “viva”. “Personagens de mulheres idosas são muito agressivas ou insultadas sexualmente nos filmes. Mas eu quero mostrar um indivíduo além de todos esses preconceitos“, disse Lim Sun Ae, a diretora, ao Kyunghyang Shinmun.

Fonte: Tradução do texto para o português publicado no site do Koreapost
Link direto: http://bit.ly/koreapost-coreanosressignificam-mulheridosa

Fonte original: Texto originalmente publicado em inglês no site do Korea Times.
Link direto: http://bit.ly/koreatimes-Art-2020

Park Ji Won
Articulista do Korea Times

Raquel Vidal Ambrósio
Tradutora do Koreapost

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por Anders Noren

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