
Os esforços para a integração da infraestrutura regional sul-americana têm seu marco inicial com a formulação da política de coordenação dos países amazônicos sob a iniciativa brasileira, resultando em 1976 na criação do Tratado de Cooperação Amazônica (TCA). Ainda que tais esforços tenham sido iniciados nos anos 1970, a integração da infraestrutura na América do Sul teve seu espaço institucionalizado apenas a partir dos anos 2000. Foi em meados dos anos 2000 que o cenário regional sul-americano apresentou maior coesão política, impulsionando a aproximação entre os países da região.
Com a demanda político-econômica por maior conexão territorial entre os países, através da coordenação brasileira criou-se a Iniciativa de Integração da Infraestrutura Regional Sul Americana (IIRSA). No entanto, apesar da existência de investimentos externos e de um discurso pró-integração e cooperação na América do Sul, defendido principalmente pelo governo brasileiro, a atuação direta do país dentro dos mecanismos regionais tem diminuído nos anos recentes.
Tal afastamento também é entendido como resultante das mudanças domésticas não só do país, mas dos países da região desde 2013, no qual a instabilidade nas relações regionais ainda é presente. Ainda que a partir de 2011 a integração da infraestrutura sul-americana tenha passado a ser discutida sobre a égide da União de Nações Sul-Americanas (UNASUL), as dificuldades em concretizar projetos e ultrapassar as barreiras detectadas, como a escassez de investimentos privados, a forte dependência de aportes públicos, a concentração de projetos em torno da área dos transportes, a ausência de institucionalidade interna, o déficit de participação democrática no mecanismo, e a forte preponderância de projetos nacionais na carteira da IIRSA, permanecem.
Por fim, o projeto de integração da infraestrutura instigado pelo Brasil, distancia-se cada vez mais do objetivo inicial, onde o governo brasileiro apoia a integração regional como um todo, porém, não contribui diretamente com a mesma dentro das organizações regionais conformadas, nem assume os custos do processo como esperado por seus vizinhos. Dessa maneira, ao comparar o período que vai da IIRSA ao Conselho Sul-Americano de Infraestrutura e Planejamento (COSIPLAN) permanece uma percepção de que a integração de infraestrutura ainda carece de resultados concretos.
Frente a tantos esforços e poucos resultados positivos para a integração da infraestrutura regional, perdura o questionamento do porquê, após tantos esforços ainda se verifica a manutenção de barreiras presentes desde 2000 para avançar na integração da infraestrutura regional. Esta dissertação de mestrado esta disponível no Repositório da Universidade Estadual Paulista (Unesp) – (clique aqui para fazer o download) e também no site do Observatório da Integração Regional do Núcleo de Estudos Estratégicos, Geopolítica e Integração – da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (NEEGI-UNILA).
Autora
Barbara Carvalho Neves
Doutoranda e Mestre pelo Programa de Pós Graduação em Relações Internacionais – San Tiago Dantas (PUC-SP, UNESP, UNICAMP), com bolsa CAPES. Graduada em Relações Internacionais pela Universidade Estadual Paulista, Campus de Franca. Realizou intercambio acadêmico do Instituto Politécnico Nacional na Cidade do México, em 2015, no curso de Negócios Internacionais com bolsa do Santander Universidades.
Técnica em Informática pelo Colégio Técnico Industrial – UNESP Bauru (2010-2012), possuindo experiência na área da Ciência da Computação. Colaboradora do Laboratório de Novas Tecnologias de Pesquisa em Relações Internacionais (LANTRI), do Grupo Rede de Pesquisa em Política Externa e Regionalismo (REPRI) e do Observatório de Regionalismo (ODR). Desenvolveu Iniciação Científica com bolsa (CNPq) na área de Integração Regional, sobre a atuação brasileira nos projetos de cooperação da América do Sul, com foco na área de Integração em Infraestrutura.
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