
O secretário de Estado dos EUA, Tony Blinken, disse que o governo Biden está trabalhando “nos bastidores” para acabar com a violência em Israel e na Palestina. Mesmo assim, o governo pretende vender a Israel 735 milhões de dólares em bombas. Em meio a pedidos globais de moderação, Israel e o grupo militante palestino Hamas continuaram a comercializar foguetes e mísseis na semana passada. Dez israelenses foram mortos e cerca de 200 palestinos, incluindo pelo menos 58 crianças, perderam suas vidas, segundo fontes palestinas.
Blinken anunciou na segunda-feira que os EUA “têm trabalhado sem parar por meio dos canais diplomáticos para tentar pôr fim ao conflito”. Falando em uma reunião conjunta com o ministro das relações exteriores da Dinamarca em Copenhague, Blinken disse que o governo Biden está trabalhando “intensamente”, em um esforço “nos bastidores” para restaurar a paz na região.
“Estamos prontos para dar apoio se as partes … buscarem um cessar-fogo”, acrescentou Blinken, conclamando ambos os lados a proteger os civis. Nenhum dos lados expressou abertamente interesse em um cessar-fogo, embora a BBC citasse na segunda-feira relatos da mídia local de que o Hamas havia abordado autoridades israelenses com uma oferta para cessar as hostilidades, apenas para ser rejeitada. Em um discurso televisionado no domingo, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu declarou que a campanha de bombardeio de seu país em Gaza continuaria com “força total” e que Israel “quer cobrar um preço alto” do Hamas.
E apesar do apelo de Blinken por calma, o governo Biden está pressionando por uma venda massiva de armas para Israel. De acordo com um relatório do Washington Post publicado horas antes de seu discurso em Copenhague, o governo notificou oficialmente o Congresso em 5 de maio – uma semana antes do início da ofensiva de foguetes do Hamas contra Israel – que pretende vender 735 milhões de dólares em armas ao Estado judeu. A maior parte da remessa, relatou o Post, consiste em kits de Munições de Ataque Direto Conjunta (JDAMS). Esses kits são fixados em bombas “burras” comuns, transformando-as em munições guiadas com precisão.
Os legisladores têm 20 dias para fazerem oposição a uma venda de armas, uma vez notificada, mas o apoio a Israel é uma questão rara com o apoio bipartidário em Washington. O próprio presidente Biden falou com Netanyahu na sexta-feira e reiterou o “direito de Israel de defender-se”, enquanto o senador republicano Ted Cruz anunciou no mesmo dia que ele iria em breve viajar a Israel “para avaliar o que eles precisam para proteger sua segurança nacional”. Durante as administrações Obama, Trump e Biden, os EUA deram a Israel 3,8 bilhões de dólares por ano em ajuda militar.
Embora o apoio a Israel permaneça inabalável entre as administrações, há uma oposição crescente da esquerda à disposição dos EUA de financiar as façanhas militares do país. O deputado Mark Pocan (D-Wisconsin), que junto com mais de duas dúzias de seus colegas progressistas pediu a Blinken que condenasse a construção de assentamentos por Israel e os despejos forçados em terras reivindicadas por palestinos. Ele declarou na semana passada que “a ajuda dos EUA não deveria financiar atividades militares de Israel“.
As opiniões de Pocan são compartilhadas por alguns dos nomes mais reconhecidos na ala progressista de seu partido – Alexandria Ocasio-Cortez, Rep. de Nova Iorque, e Ilhan Omar de Minnesota, para citar dois nomes – mas as lideranças democrata e republicana na Câmara e no Senado estão decididas a apoiar Israel , assim como Biden, cuja campanha prometia um “compromisso inquebrantável com a segurança de Israel”.
Fonte: Texto originalmente publicado em inglês no site do Russia Today.
Link direto: https://www.rt.com/usa/524045-blinken-israel-arms-deal/
Tradução do inglês para o português: Alessandra Scangarelli Brites, editora da Revista Intertelas
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