
O Brasil tem seu representante no mais antigo e um dos mais importantes festivais de documentários do mundo, o DOK Leipzig, que acontece de 25 a 31 de outubro, na cidade alemã. “Uma Baía”, o novo filme de Murilo Salles, participa da mostra competitiva e também concorre ao Prêmio da FIPRESCI. A première mundial será no dia 29 de outubro, às 21h. Será a segunda vez que o cineasta participa do DOK Leipzig. Em 1978, ele estreou no festival com seu primeiro longa-metragem “Estas são as armas” e ganhou o Prêmio Silver Dove. O filme também tem sessões no festival hoje, quarta-feira, e amanhã, 28 de outubro. A estreia no Brasil está prevista para o segundo semestre de 2022.
Para realizar “Uma Baía”, documentário de formato observacional, praticamente sem diálogos, que mostra lugares e ângulos da Baía de Guanabara desconhecidos do público, Salles passou quatro anos descobrindo e filmando personagens que habitam no seu entorno e são diretamente afetados por ela. Ele acompanhou homens e mulheres em suas jornadas de sobrevivência – estivadores, catadores de caranguejo e mariscos, barbeiros, pedreiro, quilombolas. A partir de uma edição inicial de mais de sete horas, Salles mergulhou na essência poética de oito personagens e criou fábulas que resultaram no longa-metragem.
Em oito capítulos, o filme medita sobre os habitantes da Baía, a porta de entrada dos primeiros navegantes que chegaram ao Rio de Janeiro e um ecossistema vital para o estado. O longa acompanha as atividades repetitivas e fisicamente exaustivas de humanos e animais de fazenda e lança luz sobre a estreita ligação entre o espaço geográfico e a desigualdade social. “São investigações sobre o conflito entre vida e história, beleza e espanto no entorno da Baía de Guanabara. Fábulas que querem pulsar aquilo que dá sentido à jornada de cada um de seus personagens. Onde o olhar e a linguagem corporal das pessoas revelam mais do que estatísticas ou textos sociológicos sobre suas naturezas”, resume Salles.
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