Liga de Basquete Feminino e TV Cultura: a importância da emissora pública

Iza Andrade, do Sesi Araraquara, e Cacá, do Ituano Basquete, no jogo que abriu a temporada 2022 da LBF, em 8 de março. Crédito: Juca Ferreira/Ituano. Basquete.

O basquete feminino é uma das modalidades mais vitoriosas na história do esporte brasileiro. É, também, uma das mais praticadas em escolas e centros e clubes de iniciação esportiva. No entanto, pouco espaço tem no noticiário e nas transmissões promovidas pelos meios de comunicação de massa. Exceção à regra é a cobertura que vem sendo dada pela TV Cultura. Fato esse que reafirma a importância das emissoras públicas. Mais ainda: reafirma a importância do dispositivo constitucional, até hoje nunca regulamentado, que estabelece a complementaridade do sistema de radiodifusão aberta.

Em outras palavras: a Constituição determina que os canais de rádio e televisão devam ser distribuídos, de maneira equilibrada, entre emissoras privadas, estatais e públicas. Por que? Para que tenhamos pluralidade naquilo que circula nos meios de massa. Para que, aquilo que comercialmente não seja interessante para uma emissora particular, contudo seja de interesse público, possa ser acessado pelo conjunto da população. É o caso do basquete feminino.

A principal competição de clubes do país, a Liga de Basquete Feminino (LBF), não é exibida pelas emissoras privadas. Globo, Band, Record, SBT, RedeTV, Gazeta talvez prefiram vender anúncios a outros programas. Ora, mas, como dito, o basquete feminino faz parte da identidade brasileira. Portanto, precisa estar representado nos meios de massa. Entra, então, a TV Cultura.

A temporada de 2022 é a segunda consecutiva que a emissora pública de São Paulo, com sinal que alcança o território nacional, dedica horário em sua grade de programação para a transmissão, ao vivo, das partidas. As exibições ocorrem aos domingos, às 14h. Como foi na temporada 2021.

A TV Cultura iria transmitir também a LBF 2020, mas a competição foi cancelada em razão da pandemia de Covid-19. Em novembro último, apresentei no Congresso Mundial de Sociologia do Esporte, promovido pela Associação Latino-americana de Estudos Socioculturais do Desporto (Alesde), um trabalho em que foi abordado o papel da TV Cultura na concessão de espaço para a torneios de clubes que não os de futebol. Intitulado “TV Cultura, basquete e vôlei: a mídia de massa e o espaço ao esporte brasileiro”, o trabalho tem seu resumo publicado no “Book of Abstracts” (clique aqui e confira na página 66).

Constata-se que, ao dedicar espaço em sua grade de programação em horário nobre à transmissão das partidas, o canal amplia a visibilidade do esporte, e mobiliza atletas, torcedores, resgata ídolos do passado para atuar como comentaristas e movimenta o jornalismo esportivo“, afirma-se nas considerações finais. Ah, sobre os feitos das mulheres brasileiras no basquete feminino, citemos os mais emblemáticos:

– Bronze no Mundial de 1971
– Bronze nos Jogos Pan-americanos de Caracas, 1983
– Prata nos Jogos Pan-americanos de Indianápolis, 1987
– Ouro nos Jogos Pan-americanos de Havana, 1991
– Ouro no Mundial de Clubes (Leite Moça/Sorocaba) em 1991
– Bonze no Pré-olímpico de Vigo, em 1992
– Bicampeãs no Mundial de Clubes (Nossa Caixa Ponte Preta), em 1993 e 1994
– Ouro no Mundial de 1994
– Prata nas Olimpíadas de Atlanta, 1996
– Bronze nas Olimpíadas de Sidney, 2000
– Ouro nos Jogos Pan-americanos de Lima, 2019

O documentário “Mulheres à Cesta” volta às gerações pioneiras, que abriram caminho para tamanhas conquistas, confira o teaser abaixo.

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por Anders Noren

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