EUA e Grã-Bretanha mudam poder no Paquistão

Apoiadores do primeiro-ministro deposto Imran Khan participam de uma manifestação em Peshawar no domingo. Crédito: Muhammad Sajjad/AP/ABC News Australia.

O Parlamento paquistanês apresentou um voto de não confiança contra o primeiro-ministro Imran Khan. A razão para isso decorre de movimentos dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha, que têm usado seus agentes para derrubar o primeiro-ministro paquistanês, depois que ele começou a buscar uma política independente que vinha tentando construir relações com a Rússia. As tentativas de remover o primeiro-ministro do cargo começaram imediatamente após a visita de Imran Khan a Moscou e suas conversas com o presidente Vladimir Putin em fevereiro. Em uma entrevista recentemente publicada, Imran Khan disse que “Londres estava jogando contra ele” e que “uma carta com ameaças veio dos EUA”. “Afirmo claramente para o povo do Paquistão saber que a carta continha uma ameaça dos EUA contra mim”, – disse ele.

O primeiro-ministro paquistanês destacou a importância da construção do Gasoduto Paquistão Stream, que ele descreveu como um carro-chefe da cooperação econômica russo-paquistanesa. Após o encontro em Moscou, o líder paquistanês, conforme noticiado pela imprensa local, destacou que “a confiança e a amizade que caracterizam as relações entre os dois países contribuem para um maior desenvolvimento e ampliação da cooperação em diferentes áreas”. Assim o “Ocidente” desencadeou tentativas de derrubar o chefe do governo.

Em 8 de março, a oposição parlamentar lançou um processo de impeachment contra Imran Khan. Em 21 de março, o chefe do Estado-Maior do Exército paquistanês, general Bajwa, e o diretor-geral do ISI Nadeem Anjum exigiram que ele renunciasse. Mas a moção de impeachment não ocorreu no parlamento, que foi dissolvido. No entanto, a Suprema Corte do Paquistão declarou a dissolução do parlamento “inconstitucional”. À medida que a crise ganha força, as agências de segurança frustraram uma conspiração para assassinar Imran Khan. Comícios em massa em apoio a Imran Khan foram relatados na capital paquistanesa, descritos na imprensa como “atos de amplo apoio” nos quais “centenas de milhares de paquistaneses uniram forças em defesa do primeiro-ministro e de suas políticas”.

O Paquistão está vivendo uma tentativa de golpe político…

Em 9 de abril, a Assembleia Nacional deveria votar uma moção de desconfiança contra o primeiro-ministro. Tendo sido adiada quatro vezes, a votação acabou ocorrendo e o um voto foi aprovado. Como disse Imran Khan, após sua saída, o poder no país irá para “o governo importado”. Ou seja, aquele apoiado pelos Estados Unidos e Grã-Bretanha. Ele exortou o povo do Paquistão a participar de um protesto pacífico nacional em 10 de abril . “Vocês devem defender a independência. É sua responsabilidade”, – disse Khan.

A situação em Islamabad é tensa: a segurança foi reforçada, unidades do exército foram trazidas para patrulhar as ruas durante o dia, aeroportos foram colocados em alerta máximo, todos os funcionários públicos e parlamentares estão proibidos de deixar o país sem uma autorização especial. As medidas de segurança para proteger a Embaixada dos EUA também foram reforçadas. Relatórios dizem que a crise política no Paquistão pode causar confrontos internos preocupantes.

Fonte: Texto originalmente publicado em russo no site da International Affairs.
Link direto: https://en.interaffairs.ru/article/usa-and-britain-change-power-in-pakistan/

Tradução – Alessandra Scangarelli Brites – Intertelas

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por Anders Noren

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