
De 1 a 10 de julho de 2022, a Clarin Cia. de Dança estreia o espetáculo “Da cor de cobre”, que propõe uma viagem ao imaginário dos brincantes do bumba-meu-boi e sua relação do festejar com a religiosidade, nesta manifestação que é patrimônio imaterial cultural do estado do Maranhão. Uma cultura enraizada na vida de um povo que tem no bumba-meu-boi um grande expoente de cores, de ritmos, de expressões.
Nos dias 1, 2 e 3 de julho, sexta-feira e sábado às 21h, domingo às 19h, com entrada gratuita, o grupo apresenta “Da cor de cobre”, no Teatro Arthur Azevedo, na Mooca, São Paulo – SP. Nos dias 5 e 6 de Julho, terça e quarta-feira, às 19h, as apresentações acontecem no Centro de Referência da Dança (CRD), no Centro Histórico de São Paulo, SP. De 8 a 10 de julho, sexta-feira e sábado às 21h, domingo às 19h, o grupo apresenta-se no Teatro Paulo Eiró, em Santo Amaro, São Paulo – SP.
O espetáculo é uma releitura poética do auto do bumba-meu-boi, que apresenta histórias encantadas sobre alguns personagens existentes nesse folguedo, como Catirina que, ao ficar grávida, passa a ter o desejo de comer a língua do boi mais belo da fazenda. E Pai Francisco, seu marido, que é responsável por cuidar desse boi, por quem tem grande afeição. Uma forma de imaginar como começou o amor de Catirina e Pai Francisco, e também pensar sobre os desafios desta mulher grávida em comprimir seus desejos para honrar com a confiança que lhe foi dada.
O auto do bumba-meu-boi visto de lugar mágico, através de uma brecha entre o mundo real e o encantado, no qual os personagens podem transitar. Uma demonstração de fé num imaginário invisível, onde não se sabe o que é real e o que são visões. A montagem resulta da pesquisa da Clarin Cia. de Dança, que foi ao Maranhão para encontrar grupos de diferentes sotaques de São Luís. Com vivências, entrevistas e observando os olhares desses mantenedores da cultura para o mesmo causo, a companhia nutriu-se para criar “Da cor de cobre”, nome que se refere a um dos significados da palavra “caboclo” e a um dos personagens do bumba-meu-boi: o “caboclo de penas”. Uma alusão a esse ser místico.
Um curandeiro que despeja encantamentos e saberes por onde passa, dançando e curando, com sua roupa icônica, trazendo um significado ímpar à manifestação. A “cor de cobre” também remete ao olhar dos brincantes – o povo maranhense – para o entardecer que dá início à festa, para a terra avermelhada que levanta a poeira com os passos feitos pelos baiantes, a fogueira, essencial para afinar os couros dos pandeirões cadenciando o passo e, enfim, o brincar de toda essa gente.
Sobre a Clarin Cia. de Dança
A Clarin Cia. de Dança caracteriza-se pelo trabalho de investigação corporal no universo da dança popular, num viés contemporâneo, buscando uma reflexão do povo para o povo. A pesquisa que foi iniciada com a movimentação dos orixás das religiões de matriz africana, passou pela liberdade do “amor” um tema universal e popular, pela contemporaneidade do Passinho e o ritmo do funk, e pela espiritualidade e ritualística envolvida na manifestação popular do Bumba-Meu-Boi maranhense.
Neste projeto, a Cia. volta sua pesquisa para a cultura popular tradicional, especificamente a festa do Bumba-meu-boi do Maranhão, numa investigação diretamente ligada aos pontos que compõem a manifestação: sua história, movimento, figurinos e músicas. A companhia tem à frente o diretor, bailarino e coreógrafo Kelson Barros, nascido no interior do Maranhão e criado em São Luís. Alguém que cresceu inserido na cultura popular, observando pessoas de diferentes trajetórias, idades, corpos e limitações, fazerem parte da festa, ingressando em um grande balé popular.
“Pretendemos com esse projeto lançar um olhar reflexivo sobre uma manifestação tão rica, antiga e complexa, que merece ser valorizada e preservada”, comenta Kelson Barros. As ações fazem parte do projeto “Da cor de cobre”, da Clarín Cia. de Dança, contemplado na 30° Edição do Fomento à Dança para a Cidade de São Paulo – Secretaria Municipal de Cultura.
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