A crescente “desdolarização” na Ásia – causa crucial para os EUA manterem a Europa no campo do dólar

Crédito: reprodução da International Affairs.

A guerra na Ucrânia acabará no fim das contas, mas os EUA conseguiram o que queriam por enquanto – a Europa está em grande parte sofrendo cortes da energia russa. Ao mesmo tempo, o dólar dos EUA como moeda de reserva global atingiu sua data de vencimento, – escreve o “Asia Times”. Os últimos quatro presidentes dos EUA – Bush II, Obama, Trump e Biden – tinham pouco em comum, mas estavam unidos em suas tentativas de bloquear o Nord Stream 2, o gasoduto construído no Mar Báltico para transportar gás russo para a Alemanha. No mês passado, explosões deixaram o Nord Stream 2 fora de serviço. Foi um ataque terrorista a nível de Estado que pareceu não ter envolvimento europeu.

Os combustíveis fósseis são a commodity fundamental do mundo. O comércio de energia representa cerca de 8% do comércio global, mas é indispensável para 90% da produção econômica global. Mesmo a revolução da tecnologia verde em desenvolvimento é impossível sem ela. O petróleo é cotado e negociado em dólares estadunidenses. Se uma empresa espanhola compra petróleo da Arábia Saudita, o pagamento em dólares passa por um banco em Nova Iorque. O mesmo aplica-se à maioria das outras commodities. Se o Japão comprar trigo australiano, os bancos de Nova Iorque processarão com o pagamento denominado em dólar.

Este tornou-se a moeda de reserva de fato do mundo em 1944. O Acordo de Bretton Woods fez do dólar lastreado em ouro a âncora do sistema monetário global. Nos últimos 500 anos, o Ocidente teve seis moedas de reserva, as de Portugal (1450-1530), Espanha (1530-1640), Holanda (1640-1720), França (1720-1815), Grã-Bretanha (1815-1815-1720). 1920), e os Estados Unidos (1944 até o presente).

A história sugere que o dólar está com tempos contados

China, Tailândia e vários outros países estão testando um novo sistema de pagamento transfronteiriço baseado na tecnologia desenvolvida para o yuan digital. A Rússia e a China concordaram em usar o yuan e o rublo para o comércio de energia russa e tecnologia chinesa. O mais preocupante para os EUA é a Arábia Saudita, o membro mais influente da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP). Os sauditas estão conversando com a China sobre a venda de petróleo em yuan.

A Rússia não apenas possui enormes recursos energéticos, mas sua imponente geografia permite que ela sirva como um elo fundamental entre a China, a Índia e a Europa. Uma região econômica da Eurásia de 93 países e 5,3 bilhões de pessoas, negociando entre si, não precisaria depender do dólar. A crescente “desdolarização” na Ásia explica por que é crucial que os EUA mantenham a Europa no campo do dólar. É necessário evitar o crescimento dos laços econômicos entre a Europa e a Ásia, o que explica as tentativas dos últimos quatro presidentes dos EUA de torpedear o Nord Stream 2.

Fonte: Texto originalmente publicado em inglês no site da International Affairs.
Link direto: https://en.interaffairs.ru/article/the-growing-de-dollarization-in-asia-crucial-cause-for-us-to-keep-europe-in-the-dollar-camp/

Tradução – Alessandra Scangarelli Brites – Intertelas

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por Anders Noren

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