
Muitos sentimentos, muitos fios da história se uniram quando, depois das três horas da tarde de terça-feira, 22 de novembro, no bairro Sokol, um monumento ao Comandante-em-chefe, Fidel Castro Ruz, foi revelado em uma cerimônia na qual os dignitários Miguel Díaz-Canel Bermúdez e Vladimir Putin reuniram-se e compartilharam suas ideias.
No meio de um inverno com temperaturas de quase dez graus abaixo de zero, estes repórteres comentaram que a civilização russa é muito grande por ter aumentado toda sua força e majestade apesar de um clima tão difícil. E a outra reflexão tinha a ver com a magia trabalhada por Fidel, a magia que ainda se sente em muitas partes do mundo, de semear sementes robustas de amizade.
O simbolismo diante da imagem de um Comandante-em-chefe olhando na frente e envergando seu uniforme de combate era esmagador. A isto se juntou o detalhe de quatro jovens russos, requintadamente uniformizados, que gentilmente e silenciosamente colocaram duas oferendas florais, feitas de rosas muito vermelhas, na base do monumento.

Em pé em seus respectivos microfones, estavam os dois líderes. Era inevitável pensar nos belos sentimentos que unem as duas nações — tão distantes na geografia, mas tão apegadas uma à outra. Tivemos que considerar, necessariamente, como ambas as nações estão sendo punidas por uma força adversa comum, e como ambas assumem a mesma atitude: manter a cabeça erguida e firme, como uma palmeira saudável sob o sol, ou como um pinheiro que resiste ao inverno mais rigoroso.
“Estamos aqui reunidos na praça com o nome de Fidel Castro“, disse Vladimir Putin, “para inaugurar um monumento a esta notável personalidade pública e política, o fundador do Estado cubano moderno“. Foi comovente ouvir do estadista que “Fidel Castro dedicou toda sua vida à luta pelo triunfo das ideias de bem, paz, justiça, liberdade para os povos oprimidos, por uma vida digna para as pessoas comuns, pela igualdade social”. Disse que “ele (o Comandante-em-chefe) é justamente considerado um dos líderes mais brilhantes e carismáticos do século 20″; e o definiu como uma personalidade lendária, como o símbolo de toda uma época.
Vladimir Putin mostrou sua admiração inequívoca pelo líder histórico da Revolução Cubana: usou belas palavras, tais como romantismo, resolução, coragem. Até lembrou “uma famosa música soviética: Cuba, meu amor, para enfatizar o afeto que a Ilha inspira no país eurasiático. Passou a dar definições magníficas, como aquela segundo a qual Fidel possuía uma energia poderosa e uma vontade que ‘atraía e continua atraindo como um ímã‘”.
O presidente da Federação Russa disse aos cidadãos de sua nação, e aos cubanos presentes no evento, que teve a sorte de se encontrar repetidamente com Fidel, para manter longas conversas com o excepcional lutador — a última em julho de 2014. Desta proximidade, disse, ficou “impressionado com seu conhecimento enciclopédico, sua profunda visão de mundo dos acontecimentos, sua mente aguçada e avaliações precisas, e sua profunda amizade com a nação eurasiática”, que visitou pela primeira vez em 1963, e à qual foi “a qualquer hora: no verão, no inverno, com ou sem neve”.
O líder russo afirmou que “a amizade russo-cubana legada por Fidel Castro é a riqueza comum de nossos povos”. E enfatizou: “Juntos continuaremos fortalecendo nossa aliança, defendendo os valores de liberdade, igualdade e justiça“. Ele foi seguido pelo primeiro-secretário do Comitê Central do Partido Comunista e presidente da República de Cuba, Miguel Díaz-Canel Bermúdez, que se referiu à honra de “participar da inauguração do monumento ao líder histórico da Revolução Cubana, Comandante-em-chefe Fidel Castro Ruz“.

A figura de Fidel, sublinhou o presidente cubano, “está intimamente ligada à amizade que há mais de 60 anos vem sendo forjada entre nossos dois povos e nossos governos“. Foi então que o chefe de Estado, através de vários exemplos, aludiu à grandeza do povo russo. E desenvolveu essa ideia ao descrever a admiração que o Comandante-em-chefe sentia por aquela nação que sabia como transportar seres humanos para o cosmos, que demonstrava imensa capacidade de sacrifício quando confrontada com forças fascistas.
“Estimados amigos, camaradas, gostaria de recordar com profunda gratidão“, disse o presidente, “as belas palavras escritas pelo presidente Vladimir Putin em nome do povo russo sobre a morte de Fidel seis anos atrás. E esse foi o momento de trazer à tona o que Putin disse naquelas horas tristes: ‘Fidel Castro era um amigo sincero em quem a Rússia podia confiar, e deu uma enorme contribuição para a formação e desenvolvimento das relações russo-cubanas, para uma estreita cooperação estratégica em todos os campos”.
“Os laços entre a Rússia e Cuba são indestrutíveis. Fidel lançou as bases, Raúl as desenvolveu, e nós as continuaremos“, disse o líder do país caribenho; e nestas palavras havia a força de uma fraternidade muito antiga, de uma harmonia que já é irreversível. “A Rússia sabe que pode continuar contando com Cuba”, disse Díaz-Canel, e certos sentimentos, como a fraternidade, foram sentidos mais intensamente do que o frio em Moscou. Tudo se tornou tremendo quando, em uma terra tão distante de Cuba, mas tão querida para Cuba, o hino do 26 de Julho foi ouvido.
A história emergiu com sua deslumbrante transcendência: Fidel havia sido o arquiteto da proximidade entre duas nações, e o fez de tal forma que o afeto e o respeito recíprocos não se desvaneceram, como se essas longas conversas ainda estivessem acontecendo, seja em uma noite de neve ou em uma manhã de sol ardente.
Fonte: Texto publicado originalmente pelo Granma.
Link direto: https://pt.granma.cu/mundo/2022-11-23/a-magia-de-uma-amizade-irreversivel
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