
Desafiando convenções e estereótipos de gênero, o primeiro clube de boxe feminino abriu recentemente em Gaza. O clube, que atende pelo nome de Centro Palestino de Boxe para Mulheres, atualmente, tem dezenas de mulheres com idades entre oito e 29 anos que recebem 1,5 horas de treinamento todos os dias.
“Abrimos o clube recentemente, mas a ideia de praticar o esporte começou há alguns anos“, disse à Xinhua Osama Ayoub, co-fundador do clube e treinador de boxe, enquanto supervisionava o treinamento de suas alunas no ringue de boxe. “Tive a ideia de criar uma equipe feminina de boxe há seis anos, quando participei de uma competição na Argélia, onde vi o desempenho fantástico de mulheres árabes de várias idades”, lembrou.
No entanto, quando Ayoub contou a seus amigos e colegas sobre a ideia, nenhum deles achou viável, pois vivem em uma comunidade onde as pessoas têm ideias muito conservadoras sobre as mulheres. O técnico de 39 anos não desistiu e começou a treinar uma turma de meninas em 2017. Na época, suas turmas tinham apenas cinco meninas.

No entanto, muitas pessoas mudaram suas ideias sobre o boxe feminino depois de perceberem as mudanças positivas no estado psicológico das atletas, observou Ayoub. “As tradições de nossa comunidade forçam as mulheres a se afastarem de muitos tipos de esportes sob o pretexto de que são apenas para os homens“, lamentou o treinador. “Agora plantei a primeira semente do boxe para mulheres em Gaza“, disse ele, com um sorriso.
Hala Ayoub, boxeadora de Gaza, é uma das alunas do técnico que ingressou no esporte há cinco anos e tornou-se membro da Seleção Nacional Palestina. “Estou muito feliz porque posso representar meu país (Palestina) em qualquer competição árabe ou internacional de boxe“, disse a jovem de 17 anos à Xinhua. Para ela, o esporte ajudou a transformá-la de uma garota fraca e com medo de tudo em uma garota forte e com mais autoconfiança.
“Este esporte não é, como muitos pensam, um jogo feroz e violento. Ele nos ajuda a nos defender e aumentar a autoconfiança, além de ser uma forma de nos livrarmos da energia negativa que muitas pessoas sofrem“, disse ela. Jodi al-Nimer, outra garota de Gaza, ingressou no boxe há três meses na esperança de livrar-se de seus medos internos de estranhos, até mesmo de seus colegas de classe.
“Eu vim aqui para saber como posso lutar contra aqueles que me prejudicariam em algum lugar, (porque) o tempo todo, sinto que estou sob ameaças, principalmente de estranhos“, disse a menina de 10 anos à Xinhua. Ela disse que muitos de seus amigos descreveram o boxe como “um esporte vergonhoso para meninas“, acrescentando que ela iria provar a eles que esses estereótipos estão errados.
Ainda assim, os moradores do enclave costeiro palestino estão divididos sobre se o esporte é adequado para mulheres. “Estamos caminhando para o ano de 2023, então é normal que meninas e mulheres pratiquem qualquer tipo de esporte“, disse à Xinhua Mohammed al-Jaro, um homem de 30 anos em Gaza. Mas Ibrahim Hassan, um homem de 25 anos em Gaza, adota uma posição diferente. “Não consigo me imaginar casado com uma mulher que pratica boxe. Se eu pedir a ela para preparar uma xícara de chá e ela não gostar, ela pode me ‘boxear’“, disse o jovem rindo.
Fontes: Copyright Xinhua. Proibida a reprodução.
Links diretos: https://english.news.cn/20221225/1ad9678cd45344ab9b92916f13ef3c74/c.html
Tradução – Alessandra Scangarelli Brites – Intertelas
Deixe seu comentário