
A China e a Grécia antiga estão entre os berços mais importantes do mundo para as civilizações humanas. Mais de 2.000 anos atrás, as duas antigas civilizações ainda mantinham algumas trocas indiretas, apesar de estarem separadas pela vasta massa de terra da Eurásia. O antigo povo grego tinha até um nome para os chineses da época: Seres, que significa o povo da seda. No mundo atual de interdependência, é de grande importância histórica e contemporânea para a China e a Grécia promover intercâmbios e aprendizado mútuo entre as duas civilizações e também impulsionar o desenvolvimento de civilizações em outros países.
Em fevereiro, o Centro das Antigas Civilizações Gregas e Chinesas foi oficialmente inaugurado na Universidade Nacional e Kapodistriana de Atenas (NKUA). Em parceria com o Centro de Civilizações Antigas Chinesas e Gregas da Southwest University na China, o recém-inaugurado instituto visa promover intercâmbios bilaterais de estudiosos e estudantes para avançar no estudo das duas civilizações. Uma exploração mais profunda das civilizações grega e chinesa, duas das mais antigas, beneficiará o mundo inteiro, disseram professores de universidades gregas envolvidos na fundação do novo centro.
“Acreditamos que neste mundo fragmentado, onde os valores estão em crise, seria muito benéfico para todos nós, não apenas para a China e a Grécia, mas para o mundo inteiro, olhar para o legado desses dois grandes culturas e olhá-las de forma comparativa“, disse Stelios Virvidakis, presidente do Comitê Diretor do Centro de Civilizações Antigas Gregas e Chinesas.

Uma Iniciativa Conjunta
Em 2019, durante sua visita de Estado à Grécia, o presidente chinês Xi Jinping e o então presidente da Grécia Prokopis Pavlopoulos visitaram o Museu da Acrópole em Atenas. Xi disse que o passeio deixou uma impressão bonita e memorável e aprofundou sua compreensão da antiga civilização grega. Ele disse que sentiu o impacto da história e percebeu ainda que a China e a Grécia, como duas civilizações antigas, têm muito em comum.
Durante a visita de Xi, os dois líderes defenderam conjuntamente o intercâmbio e o aprendizado mútuo entre as civilizações. Após a visita, os dois lados começaram a construir centros dedicados ao que os dois líderes propuseram. O aprofundamento da cooperação entre a Grécia e a China por meio deste novo local abre um novo mundo, uma nova era, disse Apostolis Dimitropoulos, ex-secretário geral de educação superior do Ministério da Educação e Assuntos Religiosos da Grécia.
Relembrando sua visita em 2019 à cidade de Qufu, na província de Shandong, na China, local de nascimento de Confúcio, Dimitropoulos disse ter percebido na época que era de grande importância partir de um estudo comparativo das filosofias dos dois países ao explorar os duas antigas civilizações. “O confucionismo tem grande influência na civilização oriental, enquanto a Grécia antiga salvou a civilização ocidental. Ao estudar os fundamentos dos dois em uma perspectiva comparativa, acho que poderíamos entender mais os fundamentos do globo“, disse Dimitropoulos à Xinhua. A iniciativa de construir os centros de pesquisa reúne oito universidades da Grécia e da China e teve o apoio caloroso do presidente chinês.

Xi respondeu recentemente a uma carta de Virvidakis e quatro outros estudiosos gregos, estendendo as felicitações pela fundação do Centro das Antigas Civilizações Gregas e Chinesas. “Estou muito feliz, honrado e comovido pelo fato de o presidente chinês ter respondido à nossa carta e se comprometido a apoiar e sustentar nossos esforços conjuntos dos dois centros, o centro na Grécia e o centro na China“, disse Virvidakis, também professor emérito de filosofia da NKUA.
Como um espelho de um para o outro
Nikos Kazantzakis, um gigante da literatura grega moderna que visitou a China duas vezes, comentou que “Confúcio e Sócrates eram duas máscaras que cobriam a mesma face da lógica humana“. Para Virvidakis, cada civilização é como um espelho para a outra. “Os gregos sentem que os chineses são amigos, e a China é outro eu da Grécia“, disse Virvidakis, referindo-se a uma citação do antigo filósofo grego Aristóteles, que disse que um amigo é outro eu.
“Meus colegas e eu acreditamos que os chineses são verdadeiros amigos que podem compartilhar nossas preocupações, nossos sonhos, esperanças e visão para o futuro. Acredito que eles são como um espelho que nos faz entender melhor a nós mesmos aqui na Grécia e no Ocidente, na medida em que todo o Ocidente foi influenciado pelo pensamento grego“, explicou. “A partir de agora a parceria entre a China e a Grécia terá um caráter muito diferente“, disse Pavlos Kontos, professor de filosofia da Universidade de Patras. Ele acrescentou que a Universidade de Patras, na Grécia, e a Universidade do Sudoeste, na China, lançarão em conjunto um programa de mestrado que começará em setembro. “É sobre as civilizações chinesa e grega e é o primeiro no mundo que apresenta uma abordagem comparativa dessas duas civilizações“, disse Kontos.

Uma comunidade com um futuro compartilhado
Em sua carta aos estudiosos gregos, Xi disse que, a fim de promover o desenvolvimento da sociedade humana e construir conjuntamente uma comunidade com um futuro compartilhado para a humanidade, devemos entender profundamente e compreender as origens milenares e o rico conteúdo de diferentes civilizações e deixar com que a essência de todas elas beneficiem a geração atual e toda a humanidade.
“O mundo de hoje está passando por profundas mudanças não vistas em um século“, disse Xi, acrescentando que, para resolver as contradições e problemas pendentes que a humanidade enfrenta, é necessário contar com meios materiais para superar as dificuldades e contar com a força do espírito para retificar a mente através do pensar com sinceridade. “Achamos que é um conselho muito bom e correto. Porque acreditamos no poder do espírito e na importância dos valores… A ideia é que as pessoas, os cientistas e os administradores e políticos que trabalham em soluções, possam ser inspirados nos ensinamentos de grandes pensadores“, disse Virvidakis.
“Em nossas civilizações, tanto na civilização chinesa quanto na grega, temos conceitos que nos fornecem diretrizes para uma cooperação mais harmoniosa em nosso mundo“, disse o ex-primeiro-ministro grego George Papandreou à Xinhua em uma entrevista recente em Atenas. “Acreditamos que se pessoas de diferentes culturas se unirem e trocarem ideias, isso beneficiará o mundo inteiro. Se duas grandes culturas, como a chinesa e a grega, se reunirem e trocarem ideias, então a esperança é que pessoas de outras tradições possam aderir“, disse Virvidakis. “China e Grécia mostraram o caminho para essa convergência de pessoas e desenvolvimento de novas soluções”, acrescentou.
Fontes: Copyright Xinhua. Proibida a reprodução.
Links diretos: https://english.news.cn/20230228/57f62491cb6a4242aa45fbddd117ed2f/c.html
Tradução – Alessandra Scangarelli Brites – Intertelas
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