Acordos da EBC com a China vão diversificar narrativas no Brasil sobre a Ásia

Crédito: Beto Barata/PR/EBC

Entre os acordos firmados por Brasil e China na recente visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva àquele pais, dois devem fortalecer a comunicação pública brasileira. Mais que isso: possibilitar que, aqui, tenhamos narrativas mais plurais sobre a Ásia, do que aquelas a que temos acesso pela mídia comercial. São dois acordos, envolvendo a Empresa Brasil de Comunicação (EBC) e organizações chinesas. Um, com a China Media Group (CMG). Outro, com a Agência de Notícias Xinhua.

A CMG é um grupo de imprensa estatal, com 47 canais de televisão alcançando 162 países (conteúdos em seis idiomas), 17 emissoras de rádio, três sites de notícia e 20 jornais e revistas de circulação nacional. Por sua vez, a Xinhua é uma agência de notícias oficial do governo chinês, com material jornalístico em pelo menos nove idiomas, e abrangendo diversas editorias.

Segundo o governo brasileiro, os acordos preveem intercâmbio de conteúdos e profissionais, parcerias em casos de coberturas internacionais e cursos de aperfeiçoamento. Com tudo isso, a expectativa não pode ser outra se não a por recebermos no Brasil mais conteúdo, e diversificado, sobre a China e o continente asiático. O que nos chega, via emissoras de televisão, sites e jornais comerciais, além de muito pontuais, são materiais quase sempre advindos de correspondentes situados nos Estados Unidos e União Europeia, quando não de agências internacionais baseadas nesses dois polos.

Ou seja, os fatos nos são narrados sob o ponto de vista das potências econômicas, políticas e bélicas do Ocidente. Os discursos reducionistas, clichês e sensos comuns a reforçar estereótipos são os predominantes. Não há espaço para o contraditório. Essa lacuna tem tudo para ser preenchida pela EBC e seus veículos – Agência Brasil, TV Brasil, Rádio Nacional.

Trata-se de acordo de mão dupla. Portanto, não só conteúdos chegarão aqui, como o que fazemos será veiculado lá do outro lado do planeta, também sob outra perspectiva distinta daquela da mídia hegemônica. Não será de se estranhar se, em breve, pipocarem editoriais e análises nos jornalões tentado desqualificar as parcerias e as organizações envolvidas. Ao contrário, será sinal de que estamos no caminho certo.

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por Anders Noren

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