Hora do Povo: Multidão ocupa aeroporto de Israel contra ataque de Netanyahu ao Judiciário

Diversos setores da sociedade marcharam de forma organizada no aeroporto Ben Gurion. “Médicas Guerreiam pela Vida da Democracia”, diz uma das faixas. Crédito: Moti Milrod/ Haaretz.

Dezenas de milhares de israelenses ocuparam o aeroporto internacional Ben Gurion nesta terça-feira, em um dos mais intensos dias de manifestações contra a tentativa do governo Netanyahu/Gvir de extirpar o poder do Judiciário, naquilo que os manifestantes entendem como golpe ditatorial através da maioria conjuntural no parlamento, o Knesset. Kaplan, uma das principais avenidas de Tel Aviv foi bloqueada. Em Jerusalém, “jovens, militares da Reserva, famílias inteiras não paravam de chegar”, afirma o jornal israelense Haaretz, “surpreendendo os organizadores do protesto”, na marcha da casa oficial de Netanyahu, passando pelas alamedas Hazaz e Ben-Zvi, atravessando o túnel Rabin, até a frente do parlamento.

Na marcha um grupo tocava tambores enquanto se ouviam palavra de ordens contra o golpe em curso sob comando da coalizão fascista que une Netanyahu, Gvir e Smotrich, este último um dos comandantes do assalto a terras palestinas. Com as manifestações de agora, já somam 27 semanas de concentrações por todo o país contra o ataque governamental, que fizeram com que o projeto dos chefes da coalizão de passar a legislação de extinção – na prática – da Corte Suprema demorasse mais a passar, mesmo no parlamento onde agora detêm maioria – do que eles esperavam.

Nesta terça, os atos tomaram essa magnitude devido à passagem, em primeira leitura, do projeto-lei que extingue uma outra lei regida pelo Princípio da Razoabilidade. Trata-se de uma lei da maior importância em um país que – desde seus fundamentos – vive em guerra e regime de exceção e que determina que qualquer cidadão, partido ou entidade pode recorrer à Corte Suprema diante de uma lei ou conjunto de leis que não se configurem “razoáveis”. Em suma, uma lei que integra o conjunto do golpe da atual coalizão de acabar com o Poder Judicial.

O comportamento do governo israelense atual é tão absurdo que o chefe da polícia de Tel Aviv, Ami Eshed anunciou que havia sido deposto (na quarta-feira da semana passada) por se recusar a comandar assalto violento contra os manifestantes de sua cidade como queria o atual ministro da Segurança Nacional, Ben-Gvir. Aliás, uma das características dos protestos é a sua não violência, nem contra policiais, nem contra prédios, carros ou propriedades, o que esvaziou um dos argumentos de Netanyahu de que os manifestantes seriam “um bando de anarquistas”.

Tanto assim que o atual comissário de Polícia, Kobi Shabtai, enfureceu os ministros de Netanyahu ao dizer a eles que não houve violência nas manifestações e que ao longo destas semanas “nenhum policial foi levado a hospital para tratamento por ferimentos”. Um dos porta-vozes de Netanyahu postou nas redes uma foto de um cavalo da polícia sangrando para contestar o comissário, mas logo se soube que a foto era de 10 anos atrás.

Generais declaram apoiar atos contra imposição de ditadura

Em carta aberta lançada na quarta-feira, 5 de julho, generais e brigadeiros afirmam apoiar “incondionalmente” os reservistas que se negam a atender a convocações de suas bases enquanto permanecer o ataque ao Judiciário.  “Apoiamos incondicionalmente todas as formas de protesto, inclusive a imediata suspensão de serviço por parte de militares da reserva, reconhecendo plenamente as repercussões do seu cessar de atividade de combate”, diz a carta firmada, entre outros, pelo ex-chefe da Força Aérea, Dan Halutz e os generais da reserva Avihu Ben Nun, Gil Regev, Dan Tolkowsky, Nimrod Sheffer e Amos Yadlin.

Exigimos do governo que pare esse processo, essa rota que se abre diretamente a uma ditadura”, segue a carta. Nesta terça-feira 350 reservistas se encontraram para debater os próximos passos para participarem do protesto contra o ataque governamental em curso.

Fonte: Texto originalmente publicado no site do Jornal Hora do Povo.
Link direto: https://horadopovo.com.br/multidao-ocupa-aeroporto-de-israel-contra-ataque-de-netanyahu-ao-judiciario/#google_vignette

Nathaniel Braia
Jornalista do Hora do Povo

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por Anders Noren

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