Hora do Povo: Coalizão supremacista Netanyahu/Gvir ameaça usurpar mesquita palestina de Jerusalém

O ministro de extrema-direita israelense, Itamar Ben-Gvir, invade o complexo da Mesquita de Al-Aqsa. Crédito: WAFA.

O ministro da Segurança de Israel, o supremacista Ben Gvir, perpetrou mais uma invasão, a terceira desde que assumiu o cargo, à Esplanada das Mesquitas, para os palestinos Mesquita Al Aqsa, uma composição localizada em Jerusalém onde estão localizadas duas mesquitas, a do Domo da Rocha (de cúpula dourada) e a mesquita Al Qibli (de cúpula prateada). A invasão ocorreu no dia 27 de julho e foi acompanhada por um bando de colonos fanáticos judeus que habitam em terras assaltadas aos palestinos e dezenas de policiais. Durante a provocativa incursão, os fiéis muçulmanos foram proibidos de entrar nas mesquitas para rezar. Durante a incursão, os fanáticos realizaram rezas judaicas ao lado do sítio religioso islâmico.

Logo depois da provocação, o deputado da mesma coalizão que governa Israel, Amit Halevi, apresentou projeto-lei que divide a Esplanada das Mesquitas de tal forma que 70% de sua superfície ficaria com o regime de Israel – incluindo a mesquita de cúpula dourada – e somente 30%, com a mesquita de cúpula prateada, manteria o status atual que rege toda a Esplanada, ou seja, sob custódia jordaniana e dirigida por um conselho religioso do país árabe.

Amit valeu-se de seu cinismo para justificar a proposta de legalização de mais essa usurpação: “O fato deles rezarem ali não faz de toda a Montanha do Templo (como ao local se referem os judeus ortodoxos pois acreditam que ali, há milhares de anos ficavam o primeiro e o segundo templo de reinos hebreus) um local sagrado para os muçulmanos, nunca foi, nem nunca será”.

Essas provocações religiosas ocorrem ao tempo em que ataques das mais variadas formas acontecem diariamente contra os palestinos residentes na Cisjordânia, além das dezenas de postos policiais-militares de controle a impedir a livre circulação dos palestinos em sua própria terra. Agora, o povo é submetido a ataques a suas cidades e aldeias por vândalos judeus que erigiram residências em terras assaltadas aos palestinos, incendeiam seus campos de plantação, em especial olivais milenares, tapam com cimento poços artesianos e destroem casas e instalações agrícolas.

O Comitê Palestino de Assuntos Religiosos alertou que este plano do deputado Amit “arrastará a região em direção a uma guerra religiosa”. As provocações devem “ser sustadas e confrontadas”, afirma o departamento. As visitas provocativas tornam-se cada dia mais frequentes e com a participação de maior número de fanáticos. Se em 2009 foram 5.658 colonos judeus, em 2019 o número de visitantes indesejados chegou a 30.000.

O primeiro-ministro palestino, Mohammad Shtayyeh, alertou o regime de Israel de que a divisão de Al Aqsa levará a “ira incontível de resultados imprevisíveis”, dada a sacralidade do local para os palestinos em particular e para os árabes em geral. O líder religioso islâmico, mufti de Jerusalém, disse que a medida, se adotada, levará “uma guerra religiosa de dimensões planetárias”.

As incursões comandadas pelo fascista Gvir, da última vez acompanhado do ministro do desenvolvimento Yitzhak Wasserlauf, foram prontamente condenadas pelos governos da Arábia Saudita e da Jordânia. Para o governo da Jordânia, as incursões “são violações flagrantes de todas as normas internacionais e tratados e vão mexer com os sentimentos dos muçulmanos em todo o mundo. As forças da ocupação são direta e completamente responsáveis pelas consequências de tais atos”, declarou ainda o governo jordaniano, ao tempo em que chamou a comunidade internacional a assumir seus deveres e a atuarem contra a escalada provocativa de Israel fazendo todo o esforço possível pelo fim do “conflito”.

Este movimento executado por um ministro de Israel”, prossegue o posicionamento jordaniano, “em invadir a sagrada Mesquita Al Aqsa e em violar sua santidade e ritualística por extremistas judeus é um ato de provocação e viola a lei internacional”. A Liga Árabe e o governo do Egito também se somaram à condenação do gesto provocativo de Gvir.

O secretariado geral da Liga Árabe lançou um alerta desde a representação da ONU em Genebra, afirmando que as repetidas incursões são “provocações aos muçulmanos em todo o mundo e uma violação das leis internacionais e agridem as possibilidades de paz na região”. A Liga Árabe solicitou que todos os Estados e instituições internacionais intervenham de imediato para parar a agressão e dar proteção ao povo palestino e responsabilizar Israel e seus dirigente por estes crimes.

Israel não pode ser tratado como um Estado acima da lei o que encoraja este regime a cometer mais crimes”, disse. O ministério egípcio do Exterior conclamou Israel a parar imediatamente parar com suas ações provocativas que apenas levam a inflamação dos sentimentos e a um crescente estado de tensão nos territórios palestinos sob ocupação, colocando em risco a estabilidade da região.

Fonte: Texto originalmente publicado no site do Jornal Hora do Povo.
Link direto: https://horadopovo.com.br/coalizao-supremacista-netanyahu-gvir-ameaca-usurpar-mesquita-palestina-de-jerusalem/

Nathaniel Braia
Jornalista do Hora do Povo

Deixe seu comentário

por Anders Noren

Acima ↑

%d blogueiros gostam disto: