Cine Brasília conserva o Brasil do modernismo conectando-se ao contemporâneo

Entrada do Cine Brasília na primeira quinzena de novembro. Crédito: Wagner de Alcântara Aragão.

Em 22 de abril de 1960, um dia depois da inauguração de Brasília, foi entregue na capital federal também um espaço que logo se colocou como uma das mais importantes salas de exibição e difusão do audiovisual no Brasil, o Cine Brasília. Passadas mais de seis décadas, e o lugar conserva os ares do modernismo da época, sem deixar de estar conectado às demandas contemporâneas.

As marcas daqueles tempos de cinelândias pelas cidades brasileiras estão no letreiro, à entrada, anunciando os filmes em cartaz. Estão também na sala de projeção – gigante para os padrões atuais (são mais de 600 assentos), contudo do tamanho dos cinemas de então. As poltronas do saguão de espera são de desenho e revestimento típicos dos móveis de mais de meio século atrás.

Chegar, entrar e usufruir o recinto é um visitar ao Brasil daquela cidade símbolo do desenvolvimentismo de Juscelino Kubitschek, emergida das plantas de Lúcio Costa e das pranchetas de Oscar Niemeyer. Mas frequentar o Cine Brasília é, igualmente, estar no Brasil deste 2023 de reconstrução. De reconstrução do audiovisual nacional, inclusive.

Estivemos no espaço na primeira quinzena de novembro. Na programação, dois recentes lançamentos do cinema brasileiro – “Meu nome é Gal” e “Tia Verônica” – e um estrangeiro, “Os delinquentes”. Acompanhamos “Tia Verônica” (imperdível!; outra hora escreveremos sobre), e, grata surpresa, a sessão começou com a exibição de um curta-metragem, também brasileiro: “Você”, obra com forte roteiro e atuação intensa do elenco.

A casa não estava cheia – até porque, como dissemos, o Cine Brasília é dum tamanho difícil de lotar hoje em dia. O número de espectadores não era, porém, nem abaixo nem acima do que costumamos ver em salas do circuito alternativo. Tinha gente das mais variadas faixas etárias, pessoas reunidas em amigos, em família, gente sozinha também.

E, fundamental: o Cine Brasília se mostra conectado à realidade (embora nos leve a viajar pelo tempo e espaço), ao cobrar ingresso acessível, se comparado ao das salas comerciais: R$ 10 a meia-entrada, R$ 20 a inteira. Importante também: há transporte público na porta, como estação de metrô (106 Sul) e diversas linhas de ônibus. O Cine Brasília é um cinema público (sob responsabilidade do governo distrital), com curadoria e gestão de uma organização da sociedade civil, desde o ano passado (Box Cultural).

Se você mora no Distrito Federal, aproveite ao máximo esse espaço. Se você não vive por lá, considere visitar a nossa capital e, no roteiro de passeios, vale demais incluir o Cine Brasília. Para saber mais da história e acompanhar a programação do lugar, acesse: https://cinebrasilia.com/.

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por Anders Noren

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