“Bacurau” tem coprodução com a França

Set de filmagem em Parelhas, no Rio Grande do Norte. Crédito: Victor Juca

O diretor Kleber Mendonça Filho está terminando de rodar o seu mais novo longa-metragem, intitulado “Bacurau”. O filme é codirigido e corroteirizado por Juliano Dornelles, que além de realizador também é diretor de arte. A nova produção tem participação da França, por meio da empresa SBS Productions, de Saïd Ben Saïd, produtor que já havia colaborado na obra anterior de Kleber.

Lançado em 2016, “Aquarius”, entretanto, não chegou a ser chancelado como uma coprodução oficial francesa pelo CNC, que é a autoridade cinematográfica da França, análoga à Ancine brasileira. Conforme os termos do acordo oficial de coprodução entre o Brasil e a França, para que o filme seja considerado nacional nos dois países é preciso atingir um mínimo de 20% de participação financeira e artística, o que não ocorreu. Para o CNC, o longa-metragem é considerado 100% brasileiro, mesmo que a SBS tenha tido alguma participação financeira. Nesse caso, portanto, tratou-se de uma coprodução financeira privada, apenas entre os coprodutores.

Em “Bacurau”, a coprodução se mostra mais aos moldes tradicionais do acordo, como podemos verificar a partir das informações iniciais que estão sendo divulgadas. A equipe técnica foi formada por profissionais não apenas do Brasil, mas também da França, Bélgica e Estados Unidos, liderados por Emilie Lesclaux, da produtora majoritária brasileira CinemaScopio, responsável por todos os filmes de Kleber. Na França, além da SBS, o filme tem coprodução da rede de televisão franco-alemã ARTE, que tradicionalmente investe na produção cinematográfica francesa. A Globo Filmes, o Telecine e o Canal Brasil também aparecem nos créditos como coprodutores brasileiros.

A filmagem ocorreu na cidade de Parelhas, no Rio Grande do Norte, entre os meses de março e maio. No elenco de 44 atores, se destacam as atrizes brasileiras Sônia Braga e Karine Teles, e o ator alemão Udo Kier. A trama ficcional se desenvolve a partir da morte de uma mulher de 114 anos, conhecida na região como Dona Carmelita, e cuja ausência vai provocar uma sequência de incidentes ameaçadores no vilarejo do sertão nordestino. A previsão de estreia é para 2019.

Kleber Mendonça Filho na França

No circuito exibidor francês, “Aquarius” foi lançado pela SBS – que também atua como distribuidora naquele país – em 28 de setembro de 2016, quatro meses depois da première do filme na Competição Oficial do Festival de Cannes. O longa não chegou a ser premiado naquela ocasião, mas chamou a atenção do mundo durante o protesto realizado pela equipe lá presente, nas escadarias do Palais des Festivals, contra a deposição da então presidente Dilma Rousseff. Ao todo, segundo o CNC, o filme vendeu 176.518 ingressos na França, número bastante superior ao resultado de “O som ao redor”, o primeiro longa dirigido pelo cineasta.

Considerado um dos dez filmes mais importantes de 2012 pelo jornal norte-americano The New York Times, “O som ao redor” foi exibido em mais de 30 festivais internacionais e recebeu o troféu da crítica no Festival de Roterdã daquele mesmo ano. Na França, ele foi lançado pela distribuidora Survivance, em um circuito pequeno, com apenas oito cópias, mas atingiu 22.857 espectadores, que já é um bom público para um filme brasileiro por lá.

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por Anders Noren

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