
Os primeiros filmes feitos na Coreia foram de produção japonesa, mas com o fim da colonização, com a derrota japonesa na 2ª Guerra Mundial, logo em 1946 a produção nacional coreana surge, já com uma narrativa carregada dos sentimentos de luta contra o império japonês. Em 1946 o filme produzido pela Coreia, “Hurrah! For Freedom” (자유만세 · Ja-yumanse), dirigido por Choi In-Gyu, já mostra a importância politica que os filmes coreanos carregariam em sua história. Trata-se de um enredo que se passa em meados de 1945, sobre um delator japonês revelando a identidade de um ativista pertencente a um movimento de independência da Coreia, levando a sua prisão. A trama desenvolve a fuga da detenção e a organização do movimento em um ataque contra a policia japonesa.
Após quase 50 anos sob domínio do Império japonês, a colônia coreana suportava insatisfação social e pobreza que se converteram em um Estado político e socialmente descontente. O Japão precisou controlar violentamente a nação coreana para explorar a área. Como os japoneses não compartilharam o mínimo poder com o governo coreano, resulta-se uma assimilação politica e ideológica designada a destruir a consciência nacional coreana.


A partir da segunda metade da década de 1950, após a Guerra da Coreia e a divisão nacional, o tema importante era reestruturar um país – Coreia do Sul – e o cinema como veículo de narrativas carregadas de ideologias. O país Coreia do Sul desejava ter espaço no mundo contemporâneo e desejava distanciar-se do passado e do que se tornara a Coreia do Norte.
Houve, portanto um investimento público para que os filmes contassem histórias onde os sentimentos prejudicados pelos anos anteriores e os recentes resultados. Narrativas sobre a colônia japonesa, a opressão recente do exército americano no território, e a luta anticomunista como os cenários perfeitos para histórias de superação individual. Problemas familiares e sociais (como mostrado em Aimeless Bullet, 1961) além de uma afluência de exaltação feminina implicada ao recente exercício de mulheres que tomavam lugar na sociedade, porém ainda de forma objetificada.
Segundo Marc Ferro, o cinema é um testemunho singular de seu tempo, pois está fora do controle de qualquer instância de produção é uma matéria de histórias que se tornam materiais para a História que conta a analise de uma sociedade. Logo, no panorama, pós-guerra e divisão nacional, o cinema coreano encaminha suas narrativas a inserir ideologias que permitam ao povo repensar e aclamar o país. Diretores de pós-guerra descobriram como articular algo distinto sobre a Coreia na trajetória cinematográfica, sensibilizando as narrativas de modo que conectava o espírito nacional coreano com a nova realidade dividida, anticomunista e entregue a cultura ocidental americana.
Com a constituição da democracia na Coreia do Sul a partir da década de 1980, o cinema pode se orgulhar ao ter três títulos incluídos no Festival de Toronto, de modo que finalmente o mundo teria a oportunidade de apreciar o cinema sul coreano. Participação em festivais e premiações importantes traz a nova era do cinema coreano. O país se encontrava em infraestruturas levantadas, a educação a todo vapor e após anos de censura devido ao regime militar de Park Chung Hee (1963 – 1979), a democracia fortalecia-se. O mesmo se espelhava o cinema.
Foi preciso reerguer o cinema nacional de um colapso industrial (devido a importação de filmes hollywoodianos), portanto politicas de investimentos culturais pela produção de filmes nacionais e decisões um pouco mais mandatória: a exibição de apenas filmes nacionais por 146 dias por ano. A partir dos anos 1990, grandes festivais de cinema parecem fincar a importância do cinema coreano, como o Festival Internacional de Cinema de Busan (BIIF), o Festival Internacional de Cinema de Jeonju e o Festival Internacional de Cinema Fantástico Puchon (PiFan).
Desses, o Festival de Busan é até o presente o mais importante festival coreano. Com todo investimento e produções no cinema coreano, surge no final do século XX, a New Wave coreana, com um cinema diferente, mais próximo do estilo ocidental/Hollywood e distante da crítica ideológica e realismo que continham por toda história, com tendência a diminuir cada vez mais.

A cultura de massa cresceu socialmente as politicas sociais são constantes e já não havia interesse em alertar sobre os traumas e “inimigos” da liberdade coreana. Hoje o cinema coreano continua se dedicando a estética e produções nacionais dominando o mercado, mas com as mudanças politicas, estabilidade econômica e cultural, as novidades sociais se seguem como tendências abordadas nos filmes.
Porém, os filmes populares da New Wave perdem espaço entre a necessidade de popularização de narrativas e a importância da aproximação de realidade. Para espalhar mundialmente o cinema coreano, era preciso fazer as narrativas tornaram-se compreensíveis principalmente para as sociedades euro-americanas. Atualmente percebe-se a tentativa de um equilíbrio buscando trazer a realidade sentimental sul coreana e a imaginação fantasiosa que já mostrou dar certo com públicos populares em alvo.

Ainda assim, é necessário observar muito as narrativas e seus diálogos bem mais do que os efeitos especiais ou sobreposição do alto nível de desenvolvimento tecnológico sul coreano. Há, de alguma forma, sentimentos e ideologias voltando a fazer parte do cinema, alguma critica ainda devem ser mais bem desenvolvidas pela própria sociedade coreana.
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