
De acordo com dados do Observatório Brasileiro do Cinema e do Audiovisual (OCA), da Agência Nacional de Cinema (Ancine), o Brasil dispõe hoje de mais de 3,3 mil salas de exibição. Uma parte considerável está em shoppings centers, e conta com sessões a ingressos impraticáveis para a maioria da população. Mas há opções acessíveis, e com programação diversificada.
Há cidades que contam inclusive com uma rede de cinemas públicos. Santos, litoral de São Paulo, por exemplo, dispõe de seis unidades mantidas pela Prefeitura, quatro delas em bairros da periferia. Nessas quatro, há sessões aos finais de semana, e com entrada gratuita. A programação abrange filmes comerciais e obras fora do circuito. Outras duas unidades – a do Museu da Imagem e do Som (região central) e o Cine Arte Posto 4 (orla) – são especializadas em clássicos, em mostras temáticas. Têm entrada gratuita ou ingressos a R$ 2, dependendo do evento.

Curitiba, com a Cinemateca e o Cine Guarani, e Porto Alegre, com o Cine Theatro Capitólio, são outras duas cidades entre as que contam com cinemas mantidos por instituições públicas. Isso sem falar em espaços culturais como os da Caixa, Banco do Brasil, Correios, Banco do Nordeste, em diversas cidades, que frequentemente abrem espaço para mostras de audiovisual também.
Salas de exibição mantidas por universidades públicas igualmente se apresentam como opção de contato com sétima arte, sem custar muito para o espectador. Por exemplo: o curso de Cinema e Audiovisual da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), em Foz do Iguaçu, na tríplice fronteira Brasil-Argentina-Paraguai, promove durante o ano letivo o projeto “Cinelatino”, com sessões abertas à comunidade.

Quando não são espaços mantidos pelo poder público, são as salas de instituições como as do Sistema S. Em todo o estado de São Paulo, as unidades do Sesc oferecem uma programação vastíssima, gratuita. O Sesc Tocantins é outro que com frequência inclui a exibição de filmes entre suas atividades, só para citar alguns casos. O Instituto Moreira Salles, na capital paulista, na cidade mineira de Poços de Caldas, e no Rio de Janeiro, está entre as organizações do terceiro setor voltadas a mostras de filmes, com ingressos a valores abaixo das entradas cobradas pelos complexos de shoppings centers.

Apresentamos aqui apenas uma pequena mostra; há muitos mais exemplos. Sabemos, no entanto, do gigantismo do Brasil, e que esses polos de cultura ainda estão situados em grandes centros urbanos. Uma parcela considerável da população permanece à margem desses espaços. A existência deles deve servir de referência, de estímulo, de luta pela expansão dessa rede de acesso ao cinema e ao audiovisual.
Mas há um outro desafio também: criar condições para que a programação desses centros existentes popularize-se. Ainda está muito restrita a uma bolha, a um público acostumado a frequentar tais ambientes. Nas cidades onde estão instalados, pouca gente para além de uma pequena elite toma conhecimento das atividades. A informação não chega; circula entre alguns nichos apenas. Não é isso que queremos, não é? Um cinema para poucos?
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