Prevenção ao coronavírus muda linguagem da televisão

Crédito: Jornalismo Feevale.

Enquadramentos mais abertos, entrevistados e entrevistadas segurando microfones enquanto dão seus testemunhos, imagens granuladas de chamadas de vídeo, reprodução de “lives” de redes sociais, cenários caseiros. O que até pouco tempo atrás poderia sinalizar amadorismo e prejudicar, inclusive, a credibilidade da informação transmitida, agora se tornou padrão na televisão brasileira.

As medidas fitossanitárias de combate à pandemia do novo coronavírus mudaram a forma de produzir e apresentar reportagens na telinha. E, como a programação jornalística tem ocupado boa parte da grade das emissoras, é possível considerar que a prevenção ao Covid-19 está impactando também na linguagem da televisão.

O primeiro-ministro Boris Johnson que foi internado após contrair Covid-19 faz live para falar com o público. Crédito: G1.

É verdade que o rompimento de uma estética rigorosamente apurada ocorre há alguns anos. A massificação de conteúdo em vídeo pela internet levou para a televisão características de estilo e narrativas típicas das mídias digitais. No entanto, essas características ainda apareciam de forma bem pontuadas, identificadas como oriundas da internet – em explícito contraponto com a linguagem televisiva tradicional. Agora, não. Foram, de fato, incorporadas ao fazer e ao apresentar conteúdos.

É provável que o requinte retorne, quando a pandemia passar. Repórteres, apresentadores e fontes não precisarão mais de estar confinados, e fazendo transmissões de suas salas e quartos – poderão voltar a estúdios mais bem aparelhados. Mas alguma herança pode ficar.

Crédito: Redação Sport TV.

Por exemplo, um maior protagonismo das fontes. Já estava consolidando-se no telejornalismo a figura do repórter-personagem (o que este articulista abomina; ao telespectador interessa a informação, não o que faz, pensa ou deixa de fazer e pensar o repórter). Na necessidade de repórter e entrevistados manterem certa distância, o foco voltou a ser na pessoa entrevistada. Tomara siga assim.

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por Anders Noren

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