
Em julho e agosto, a República Ativa de Teatro realiza o projeto Sonhos em Tempos de Guerra, contemplado pela 32ª Edição do Programa de Fomento ao Teatro para a cidade de São Paulo. As ações, que envolvem exibições de espetáculos, debates e o lançamento de um documentário, ocorrerão gratuitamente na página do Facebook da companhia.
Com as medidas de isolamento social impostas pela pandemia do Covid-19, o grupo transferiu algumas ações do projeto para o ambiente virtual, o que possibilitou difundir as ideias e discussões propostas com segurança e responsabilidade. A partir da temática do espetáculo “O Inimigo”, que estreou no Centro Cultural São Paulo em 2016, baseado na obra homônima de Davide Cali e direção de Val Pires, levando à cena as incoerências de uma guerra, a República Ativa de Teatro criou e desenvolveu o projeto “Sonhos em tempos de Guerra”. Trata-se do aprofundamento da pesquisa da Cia que aborda questões relevantes e delicadas para crianças e jovens, e que resulta na construção de outros cinco espetáculos teatrais, com linguagens e abordagens distintas e a participação de diversos outros artistas.
A iniciativa propõe debater poeticamente a relação da criança com as chamadas “guerras cotidianas” – conflitos que fazem parte do dia a dia e que a criança nem sempre é convidada a refletir sobre eles. “Debater é trocar argumentos, discutir ideias. A partir de um debate rico, em que os lados têm liberdade para colocarem suas opiniões livremente, quem assiste ou participa poderá construir o seu ponto de vista com base no que lhe parece mais verossímil“, salientam os organizadores da programação.
“Em uma sociedade cada vez mais binária, os debates tendem a ser menos honestos, pautados na intenção de apenas defender a própria ideia sem permitir conhecer a ideia do outro. As pessoas encastelaram-se em verdades prontas, e quem discorda delas está contra quem as defende. Essa intolerância que se vê entre adultos também reflete entre as crianças e adolescentes, com consequências igualmente grandes para eles e para a sociedade. A companhia traz à tona esses questionamentos, propondo-se a pensar, discutir e direcionar o olhar para a formação de nossas crianças que cresce em meio a uma sociedade tomada por diversas guerras – como gênero, educação, institucional, entre outras –, apresentando ao público essas problemáticas com responsabilidade e poesia“, enfatizam os idealizadores da iniciativa.
Os resultados desse processo de pesquisa poética foram apresentados no ano de 2019 em diferentes Teatros Públicos Municipais. O projeto está em desenvolvimento desde setembro de 2018, e já realizou 4 temporadas em teatros públicos da cidade: “O Inimigo” (Teatro Décio de Almeida Prado), “A Sombra do Vale” (Teatro João Caetano), “Invocadxs” (Teatro Alfredo Mesquita) e “A Cidade de Dentro” (Teatro Alfredo Mesquita). Esse repertório recebeu 29 prêmios em diversos festivais pelo país, além de duas participações em festivais internacionais no Chile – “3º Encuentro de La Red Iberoamericana de Artes Escènicas” (2007) e “XIV Festival Internacional de Teatro ENTEPACH” (2009) – e grande repercussão de público e crítica.
A República Ativa de Teatro desenvolve desde 2006 uma sólida pesquisa dentro do universo teatral para crianças, intitulada “O Real Imaginário”. Com um premiado repertório de espetáculos, contações de histórias e oficinas, a Cia continua atuante, experimentando e reafirmando escolhas em prol de um teatro infantil artisticamente relevante.

O início dessa pesquisa deu-se através da busca por textos consagrados na dramaturgia brasileira para crianças. Com o olhar atento para temas que fossem relevantes nos dias atuais, a Cia encenou a aceitação do ser diferente em nossa sociedade (“A Bruxinha Que Era Boa” – 2006), as perdas sofridas ao longo da vida e a busca por nossos sonhos (“O Cavalinho Azul” – 2008), a descoberta da liberdade, maturidade, autonomia e autenticidade (“A Menina e o Vento” – 2012). Junto a essa trilogia, foram criadas uma série de contações de histórias e oficinas a partir dos temas dos espetáculos, com adaptações de diversos livros infantis, que somadas à debates, oficinas e reflexões, fizeram parte do projeto “O Universo Infantil em Maria Clara Machado”.
Com o intuito de discutir os medos da criança contemporânea, a solidão, o abandono e as relações entre pais e filhos, a Cia estreou seu primeiro espetáculo totalmente autoral “Quem Apagou a Luz?” (2012). O segundo trabalho autoral foi o espetáculo “Splash ou A História da Gota Que Sonhava Ser Rio” (2016) que trouxe à cena uma discussão sobre os anseios e angústias da criança (e do ser humano) ao ter de se relacionar com o outro.

Lista das próximas atrações ocorrerão gratuitamente na página do Facebook da companhia
“O teatro a partir do olhar do jovem” – Debate 16/07 (Quinta-feira), às 19h, com Amauri Falseti (Cia Paideia) e William Costa Lima (Trupe Pequeno Teatro de Torneado).
“A Cidade de Dentro” – Espetáculo (live),18/07 (Sábado), às 16h, seguido de debate sobre o processo criativo do evento, às 16h45, com elenco e a diretora Eliana Monteiro. Reapresentação 19/07 (Domingo), às 16h.
Sinopse: Perfeitolândia é uma cidade diferente que faz jus ao seu nome. Tudo nela funciona perfeitamente bem: árvores que contam histórias, estátuas vivas, ruas que se movem… Tudo milimetricamente planejado pelo Sr. Perfeito – o Prefeito. Mas o que é uma cidade senão as pessoas que nela vivem? Será que todos os seus cidadãos conseguem desfrutar de tudo aquilo que a cidade tem a oferecer?
“A tecnologia em cena: recurso ou linguagem”? – Debate com Camila Ivo e Sidnei Caria (Cia Maracujá Laboratório de Artes) e Prof Dr. Otavio Donasci (Artista multimídia), 21/07 (Terça-feira), às 19h.
“Teatro para a primeira infância” – Debate com Sandra Vargas (Grupo Sobrevento) e Paula Zurawski (Cia Furunfunfum), 23/07 (Quinta-feira), às 19h.
“Invocadxs” – Espetáculo (live), 25/07 (Sábado), às 16h, seguido de debate sobre o processo criativo do evento com elenco e o diretor Marcelo Soler, às 17h. Reapresentação 26/07, (Domingo), às 16h.
Sinopse: quatro atores rememoram o desejo de formarem uma banda de escola e aproveitam para questionar duvidosas regras e um sistema de ensino que não leva a criança em consideração. Inconformados, eles promovem uma verdadeira revolução na escola. Canções originais executadas ao vivo e relatos de crianças permeiam o espetáculo numa relação documental.
“Espaços Não-Convencionais no Teatro Infantil” – Debate com Iarlei Rangel (Grupo Esparrama) e Francisco Wagner (Teatro da Travessia), 28/07 (Terça-feira), às 19h.
“A criança e a pluralidade” – Debate com Gian Pavanello (Professor)/Mariá Guedes (Atriz), 30/07 (Quinta-feira), às 19h.
“O Incrível Caso do Menino de Vestido” – Leitura Dramática, 01/08 (Sábado), às 16h, seguido de debate sobre o processo criativo do evento, com elenco e o diretor Fernando Neves, às 16h45.
Sinopse: Dennis era um menino comum: ia à escola, jogava futebol, tinha amigos… Mas ele se sentia diferente. Achava que sua vida era chata. Algo de extraordinário simplesmente tinha que acontecer! Com recortes e fragmentos de um inesperado acontecimento, esta trama vai mostrar que nem tudo é o que parece ser.
“Nossa Cruzada: sonhando em tempos de guerra” – Lançamento do Documentário, 02/08 (Domingo), às 16h.
Sinopse: nesse documentário, iremos exibir nossa metodologia de trabalho, os modos de produção, pesquisa e criação. A ideia é compartilhar esse trabalho que foi desenvolvido durante a realização do projeto de fomento, expondo as dificuldades, sensações e conquistas desse processo. Os depoimentos foram gravados durante a pandemia, com todas as medidas de segurança para a equipe.
“O Crítico e o Artista” – Debate com Bia Rosenberg (Jurada do Prêmio FEMSA) e Mônica Rodrigues (Folha de SP), 04/08 (Terça-feira), às 19h.
“A criança em um ambiente de disputa” – Debate com Renata Americano (Pedagoga) + Simone Ottoni (Psicóloga), 06/08 (Quinta-feira), às 19h.
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