
O rosto de Bhagat Singh, que no dia 28 de setembro é lembrado pelos 113 anos de seu nascimento, está estampado em camisetas, adesivos de carros, canecas, e outros objetos em toda a Índia. Ele é um dos maiores heróis nacionais do país, nascido em 1907 e executado pelos colonizadores britânicos em 1931, quando tinha 23 anos de idade. Socialista, Bhagat Singh inspirou-se nos exemplos da Revolução Russa de 1917, mas também na Revolução Francesa de 1789 e na Declaração de Independência Americana.
Bhagat Singh lutou com armas contra o Império Britânico e hoje se tornou um ícone pop, homenageado por líderes da direita à esquerda, passando pelo centro, já que ele deu sua vida pela libertação da Índia. Em 1929, ele atirou em um oficial britânico, em vingança contra a morte de um colega. E depois promoveu um atentado à bomba na assembleia local de Delhi.

Preso com outros amigos, ele ganhou muita popularidade atrás das grades, onde costumava devorar livros sobre Marx e Lenin, que eram contrabandeados para ele. “Karl Marx era o seu guru”, diz Kuldip Nayar. Mas Bhagat Singh também amava livros de ficção, especialmente Charles Dickens, Victor Hugo, Maxim Górki e Oscar Wilde.
“Eu vou sacrificar a minha vida pela causa. Que outro consolo posso ter? …Eu sei que será o fim quando a corda apertar o meu pescoço …. Eu devotei a minha vida pela causa da independência, porque eu não poderia fazer de outra forma”, escreveu Bhagat Singh em seu livro “Por que sou um ateísta”.
Ele se transformou em um símbolo da coragem porque foi à luta em nome da pátria, sabendo que as chances de sobreviver eram mínimas. A libertação da Índia só ocorreu 16 anos após a sua morte. Diferentemente de Mahatma Gandhi, que pregava a luta pacífica, Bhagat Singh, que integrava a Associação Republicana Socialista Hindustan, defendia a ação armada.
Mas o líder pacifista Mahatma Gandhi admirava a coragem de Bhagat Singh e outros revolucionários, embora não aprovasse o uso de armas e bombas, conta Kuldip Nayar, autor do livro “Without Fear – The Life and Trial of Bhagat Singh”. A sua imagem mais conhecida é com um chapéu ocidental, com o qual costumava disfarçar-se. Mas depois, sua imagem com o típico turbante do Punjab, tornou-se muito popular também. Toda uma cultura visual contemporânea cerca a figura de Bhagat Singh.

“A onipresença da imagem de Bhagat Singh na cultura popular indiana contemporânea é tal que é frequentemente comparada à famosa fotografia de Che Guevara feita por Alberto Korda. Tanto Baghat Singh, quanto Che eram inegáveis fotogênicos, captando efetivamente o romance, o idealismo e os sacrifícios exigidos do revolucionário”, afirma Kama Maclean, em seu livro “A Revolutionary History of Interwar India”.
Vários filmes indianos representam Bhagat Singh e outros libertadores da Índia de forma romântica. “The Legend of Bhagat Singh” (“A Lenda de Bhagat Singh”), de 2002, dirigido por Rajkumar Santoshi, tem como ator principal o galã Ajay Devgan, no papel de Bhagat Singh. Na cena em que ele é enforcado, o ator grita: “Inquilab Zindabad” (“Longa vida à revolução”).
Outros dois filmes foram lançados nesse mesmo ano. Um foi “23 de Março de 1931: Shaheed”, com Bobby Deal, Sunny Deol e Amrita Singh, sobre os eventos que levaram à execução do herói e seus colegas Rajguru e Sukhdev. Outro filme sobre Bhagat Singh lançado em 2002 foi “Shaheed-E-Azam”, com Sonu Sood.
Mais recentemente, em 2006, Bollywood lançou um grande sucesso sobre os revolucionários da Era de Bhagat Singh: “Rang De Basanti” (“Pinte de açafrão”), de 2006, com o astro Aamir Khan, que ganhou vários prêmios. Mas muitos anos antes, o revolucionário indiano já havia sido homenageado nas telas. O primeiro filme sobre sua vida , dirigido por Jagdish Gautam, foi em 1954: “Shaheed-e-Azad Bhagat Singh”.
Nos anos 60, foram lançados dois filmes. Em 1963, o “Shaheed Bhagat Singh”, dirigido por KN Bansal, teve com ator principal Shammi Kapoor, uma estrela bollywoodiana. Em 1965, “Shaheed” ganhou o coração do público e o prêmio Nargis Dutt de melhor filme nacional.
Fonte: Texto originalmente publicado no Beco da Índia.
Link direto: http://bit.ly/becodaindia-bhagat-singh
Florência Costa
Jornalista freelancer, especializada em cobertura internacional e política, foi correspondente na Rússia pelo Jornal do Brasil e serviço brasileiro da rádio BBC. Em 2006 mudou-se para a Índia para ser correspondente do jornal O Globo É autora do livro “Os Indianos”. E editora do site Beco da Índia
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