Premiado e polêmico, “Monos: entre o céu e o inferno” estreia dia 19 de novembro

“Monos: entre o céu e o inferno” (2019), de Alejandro Landes. Crédito: divulgação.

Desde que estreou no Festival de Sundance em janeiro de 2019, “Monos: entre o céu e o inferno”, Alejandro Landes, tem colecionado prêmios (como no Festival Internacional de San Sebastián) e despertado discussões. Seus protagonistas são adolescentes que participam de uma guerrilha numa região remota de um país latino-americano qualquer. Com nomes como Rambo, Pé Grande e Smurf, diariamente fazem treinamento militar rígido enquanto também cuidam de uma prisioneira americana (Julianne Nicholson). O filme será lançado nos cinemas brasileiros a partir de 19 de novembro pela Pandora Filmes.

O diretor, nascido em São Paulo, filho de uma colombiana e um equatoriano, conta que as origens do projeto estão numa “guerra civil que parece não ter fim na Colômbia”. Ele aponta que recentemente, depois de muitos anos, há uma possibilidade de paz no ar. “‘Monos: entre o céu e o inferno’ explora esse momento pelo prisma de um filme de guerra. Embora essa seja a primeira chance da minha geração, esse não é o primeiro processo de paz da Colômbia, e, portanto, parece ameaçado por fantasmas. Esses fantasmas inspiraram-me a construir o filme como um sonho febril.”

“Monos: entre o céu e o inferno” (2019), de Alejandro Landes. Crédito: divulgação.

Landes, que assina o roteiro com Alexis Dos Santos, aponta que os romances “O Senhor das Moscas”, de William Golding, e “O Coração das Trevas”, de Joseph Conrad, foram algumas de suas principais influências na construção do longa, e ele compara os livros a uma tatuagem, tamanha a marca que deixam em quem os lê. Filmando na região do Rio Samaná, a cinco horas de Medelín, o diretor afirma que “há não muito tempo atrás, era uma região inacessível por causa das disputas entre as guerrilhas e os paramilitares, o que, paradoxalmente, deixou a área intocada. Uma benção estranha da violência colombiana.”.

“Monos: entre o céu e o inferno” (2019), de Alejandro Landes. Crédito: divulgação.

O elenco é composto por atores e atrizes experientes como Moises Arías (“Hannah Montana”) e Julianne Nicholson (“Eu, Tonya”), e jovens estreantes. O personagem Rambo é interpretado por uma garota, Sofia Buenaventura, e, o diretor explica que, originalmente, deveria ser um rapaz, mas no processo de seleção isso se mostrou desimportante. “Ao assistir mais de 800 testes, percebemos que nos tornamos cegos ao gênero [sexual] do personagem. Os gêneros não são claros na história, e isso não é importante para a linguagem. Ainda assim é curioso acompanhar sessões, e ver que metade do público acredita que Rambo seja homem, e a outra metade, mulher. E, ainda assim, isso muda as impressões mais profundas do filme? Creio que não.”.

“Monos: entre o céu e o inferno” (2019), de Alejandro Landes. Crédito: divulgação.

Desde sua estreia no Festival de Sundance em 2019, o filme tem sido bem recebido pela crítica mundial. A Variety o define como “uma experiência dura e lírica, brutal e bela, nervosa e abstrata […] singular.” Já a revista Rolling Stone diz que o longa “toma para si várias influências conhecidas. Mas há uma loucura específica e singular que é completamente sua.” No Brasil, “Monos: entre o céu e o inferno” teve sua primeira exibição na Mostra Internacional de Cinema em São Paulo.

A equipe técnica do longa conta ainda com o diretor de fotografia Jasper Wolf, cujo trabalho foi definido pelo jornal inglês The Guardian como capaz de “capturar a beleza transcendente da paisagem”. Já a trilha sonora é de autoria da inglesa Mica Levi, indicada ao Oscar por seu trabalho em “Jackie”.

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por Anders Noren

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