
A oferta de cursos técnicos e superiores, públicos, gratuitos, em audiovisual no Estado do Paraná é relativamente recente. Ocorre de 15 anos para cá – e, mesmo assim, sua consolidação dá-se em período de um decênio, entre 2005 e 2015. Compartilhar experiências acumuladas até aqui; trocar impressões e angústias em tempos de adversidades, e retroalimentar esperanças diante dos desafios por vir estiveram entre os propósitos de um encontro entre professores de audiovisual no Paraná.
O bate-papo, virtual, em 14 de outubro último, integrou a programação da 1ª Mostra PAV – Ciclo de Debates do Curso de Técnico em Produção de Áudio e Vídeo do Colégio Estadual do Paraná (CEP), de Curitiba. Além de docentes desse curso (entre eles este articulista), o debate contou com representantes de curso homônimo do Instituto Federal do Paraná (IFPR), também da capital, e do curso de Cinema e Audiovisual da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), em Foz do Iguaçu – este de graduação.
Em que pesem algumas diferenças – de características das instituições, ou mesmo entre os dois cursos técnicos e a graduação – identificamos muito mais convergências. A heterogeneidade das turmas, o afã por sair gravando de imediato, o fetiche por equipamentos e tecnologias mostram-se comportamentos comuns dos formandos em audiovisual, de acordo com os relatos.
Assim como é notada a riqueza de talentos, habilidades, competências e ideias que emergem das aulas, das atividades, das produções. Há uma demanda imensurável por expressão artística ou comunicação por meio do audiovisual, e quando essa vontade encontra-se com a possibilidade de formação – seja técnica, profissional ou acadêmica – os resultados são edificantes. De pôr sorrisos de satisfação e suspiros de alento.
É verdade, como bem observaram os debatedores externos – a professora Cynthia Letícia Schneider, pelo IFPR, e o professor Eduardo Dias Fonseca, pela Unila -, que os obstáculos a serem superados são cotidianos. Neste contexto em que o ensino remoto mostrou-se como a única possibilidade, a exclusão digital evidencia-se, e torna-se entrave. A crise socioeconômica, acentuada com a pandemia, amplia vulnerabilidades.
Não bastasse isso, o audiovisual brasileiro está entre os alvos dos desmontes promovidos pelo projeto político hoje hegemônico. O fechamento da Cinemateca Brasileira e as investidas contra Agência Nacional de Cinema (Ancine) são dois episódios que ilustram tal ofensiva. Entendendo que é preciso resistir, a superação das adversidades passa por alguns caminhos – entre eles, o trilhado no encontro: o diálogo, a articulação, a interatividade entre os que estão no mesmo barco e comungam dos mesmos propósitos.
Além dos cursos técnicos do CEP e do IFPR, e da graduação da Unila, outras duas instituições públicas oferecem formação técnica ou superior, em audiovisual, no Paraná. São elas a Universidade Estadual do Paraná (Unespar), no campus Curitiba, e o Colégio Estadual Eleodoro Ébano Pereira, em Cascavel.
O da Unespar foi o precursor – nasceu em 2005, como Escola Superior Sul-Americana de Cinema, Vídeo e Televisão do Paraná (CineTV-PR). Dois anos depois tivemos a primeira turma do Técnico em Produção de Áudio e Vídeo do CEP; na sequência, o do IFPR. Em meados desta década, foi concebido o curso em Cascavel. Uma curiosidade: todos esses cinco polos de formação em audiovisual no Paraná estão no eixo leste-oeste do Estado. Da capital à Tríplice Fronteira. Além de defender esse legado, é hora de expandir os limites e alcançar outras regiões.
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