
Um dos maiores nomes que a Índia deu ao mundo, um defensor dos ideias da paz e da cooperação global, o poeta Rabindranath Tagore (1861- 1941), escritor, pintor, educador e filósofo que ganhou o Nobel de Literatura em 1913, foi este ano homenageado em todo o mundo, no dia 7 de maio, pelos 159 anos de seu nascimento. Muitas das mensagens de Tagore, que militou contra as duas grandes guerras mundiais, ressaltam a importância de não sentirmos medo diante do enfrentamento do perigo, e também sobre como devemos encarar a vida.
Nascido em Calcutá (hoje Kolkata), capital do estado indiano de Bengala Ocidental, em uma família de intelectuais, artistas, espiritualistas e reformadores sociais, Tagore é o único poeta cujas letras tornaram-se hinos de duas nações: Índia e Bangladesh. Ele escreveu também romances, contos, peças teatrais e ensaios.

Suas estórias, celebradas por várias gerações, focam em questões sociais que são relevantes até hoje, como pobreza, analfabetismo, casamento e disparidades de gênero. Ele foi o primeiro não europeu a ser agraciado com o Nobel, por sua coleção de poemas Gitanjali. Sua atividade como pintor começou já quando ele tinha 60 anos de idade.
Uma das grandes realizações de Tagore, além da escrita, foi como educador: ele criou um complexo escolar chamado Santiniketan (“Morada da Paz”), a 100 km da capital bengalesa, que adotava o espírito de liberdade. A universidade Visva-Bharati (ou comunhão do mundo com a Índia), também liderada por ele, aberta em 1918, seguia pela mesma filosofia do Santiniketan.
“Rabindranath Tagore foi uma personalidade multi-facetada. Ele não era apenas um grande poeta, escritor, artista (desenhista e pintor) e filósofo, mas também desafiou o sistema de educação convencional e estabeleceu uma universidade”, disse Puja Kaushik, diretora do Centro Cultural Swami Vivekananda. Não são muitos os brasileiros que conhecem o trabalho desse primeiro prêmio Nobel recebido por um indiano, lembrou Puja. “Por isso, queremos que os brasileiros conheçam mais sobre a sua vida e como ele aproximou a Índia do mundo ocidental”, afirmou.
Tagore também teve atuação política ativa, participando do movimento de libertação da Índia. Dois anos após ter recebido o Nobel da Paz, ele foi agraciado com o título Cavaleiro pelo rei George V, na época em que a Índia era uma colônia britânica. Mas em 1919, ele devolveu o título, em resposta ao famoso massacre de Jallianwalla Bagh, em Amritsar (Punjab): tropas do Exército britânico-indiano atiraram em uma multidão, matando centenas e ferindo cerca de mil pessoas.
Nas suas diversas viagens ao exterior, Tagore promoveu a paz e a união entre Oriente e Ocidente, em um momento em que o mundo amargava a 1ª Guerra Mundial e mais tarde, já no final de sua vida, durante a 2ª Guerra Mundial. Ele criticava duramente as políticas de isolamento e de agressões de certas nações. Tagore morreu aos 80 anos de idade em meio à 2ª Guerra Mundial, bastante cético. Em sua última mensagem ao mundo, intitulada “A crise na Civilização”, ele afirmava que a civilização estava abalada em sua raiz por bárbaras guerras de agressão.
Fonte: Texto originalmente publicado no Beco da Índia.
Link direto: https://bit.ly/becodaindia-tagore
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