
Após a Restauração Meiji, o calendário lunar chinês foi substituído pelo calendário gregoriano. Desde então, o ano novo no Japão passou a ser comemorado no dia 1 de janeiro. As decorações de ano novo são chamadas de Oshogatsu-Kazari, e uma dessas decorações são os enginomo, amuletos da sorte que podem ser comprados em barracas nos templos e santuários.
Um dos amuletos mais famosos é o Daruma, também conhecido como Darma. Trata-se de um boneco redondo e oco, feito artesanalmente e geralmente de cor vermelha, mas podem ser encontrados em outras cores. Esse boneco faz referência ao Bodhidharma, fundador da seita Zen do Budismo. A cor vermelha representa o manto de um sacerdote e segundo a tradição essa cor afasta o mau olhado e as doenças.

Daruma não tem olhos, pois, segundo a lenda, o monge Bodhidharma foi para uma caverna para passar nove anos meditando e para não cair no sono cortou suas pálpebras. Assim, o monge teria atingido o estado de iluminação após muita paciência, perseverança e obstinação.
Por essa razão, os bonecos são vendidos sem olhos e abriram espaço para a ritual de realização de desejos. Portanto, você deve pintar um olho e fazer um pedido. Após o desejo ser atendido, deve-se pintar o olho restante.

O amuleto Daruma não possui braços ou pernas, já que ao longo dos anos de meditação, os seus braços e pernas do monge, supostamente, foram encolhidos e atrofiados. Por esta razão, o boneco permanece em pé sempre, trazendo um significado importante: não podemos jamais desistir dos nossos objetivos. Como diz o provérbio japonês Nana Korobi Ya Oki: “caia 7 vezes, mas levante 8”. A tradição japonesa diz que após o pedido ser atendido, o Daruma deve ser queimado em um santuário ou templo xintoísta e com ele os erros e os pecados como forma de purificação.
David Leal
Professor, sociólogo, documentarista e diretor do Instituto Cultural Brasil Japão
Assista à entrevista de David Leal para o programa É De Casa sobre o Daruma (clique na foto abaixo)

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