“Homem onça”, novo filme de Vinícius Reis, tem premiere mundial no Arthouse Asia Film Festival

“Homem Onça” (2021), dirigido por Vinícius Reis. Crédito: divulgação.

Situado no final dos anos de 1990, “Homem Onça” investiga como a história do país reflete e interfere na vida pessoal de Pedro, interpretado por Chico Diaz. Dirigido por Vinícius Reis (“A Cobra Fumou”, “Noite de Reis”, e “Praça Saens Peña”), o quarto longa do cineasta tem sua estreia mundial amanhã, dia 23 de fevereiro, no 5º Arthouse Asia Film Festival, que ocorre em Calcutá, na Índia, e será lançado nos cinemas do Brasil, no segundo semestre deste ano, pela Pandora Filmes.

Reis conta que a inspiração para o roteiro do longa veio de sua própria família. “Meu pai era gerente numa das maiores mineradoras do mundo, a Vale do Rio Doce. E em 1996, a empresa passou por uma reestruturação radical, que culminaria na sua privatização no ano seguinte. Depois de duas décadas trabalhando para essa companhia, meu pai não podia ser demitido, e foi forçado a se aposentar. Antes disso, foi obrigado a demitir sua equipe… tudo isso teve o efeito de um tsunami em sua vida”.

No filme, Pedro tem uma vida estável de classe média com sua mulher Sônia, interpretada por Silvia Buarque, que procura um emprego, e a filha adolescente, Rosa (Valentina Herszage). Pedro trabalha numa das maiores estatais do país, a fictícia Gás do Brasil. Tudo parece caminhar muito bem, um projeto de sustentabilidade desenvolvido por ele ganha um prêmio internacional, o que parece garantir o emprego de sua equipe, apesar da crise que a empresa começa a enfrentar. Seu corpo parece reagir a isso, e manchas estranhas aparecem em sua mão.

Crédito: Arthouse Asia Film Festival.

Porém, mesmo o sucesso do trabalho de seu time não garante a segurança do emprego de todos, e Pedro é forçado a tomar atitudes drásticas. “Homem Onça” acompanha esse processo através de duas linhas narrativas que se entrecortam e convergem: num futuro não longínquo, o protagonista não vive mais no Rio de Janeiro, mas em uma pequena cidade, com uma nova companheira, Lola (Bianca Byington).

O roteiro, assinado por Reis, em colaboração com Flavia Castro e Fellipe Barbosa, examina como o longo processo de privatização de estatais, no final dos anos de 1990, ressoa na vida dos empregados daquelas empresas. A perda da estabilidade e segurança emocional e econômica de Pedro é um reflexo da situação do Brasil. Assim, ao falar do passado, “Homem Onça” é um filme que também medita sobre o presente do país, sempre ameaçado de passar por uma nova onda de privatizações.

Com o filme, continuo a explorar meu interesse em contar histórias sobre as ambições e medos da classe média urbana brasileira. No meu primeiro longa de ficção, “Praça Saens Peña”, de 2009, a questão da posse de um imóvel e o desejo por uma carreira profissional eram centrais para os personagens. Em “Homem Onça”, a importância do trabalho como identidade do ser humano é o que move os personagens”, explica o diretor.

“Homem Onça” foi rodado no Rio de Janeiro, Petrópolis e Teresópolis, entre dezembro de 2017, e janeiro de 2018. O longa ainda inclui em seu elenco Guti Fraga, Dani Ornellas, Tom Karabachian e Alamo Facó. O filme é produzido pela Tacacá Filmes, em coprodução com Blackforest Films (Alemanha), Parox SA (Chile), Canal Brasil e Globo Filmes.

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por Anders Noren

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