
A música pop tailandesa e vietnamita – T-POP e V-POP – que antes eram mantidas nos limites territoriais de seus respectivos países, hoje, estão tendo sucesso na Ásia e em outros lugares. A música e o entretenimento são fundamentais para a cultura tailandesa e, no T-POP, as realizações de artistas como Tata Young, Bird Thongchai, Da Endorphine e Palmy abriram caminho para artistas mais jovens. Os músicos tailandeses têm estilos vocais, musicais e um senso de moda distintos. Tal autenticidade fez com que muitos fossem descobertos fora da Tailândia.
Phum Viphurit cresceu na Nova Zelândia e mudou-se para Bangkok aos 18 anos. Phum, que escreve canções em inglês, alcançou fama internacional como cantor e compositor indie pop tailandês com seu single de 2018, “Lover Boy”. Desde então, ele teve várias colaborações, notadamente com o grupo de hip-hop chinês “Higher Brothers” da gravadora 88rising e a banda de indie rock coreana “Se So Neon” na música “So! YoON!”.
A artista tailandesa-alemã Jannine Weigel, que tem mais de 3,7 milhões de seguidores no YouTube e cerca de 750.000 no TikTok, é um influenciadora com uma personalidade alegre. Ela foi a primeira artista a assinar com a RedRecords, uma joint venture entre a Universal Music Group e a companhia aérea de baixo custo AirAsia, com base na Malásia.
Kenny Ong, diretor da Astro Radio and Rocketfuel Entertainment da Malásia e ex-diretor administrativo do Universal Music Group na Malásia, estava por trás da fundação da RedRecords e da assinatura de Weigel. “Ela já era conhecida por sua música especialmente no Vietnã”, diz ele. “Sua popularidade crescente na Indonésia e na Malásia tornou nossa escolha clara, pois estávamos procurando por uma artista que é bem recebida nos países da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean)”.
Weigel grava em tailandês e inglês, e recentemente lançou “Passcode” – uma faixa produzida pelo produtor musical indicado ao Grammy Tommy Brown, que trabalhou com artistas como Ariana Grande, Travis Scott e The Weeknd. Ela também atuou em séries de televisão e filmes tailandeses. Com sua educação no exterior, Weigel e Phum trazem uma perspectiva mais ampla e diferentes estilos musicais para o pop tailandês. Ong diz: “Há uma melhor chance de expandir para além da Tailândia se eles cantarem em inglês, incorporarem sons mais globais ou fazerem experiências com o gênero hip hop”.
Outra estrela em ascensão na Tailândia é a rapper Milli. Descoberta há dois anos no programa de talentos The Rapper 2, ela alcançou a fama com a provocativa faixa “Phak Khon”. Ela cita o rapper Nicki Minaj como uma influência, e as semelhanças entre os dois ficaram evidentes na performance extravagante de Milli no Double Happiness Winter Wonder Festival da 88rising. Além de seus solos, Milli frequentemente colabora com artistas locais de hip hop tailandês, como Maiyarap, LazyLoxy, Ben Bizzy e Autta.
Tuan Tang, um observador da indústria da música pop asiática desde o início dos anos 2000, também foi produtor executivo dos programas Project Superstar, The X-Factor e The Voice no Vietnã. Ele diz: “A Tailândia tem processos melhores para artistas e distribuição de música com a [empresa de entretenimento] GMM Grammy e empresas semelhantes. Então é provável que eles obtenham reconhecimento internacional muito mais rápido do que o Vietnã”.
O pop vietnamita deve seu lugar no mapa ao “Príncipe do V-pop”, Son Tung M-TP. Ele foi o primeiro artista vietnamita na parada LyricFind Global da Billboard, e sua faixa de reggaeton “Hay Trao Cho Anh”, uma colaboração com o rapper americano Snoop Dogg, foi vista mais de 222 milhões de vezes no YouTube desde seu lançamento em julho de 2019.
Outro popster vietnamita digno de nota é Erik, um ex-membro da boy band de V-pop Monstar que se tornou cantor solo, hipnotizou os fãs com sua aparência infantil, talento vocal e movimentos de dança. Ele colaborou com o grupo feminino de K-pop Momoland na balada “Love is Only You”. Enquanto isso, Min, anunciada pelo maior jornal online do Vietnã, Zing News, como uma versão vietnamita da cantora K-pop BoA, é conhecida por cantar e dançar. Tuan diz: “Son Tung, Erik e Min podem parecer infundir K-POP em suas músicas porque eles cresceram com esses artistas. Eles são jovens e tendem a experimentar novos estilos, adaptando-se rapidamente ao público vietnamita”.
No entanto, baladas de amor tradicionais inspiradas na música folk são as favoritas no Vietnã, especialmente nas áreas rurais, diz ele. O V-POP incorpora sons vernaculares e poucos artistas gravam em inglês, tornando o gênero autenticamente vietnamita. Os videoclipes são filmados com cores fortes e retêm elementos vietnamitas, desde fantasias a adereços e valores tradicionais. Um exemplo de grupo vietnamita com um som distinto é a banda de pop rock indie Chillies, que estreou em 2018 e assinou contrato com a Warner Music Vietnam.
O V-pop continuará crescendo além do Vietnã? “Os artistas têm o que é preciso, mas como a música está tão interligada com a TV local, esse processo exigiria uma interrupção consistente [para] viajar além de nossas fronteiras”, diz Tuan. Ong diz que os artistas do sudeste asiático podem encontrar novos públicos almejando nichos de mercado, mas, por enquanto, os artistas do mercado de massa encontrarão principalmente fãs e fama em casa.
Fonte: Texto originalmente publicado em inglês no site da South China Morning Post.
Link direto: https://www.scmp.com/lifestyle/entertainment/article/3127593/thai-and-vietnamese-pop-music-surging-across-asia-these-are
Rebecca Souw
Colaboradora da South China Morning Post
Tradução inglês para português: Alessandra Scangarelli Brites
Deixe seu comentário