
Hoje vou falar do “Exército dos Justos”, muito citado no drama “Mr. Sunshine” exibido em 2018. Ele foi iniciado no século XVI em razão das primeiras invasões japonesas. Porém, vamos abordar neste texto o conflito entre Joseon e o Japão, em 1895, durante o 32º ano de reinado do Rei Gojon, que foi um dos mais importantes e memoráveis atos de resistência a fortalecer o espirito nacionalista. A formação do “Exército dos Justos” pode ser dividida em três etapas: do a existência de uma elite intelectual (confucionista), a criação efetiva do “exército” e a convocação do público em geral.
Mas é bem claro que foi a a participação público em geral (pobre) que realmente fortaleceu de fato a resistência. O primeiro conflito deu-se em 1895 quando a Rainha Min (Imperatriz Myeongseong) foi assassinada (também citado no “Mr. Sunshine” logo no primeiro capitulo rapidamente). Para o reinado de Meiji do Japão, a rainha Myeongseong era considerada um obstáculo para os tratados de expansão internacional, sendo ela contra a abertura de Joseon durante a Guerra Sino-Japonesa. Assim, o governo japonês decidiu assassinar a rainha, e tal ato fomentou a organização de uma guerrilha.
O objetivo era proteção nacional, contra o Japão, e garantia de que o Estado (no caso ainda a monarquia) continuasse sendo vigente de e para coreanos. Havia a noção de que as investidas japonesas trariam terror e problemas sérios a toda população. Então, estudantes do Confucionismo, estimulados pelo evento, posicionaram-se em forma de milícia. Vale lembrar que os Intelectuais tinham o respeito da corte e do povo. Alguns nomes importantes dessa primeira fase são: Yoo In Seok (Jecheon), Yi So Woong (Chuncheon), Lee In Young e Lee Kang Nyun.
O “Exército dos Justos” começou em Jeomgokmyeon e era composta por Kim Sang Jong como recrutador e Kim Su Ok, como comandante da unidade principal. Eles construíram a fortaleza em Hwangsan e lutaram contra os japoneses em 29 de março de 1896. Contudo, por estarem desarmados, foram forçados a recuar após sofrerem baixas de alguns membros, incluindo Kim Su Bing e Kim Su Hyup.
Já em 1905, a segunda fase da estruturação da milícia acontece contra a conclusão do Tratado Coreia-Japão de 1905. Nesse período, fazendeiros e pequenos comerciantes juntaram-se ao movimento. Assim o “exército” continha 600 pessoas espalhadas pelo território, porém poucas armas. Mas a escassez de munição não impediu que medidas fossem tomadas, e conquistas realizadas, dentro dos objetivos de seus líderes. Porém, à medida que mais soldados do exercito japonês instalavam-se pelo território com suprimentos bélicos mais do que suficientes, a “segunda batalha” entre os Justos e os japoneses foi de total desolação.

O terceiro conflito aconteceu em 1907, depois que as tropas do governo imperial estavam espalhadas, causando uma revolta massiva. O comandante Pak Yeon Baek levantou um exército em Gongsan em 1906, com cerca de 300 membros, que exerceu atividades militares em Uiseong, Geumseong, Uiheung, Sinnyeong Yeongcheon e Yeongil. Com isso, participaram da Batalha de Ipam em Uijin, e de Sannam, onde perdeu um grande número de membros, tendo de esconder-se, em dezembro de 1909. Além desses exércitos, de acordo com alguns materiais, havia uma atividade de milícias do “Exército dos Justos”, com cerca de 50 pessoas. Em Uiseong, em 25 de novembro de 1907, e também em fevereiro de 1908, foram registradas duas atividades militares do grupo.
Enquanto isso, unidades militares do “exército” e marinhas oficiais de Joseon estavam finalmente tomando posição e armando-se. Lee In Young, o general-chefe do Exército Oficial Coreano enviou mensageiros para consulados espalhados pelo mundo, a fim de que os países estrangeiros reconhecessem e apoiassem o exército coreano em um apoio internacional de proteção contra a investida japonesa. Esta, mostrou-se também sem sucesso, como mostra o drama “Mr. Sunshine”.
Mas, em Dongdaemun, já acontecia a forte resistência do exercito japonês através do país. Como era de esperar, o exercito japonês, mais armado, quase dizimou os Justos que teve dividir suas forças em pequenos grupos de guerrilheiros para levar adiante a Guerra de Libertação nos territórios da China, na Sibéria e nas Montanhas Jangbaik na Coreia. As tropas japonesas primeiro anularam o Exército dos Camponeses e depois debandaram o que restava do exército do governo. Muitas das guerrilhas sobreviventes e as tropas do governo anti-japonesas fugiram para a Manchúria e Sibéria e continuaram sua luta.
No último episódio do drama “Mr. Sunshine”, há uma cena inspirada no verdadeiro Exército dos Justos. Na verdade, trata-se da unidade médica de Yangpyeong. A foto abaixo, retrata este momento e pode ser encontrada no Livro “Korea’s Fight for Freedom” escrito pelo jornalista Frederick McKenzie em Yangpyeong (aparece no drama, e para quem souber bem inglês, é possível encontrar a obra para download). Na obra, há as últimas palavras do sargento (centro da foto) antes de morrer devido uma doença:
“Nós devemos lutar. Nós iremos lutar e fazê-los saber disso.
Nós estivemos aqui, nós estávamos com medo, mas nós lutamos até o fim”.
O domínio japonês é conhecido na história como sendo bastante opressor e violento. Eles acreditavam que o Japão era melhor do que os outros países da Ásia. Violência, submissão das mulheres como escravas sexuais, xenofobia, exploração das massas pobres, institucionalização de um modo educacional focado somente na elevação do Japão, eram as “armas” utilizadas pela nação do sol nascente, que dizimou muito da história e memória dos países colonizados. Novamente, sugiro que assistam o drama “Mr. Sunshine” tanto por diversão, quanto por reflexão histórica sobre a controvérsia e violenta formação da Coreia em uma nação. Deixem ecoar… “nós lutamos até o fim”.
Fonte: Texto originalmente publicado no site do Koreapost
Link direto: https://www.koreapost.com.br/colunas/resistencia-exercito-dos-justos-cores-da-coreia/
Apaixonante o drama “Mr. Sunshine”, amei conhecer a história do Exército dos Justos, da Coréia.
História triste mas foi real de um povo sofrido!!
Série maravilhosa, e mostra a história de um povo sofrido , mas com esperança de dias melhores
Série maravilhosa, fiquei muito comovida e também com raiva, guerra é um horror
Adorei a série e me emocionei com as perdas e o sofrimento das pessoas.
Gostaria de saber se o casal que fez os papéis principais da série existiu mesmo na vida real e o que.
O exército dos justos existiu na vida real, assim como algumas figuras políticas representadas na série.
Todos os personagens do filme sao ficticios ?