Com Milton Cunha, série do Sambistas da Depressão esmiúça enredos sobre negritude

O carnavalesco Milton Cunha. Crédito: Jornal Extra.

Tem sido inspiradora, e alimentado sonhos, uma série de rodas de conversa virtuais promovidas pelo canal do Sambistas da Depressão, no YouTube, conduzidas pelo carnavalesco Milton Cunha – que é comentarista dos desfiles das escolas de samba, na televisão (TV Globo). Denominada “Enredo e Questões de Negritude no Samba”, a série estreou em junho. Ela esmiúça os enredos, para o próximo Carnaval, que vão abordar temas relacionados à negritude propriamente dita.

Os bate-papos envolvem os artistas das escolas envolvidos no desenvolvimento de tais enredos e nos trabalhos em geral, para dar forma às ideias. São verdadeiras imersões. Em dois universos: no das escolas de samba e no da história da negritude brasileira. As transmissões dos encontros remotos – com cada participante em sua casa – ocorrem às terças-feiras, mas quem não pode acompanhar em tempo real (meu caso; estou em aula) consegue conferir depois. Os vídeos ficam disponíveis lá no canal.

Crédito: Wagner Rodrigues Facebook Sambistas da Depressão.

Antes de iniciar o papo, Milton Cunha, em cada episódio, traz indicações de referências bibliográficas, como sugestão para aprofundamento teórico. Na sequência, os convidados vão chegando à conversa, compartilhando suas vivências, falando sobre as atividades que vêm realizando, e traçando perspectivas. Até o momento em que estas palavras são escritas, foram três episódios: conversa com o pessoal do Salgueiro (enredo “Resistência”); da Beija-Flor (“Empretecer o pensamento é ouvir a voz da Beija-Flor”); e da Vila Isabel (“Canta, canta, minha gente! A Vila é de Martinho!”). Na conversa com a equipe do Salgueiro, a professora Helena Theodoro, autora do texto do enredo da escola para o próximo Carnaval, encantou com sua aula.

No episódio com a Beija-Flor, foi contagiante a felicidade da porta-bandeira Selminha Sorriso ao relatar o quanto o trabalho na concretização do enredo tem acrescentado-lhe conhecimento de mundo.

Na vez da Vila Isabel, como não sentir orgulho alheio ao ouvir Analimar transbordando de alegria e expectativa com a homenagem que a escola vai fazer ao pai, Martinho da Vila? É emocionante. Analimar e todos nós esperamos que chegue o logo o dia de conferir essas e outras homenagens na passarela do samba. Oxalá em 2021, mas, se não der, aguardaremos, respeitosos à vida. Enquanto isso, o Sambistas da Depressão e o Milton Cunha vão fazendo a gente sentir um gostinho. Vão fazendo a gente sonhar – sonhar sonhando um sonho sonhado. O sonho de um sonho.

 

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por Anders Noren

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