
Muito tem sido debatido sobre a crise da Evergrande e um ambiente de incerteza tem prevalecido entre as principais análises sobre o tema no Brasil. No entanto, é também verdade que muitas destas argumentações não têm levado em conta alguns aspectos importantes como a singularidade da economia chinesa e, em especial, a capacidade de atuação do Estado chinês em promover transformações significativas na estrutura econômica dos mais diversos setores do país. Uma realidade que praticamente não existe para as economias onde a lei do mercado está acima do poder de atuação Estatal, como ocorre no Brasil.
Em entrevista ao jornal Valor Econômico, realizada pela jornalista Olívia Bulla, o professor em ciências econômicas e relações internacionais da Univerdade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), também especialista em China, Elias Jabbour afirma que a preocupação central do governo chinês é evitar uma especulação e abrir caminho para a regulamentação do setor. “É uma regulação para conter a especulação imobiliária. O objetivo estratégico do governo é apertar o cerco sobre o setor imobiliário, aumentando a regulação, assim como fizeram com as big techs. E a crise da Evergrande é a oportunidade para isso”, explica Jabbour ao Valor.
Ele ainda ressaltou na entrevista que haverá algum tipo de intervenção do governo chinês para evitar um risco social, como o risco de perda da moradia, e ainda acrescenta que a empresa terá de cumprir com suas obrigações. “A Evergrande não vai sair dessa sem cumprir com as obrigações. Não vão fazer como em 2008 quando socorreram os bancos. As empresas chinesas podem ser grandes, mas não podem ter poder de monopólio”, conclui Jabbour para o jornal brasileiro. Agora com as recentes especulações sobre estatização da empresa, o pesquisador lança novo vídeo sobre esta discussão, e outras questões importantes relacionadas, em seu programa “Meia Noite em Pequim”, vinculado e produzido pela Fundação Grabois no YouTube. Assista abaixo.
Deixe seu comentário