Jovens e estudantes dos países do BRICS promovem iniciativa para aprender a história da Segunda Guerra Mundial

Crédito: BRICS – Mundo das Tradições.

A ideia de criar uma comunidade internacional juvenil para estudar a história da Segunda Guerra Mundial foi discutida no ato internacional, online, histórico e educacional da juventude “Voz da verdade” que aconteceu no dia 9 de maio de 2022, no âmbito do debate social e cultural multilateral do programa “Povos do BRICS escolhem a vida”. Os principais objetivos do encontro incluíram salvaguardar a verdade e a memória histórica universal sobre a Segunda Guerra Mundial e a Grande Guerra Patriótica de 1941-1945; combater a falsificação da história das guerras com o esforço de estudantes e jovens dos Estados membros do BRICS, enriquecendo os jovens com conhecimento verdadeiro sobre as principais batalhas da guerra e o papel de cada Estado na Vitória em comum, desenvolvendo a educação espiritual e patriótica da juventude.

O ato aconteceu com o apoio do Departamento de Planejamento de Política Externa do Ministério das Relações Exteriores (MRE) da Rússia, do Departamento de Museus e Relações Exteriores do Ministério da Cultura da Rússia, da Embaixada da Rússia na Índia, da Embaixada da China na Rússia, do Consulado Geral da Rússia no Rio de Janeiro, Brasil. Os organizadores da ação internacional, histórica e educacional foram a organização pública regional “BRICS: Mundo das Tradições”, localizada em Moscou, Rússia, e a Fundação Internacional para a Melhoria da Educação e Habilidades entre Jovens (International Youth Edu-Skills Foundation), com sede em Noida, Índia. Os moderadores do evento foram a jornalista e autora do documentário sobre a Segunda Guerra Mundial “Stalingrado Desconhecido” Anastasia Shkitina e o estudante da Escola de Governança e Política da Universidade MGIMO do MRE da Rússia Dmitri Kurbatov.

O ato reuniu estudantes e jovens dos países do BRICS, historiadores, acadêmicos, escritores, especialistas na área de segurança da informação internacional, diplomatas, o colunista da revista “International Affairs” Andrei Torin, os representantes das organizações-parceiras do programa “Povos do BRICS escolhem a vida”: Igor Gots, diretor administrativo da Associação “Afanasy Nikitin”, Moscou, Kira Ivanova, funcionária do escritório de projetos para cooperação internacional juvenil Rússia-BRICS, Ulyanovsk, e Anastasia Ilyushina, chefe do projeto “BRICS Youth Project Lab”, Universidade MGIMO do MRE da Rússia. A reunião festiva foi aberta pela presidente da organização pública regional “BRICS. Mundo das tradições” Liudmila Sekatcheva.

Em seu discurso de boas-vindas, ela parabenizou os participantes pelo Dia da Vitória e enfatizou a necessidade de dar voz em defesa da verdade histórica. Além disso, a também coordenadora do programa “Povos do BRICS escolhem a vida” destacou a oportunidade única de os alunos obterem informações confiáveis ​​de historiadores, escritores e especialistas no âmbito da história da Segunda Guerra Mundial. Concluindo seu discurso de boas-vindas, Sekatcheva pediu um minuto de silência em memória dos heróis que morreram na linha de frente. Os participantes da ação também foram recebidos pelo vice-ministro das Relações Exteriores da Federação Russa, o xerpa russo no BRICS Sergei Riabkov, cujo discurso foi lido pelo terceiro secretário do Departamento de Planejamento de Política Externa do Ministério das Relações Exteriores da Federação Russa Artem Fomin.

O ato heróico de nossos pais e avós sempre servirá como um exemplo brilhante de coragem e valor, grandeza moral e verdadeira fraternidade entre as diferentes nações. Em meio a mudanças tectônicas nas relações internacionais modernas, acompanhadas pelo aumento do radicalismo e de atos de neonacionalismo e xenofobia em várias regiões do mundo, é importante mais do que nunca preservar o patrimônio histórico e extrair lições apropriadas para evitar que a tragédia do século 20 volte a acontecer”, enfatizou Sergei Riabkov. Em seu discurso de boas-vindas, o chefe do Departamento de Museus e Relações Exteriores do Ministério da Cultura da Federação Russa, Aleksandr Voronko, destacou que “o pilar da verdade histórica comum servirá como uma base sólida para uma cooperação mais frutífera entre os membros do BRICS“.

As palavras de boas-vindas aos participantes  também foram proferidas pelos representantes das embaixadas dos países-membros do BRICS. O adido militar da Embaixada da República Popular da China na Federação da Rússia, Coronel Cao Xiaocan, confirmou a necessidade de os Estados defenderem a justiça e a verdade histórica citando o chefe da República Popular da China, Xi Jinping, que disse: “A Segunda A Guerra Mundial foi um desastre sem precedentes da história humana“. A equipe organizadora do encontro expressou o seu agradecimento à Embaixada da China na Rússia por ter dado inúmeros presentes (cerca de 200) aos veteranos e filhos da guerra – participantes do ato “Voz da Verdade” que foi realizado no dia 6 de maio, como parte da celebração do Dia da Vitória, no distrito do Aeroporto de Moscou, onde foram anunciadas as boas-vindas do adido militar da embaixada chinesa.

Por sua vez, o segundo secretário da Embaixada da Rússia na Índia, Aleksei Illuviev, fez os colegas lembrarem da participação dos soldados indianos no conflito internacional. Segundo ele, cerca de dois milhões e meio de indianos foram convocados para o serviço militar. “Dois soldados que serviram no exército britânico-indiano tinham a tarefa de entregar equipamento militar e munição do Iraque para a fronteira iraniana-soviética foram premiados com uma das principais ordens militares soviéticas – a Ordem da Estrela Vermelha, – acrescentou Aleksei Illuviev.

O adido do consulado-geral da Rússia no Rio de Janeiro Egor Sergatchev disse que no Brasil a história da Segunda Guerra Mundial e da Grande Guerra Patriótica são estudadas. Ele também mencionou que em 2019 o livro “A Grande Guerra Patriótica dos Soviéticos”, organizada por acadêmicos brasileiros foi publicada no Rio de Janeiro. “Realizamos uma exposição de fotos dedicada à Grande Guerra Patriótica e ao Dia da Vitória na primeira escola bilíngue intercultural russo-brasileira, localizada no estado do Rio de Janeiro, Brasil. Mais de 50 alunos aprenderam sobre a contribuição decisiva da União Soviética para a Vitória, bem comose aproximaram da história e da cultura do nosso país“, – acrescentou Egor Sergatchev. O referido livro de acadêmicos brasileiros  foi um dos principais temas da discussão.

“A Grande Guerra Patriótica dos Soviéticos” integra o projeto “Povos do BRICS: dedicado aos heróis da guerra”

A obra foi apresentada pelos coautores: o egresso da Faculdade de Filologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), um dos fundadores, organizadores e membro do “Grupo de Pesquisa 9 de Maio” Lucas Rubio; a jornalista (PUCRS), editora-chefe da revista de mídia “Revista intertelas” especialista em política internacional (PUCRS) e mestre em estudos estratégicos (UFRGS) Alessandra Scangarelli Brites, o mestre do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IFCS-UFRJ) Eden Pereira Lopes da Silva, bem como o pesquisador da história soviética, cofundador do Grupo de Estudos 9 de Maio, coautor e coorganizador do livro Ricardo Quiroga Vinhas. Todos eles manifestaram a esperança de que a memória histórica seja preservada, pois o início do século XXI foi marcado pela negação do papel da União Soviética na vitória sobre o fascismo.

Vivi na antiga Tchecoslováquia durante os primeiros 5 anos da minha vida, mas ainda me lembro bem dos livros e filmes históricos, bem como dos monumentos que sublinham o apoio da União Soviética aos partisans tchecoslovacos durante a sua resistência contra a ocupação nazista“, – declarou Ricardo Quiroga Vinhas. O papel dos monumentos na causa de salvaguardar a verdade histórica foi também abordado por Lucas Rubio. Na opinião dele, pessoas de vários países europeus querem esquecer esta tragédia. “Querem destruir os monumentos aos heróis-libertadores soviéticos, alguns são túmulos de soldados. Nós, no Brasil, consideramos tais medidas totalmente absurdas e nunca concordaremos com elas. Nunca nos esqueceremos dos heróis que sacrificaram suas vidas para libertar a humanidade!“, – acrescentou o também pesquisador brasileiro.

A contribuição dos historiadores da América Latina na causa de salvar a verdade histórica e o papel do corpo de expedição brasileiro na vitória sobre o fascismo foram ressaltados pelo professor, chefe do departamento de relações internacionais e política externa da Universidade MGIMO do MRE da Rússia Boris Martinov. Ele expressou a determinação de continuar a colaboração com os colegas estrangeiros no estudo das duas guerras. Falando sobre a obra brasileira, o acadêmico destacou: “Este livro tornou-se um marco. Mostrou a crescente e profunda atitude em relação à história da Grande Guerra Patriótica que agora está espalhando-se globalmente. Os acontecimentos históricos foram tratados de forma diferente em épocas diferentes. No entanto, a contribuição da União Soviética e do Exército Vermelho para a vitória não podem ser consideradas de forma ambígua“.

A historiadora e professora associada do Departamento de Estudos Regionais Estrangeiros da Escola Superior de Economia da Universidade Nacional de Pesquisa Olga Solodkova, que é filha do autor do livro “Amigos da União Soviética” Leonid Mitrokhin, falou sobre o papel da Índia na Segunda Guerra Mundial. Ela pontuou que: “A rota através da Índia e do Irã, por onde a carga do programa Land Lease dos Aliados era transportada para a URSS, foi uma verdadeira ‘estrada da vida’ para o nosso país que precisava desesperadamente de ajuda na época. Os cidadãos indianos comuns, que mesmo não sobendo muito sobre a URSS naqueles os tempos, trabalharam dia e noite para construir aquela estrada“. Já a principal especialista do Centro de Segurança da Informação Internacional, MGIMO, MRE da Rússia Marianna Alborova destacou a importância e o papel dos jovens e estudantes dos países do BRICS em salvarguardar a verdade histórica, manter a segurança da informação e a ciberestabilidade.

O ato contou ainda com a participaçãp do membro da União Internacional das Associações Públicas “Comité Público de Veteranos de Guerra”, Coronel Vladimir Bednov que representou o ato “Voz da Verdade”, no dia 5 de Maio, no Centro Regional de Propaganda e das Artes Plásticas, onde a exposição “Um minuto de silêncio. Artistas de Vladimir sobre a guerra” foi realizada. A participação da Índia na Segunda Guerra Mundial também foi levantada no discurso do membro do Conselho Curador da organização “BRICS: Mundo das Tradições”, Deepanshu Gupta. O fundador e presidente da International Youth Edu – Skills Foundation, Mohammad Akil, expressou a determinação dos estudantes em seus esforços para criar a versão eletrônica do livro brasileiro “A Grande Guerra Patriótica dos Soviéticos” em russo e em inglês, no intuito de publicá-la em sites estrangeiros e em portais informativos.

Segundo Li Jiaxin, estudante de doutorado na Universidade Estatal de Moscovo (MGU): “A ​​história é um espelho. E tanto aqueles que deram uma contribuição histórica, quanto aqueles que foram punidos pela história devem sempre olhar para a face da história, respeitá-la e lembrar a verdade sobre ela”. Os participantes chineses do ato – a estudante da Universidade da Amizade dos Povos da Rússia (PFUR) Xin Fanin e o presidente da Associação de Intercâmbio de Jovens China-Rússia de SKUR e membro do Escritório Internacional de Cooperação Juvenil Rússia-BRICS Zhang He lembraram que: “Existem numerosos eventos patrióticos na China onde, entre outras coisas, as pessoas se lembram da ajuda dos conselheiros soviéticos na luta chinesa contra os militaristas japoneses“.

Já os representantes da África do Sul – fundador e presidente da South African BRICS Youth Association (SABYA) Matlala Raymond e a fundadora e presidente da South African International Student Association (SAISA) Tumisang Victoria Maheso destacaram seu dever de disseminar conhecimento sobre a Guerra Mundial II. Segundo eles, esta parte da his´toria não está incluída em muitos currículos escolares do país. O líder da juventude sul-africana no BRICS admitiu conhecer o papel da África do Sul no conflito internacional do século XX apenas durante a ação.

Após todos as intervenções, os alunos dos países BRICS discutiram a necessidade de salvaguardar a verdade histórica e a memória. Os participantes expressaram unanimemente sua determinação em continuar a cooperação e concordaram que testemunharam o nascimento de uma nova comunidade de jovens para aprender a história da Segunda Guerra Mundial e da Grande Guerra Patriótica de 1941-1945. “A Verdade é um vaso frágil. Carregue-o ao longo de sua vida com cuidado, protegendo-o de ataques negativos e poluição! Os povos do BRICS escolhem a vida sem guerras, os povos do BRICS escolhem a Verdade!» – estas foram as palavras finais de Liudmila Sekatcheva que encerrou o ato “Voz da Verdade”.

Anastasia Shkitina
Jornalista da TV BRICS e diretora do documentário “Stalingrado Desconhecido”

Fonte: Texto originalmente publicado em russo no site da BRICS: Mundo das Tradições.
Link direto: https://www.bricsmt.ru/index.php/zhurnal/141-aktsiya-golos-pravdy-molodezh-i-studenty-stran-briks-planiruyut-sozdat-mezhdunarodnoe-soobshchestvo-po-izucheniyu-istorii-vtoroj-mirovoj-vojny

Tradução e adaptação – Alessandra Scangarelli Brites – Editora da Revista Intertelas

Assita ao ato online, na íntegra, pelo link abaixo

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por Anders Noren

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