“Asharq Al-Awsat”- África: uma arena de luta por influência entre as grandes potências

Crédito: reprodução da International Affairs.

Esta é uma “opinião dupla” muito interessante de um jornal árabe da Grã-Bretanha. “Mais uma vez, África desponta como palco de luta por influência entre as grandes potências, representadas pelos Estados Unidos, Rússia e China, através de visitas de funcionários dos três países ao continente, em busca de apoio e de manter influência à luz da intensificação dos conflitos internacionais sob a chamada ‘nova guerra fria’”, escreve “Asharq Al-Awsat” , o jornal diário pan-árabe do mundo, lançado em Londres.

No contexto da luta por influência, o secretário de Estado dos EUA, Anthony Blinken, iniciou no domingo uma viagem à África que incluiu África do Sul, República Democrática do Congo e Ruanda, em um movimento descrito como uma tentativa de “intensificar a atividade diplomática do EUA no continente”, pois coincide com a visita do embaixador dos EUA nas Nações Unidas.

Isso ocorreu após a viagem do ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, à África no mês passado, que incluiu Egito, Etiópia, Congo e Uganda, e a viagem do ministro das Relações Exteriores da China, que incluiu Eritreia, Quênia e Comores no início deste ano. A luta pela influência no continente africano não é nova, segundo o Dr. Attia Al-Esawy, especialista em assuntos africanos, que explicou em declarações que “a crise russo-ucraniana e a crise de Taiwan foram como um fósforo que acendeu o conflito entre os campos ocidentais e orientais sobre a África”. Salientou que as causas do conflito resumem-se em “a África ser uma fonte de matérias-primas, além de ser um grande mercado para a exportação de vários produtos”.

Al-Issawi diz que “O EUA e a França não querem que a China e a Rússia sejam únicas na África. O conflito é permanente e contínuo, mesmo que se desvaneça em períodos, depois volta à tona novamente de acordo com os interesses do governo dos EUA”. A visita de Blinken coincide com o anúncio de uma nova estratégia no continente africano , na qual disse que “esta visa reavivar o envolvimento estadunidense em todo o continente e focar na diplomacia e no desenvolvimento em vez da militarização“.

Oficialmente, os Estados Unidos da América tentam justificar a sua presença no continente como a serviço do desenvolvimento e não no contexto de um conflito com a China e a Rússia, o que foi confirmado pela Embaixadora dos Estados Unidos nas Nações Unidas Linda Thomas Greenfield, em suas declarações à margem de sua visita a Gana, dizendo que “os Estados Unidos se concentram em fornecer ajuda a Gana e Uganda diante da crise alimentar, não competindo com a China e a Rússia”.

Mas Cameron Hudson, especialista em relações EUA-África do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, diz em comentários publicados pela Foreign Policy, que “deve-se reconhecer que há uma competição especial com a China na África, e que Washington está muitas vezes do lado perdedor.” Al-Isawy diz que “a China goza de uma forte influência em todos os países do continente, porque não mostra vontade de impor influência política, e não estabelece condições políticas para a cooperação como os Estados Unidos da América. A partir daqui, encontramos Pequim presente em todos os países, mesmo naqueles sujeitos à influência ocidental como Angola, que tem uma base militar dos EUA”.

Quanto à Rússia, sua presença no continente depende de relações históricas e de sua participação no apoio aos movimentos de libertação do colonialismo, de modo que sua influência expande-se para um grande número de países africanos, especialmente Zimbábue, Angola, África do Sul, África Central, Nigéria e até Etiópia, especialmente na sequência das tensas relações entre Adis Abeba e Washington… É provável que Washington tome medidas adicionais a seu favor – uma cúpula EUA-África será realizada em Washington ainda este ano.

Fonte: Texto originalmente publicado em inglês no site da International Affairs.
Link direto: https://en.interaffairs.ru/article/asharq-al-awsat-africa-as-a-struggle-arena-for-influence-between-the-great-powers/

Tradução– Alessandra Scangarelli Brites – Intertelas

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por Anders Noren

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