Turquia espera ter suas demandas cumpridas por finlandeses e suecos para desbloquear adesões à OTAN

Primeiro Ministro da Suécia Ulf Kristersson (E) e Primeira Ministra da Finlândia Sanna Marin (D), 1 de novembro de 2022. Crédito: Twitter/ @FAB87F/Telesur.

Turquia exige ações finlandesas e suecas concretas para lidar com as preocupações de segurança turcas sobre a extradição de membros de grupos hostis antes de desbloquear sua adesão à OTAN, disseram especialistas antes de uma possível reunião entre Ancara e o chefe da OTAN no final desta semana. A Turquia é um dos dois membros da OTAN que ainda não ratificou a adesão dos dois países nórdicos que se candidataram oficialmente para ingressar na organização em maio, tendo como pano de fundo o conflito Rússia-Ucrânia.

O procedimento de adesão começou oficialmente no início de julho, depois que 30 membros da OTAN, incluindo a Turquia, assinaram os protocolos de adesão. Em seguida, os documentos seguem ao parlamento de cada membro para ratificar o pedido à aliança militar. No entanto, Ancara vem reclamando que os dois países avançaram lentamente no cumprimento de seus compromissos sobre as preocupações de segurança turcas, que são: a deportação e extradição de membros e associados do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) e do Movimento Gülen, ambos considerados organizações terroristas pela Turquia.

As delegações dos ministérios da justiça turco e finlandês realizaram uma reunião técnica na semana passada em Ancara sobre os pedidos de extradição, dando seguimento às promessas de segurança que a Finlândia fez junto com a Suécia em junho. Neste período, os três países chegaram a um acordo, com os outros dois prometendo apoiar a luta da Turquia contra o terrorismo e concordaram em abordar seus “pedidos pendentes de deportação ou extradição de suspeitos de terrorismo de forma rápida e completa”.

A Turquia espera que a Finlândia e a Suécia apoiem seus esforços para combater o PKK e o Movimento Gülen“, disse Oytun Orhan, analista do Centro de Estudos Estratégicos do Oriente Médio, com sede em Ancara, à Xinhua. Ela “espera medidas concretas“, disse Orhan. O PKK é considerado uma organização terrorista pela Turquia e por aliados ocidentais como a União Europeia. O Movimento Gulen leva o nome do líder e pregador muçulmano Fethullah Gulen, que vive nos Estados Unidos, do qual Ancara acusa ser o mentor do golpe fracassado de 2016 que matou pelo menos 250 pessoas.

Embora os dois países aspirantes à OTAN tenham feito concessões sobre o PKK, isso não se aplica aos membros do movimento Gülen, que não são considerados terroristas no Ocidente. De acordo com a presidência turca, Erdogan deve reunir-se no final desta semana na Turquia com o secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg, e na próxima semana com o recém-eleito primeiro-ministro da Suécia, Ulf Kristersson, para discutir as demandas turcas.

Para Batu Coskun, analista independente de risco político, a demanda turca por membros de Gülen provavelmente não será aceita. “Existem poucos precedentes para extradições políticas serem realizadas no direito internacional“, disse ele à Xinhua. Enquanto isso, Coskun argumentou que as reservas da Turquia sobre a adesão da Suécia e da Finlândia têm outra consideração – reforçando sua política externa para impressionar os eleitores no período que antecede as próximas eleições presidenciais e parlamentares em meados de 2023.

“As eleições estão próximas na Turquia, e esse tipo de retórica, particularmente em um fórum multilateral como a OTAN, é bem percebida pela maioria do eleitorado“, disse ele. No entanto, tanto Orhan quanto Coskun concluíram que a Turquia acabará por aprovar a adesão da Finlândia e da Suécia. “Seria muito caro para os turcos bloquearem esse processo de maneira aberta, principalmente quando há preocupações no Ocidente sobre a natureza das relações turco-russas“, acrescentou.

Fontes: Copyright Xinhua. Proibida a reprodução.
Links diretos: https://english.news.cn/20221101/f4ebed158f0143dd99adf515f3a6d917/c.html

Burak Akinci
Xinhua

Tradução – Alessandra Scangarelli Brites – Intertelas

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por Anders Noren

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