CCBB Rio estreia mostra de filmes produzidos exclusivamente por mulheres árabes

“Lift like a girl”, dirigido por Mayye Zayed. Crédito: divulgação.

O Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro (CCBB RJ) abre dia 22 de março de 2023 (quarta-feira) a Mostra de Cinema Árabe Feminino, que em sua 3ª edição apresenta uma seleção de 34 obras cinematográficas dirigidas por mulheres, retratando a diversidade do cinema árabe contemporâneo. Entre 22 de março e 10 de abril, serão exibidos filmes, a maioria inéditos no Brasil, de diversos formatos e gêneros – curtas, médias e longas-metragens de ficção e documentários – trazendo à tona a multiplicidade dessas cinematografias através de filmes realizados por mulheres em oito países: Egito, Líbano, Palestina, Sudão, Iêmen, Síria, Argélia e Marrocos. O festival é 100% gratuito e conta com patrocínio do Banco do Brasil.

Durante 20 dias, questões políticas, críticas sociais, vivências LGBTQIAP+, utopias, memória, tempo, família e masculinidades permeiam as produções de realizadoras árabes contemporâneas em uma programação que inclui ainda sessões comentadas, mesas redondas e uma masterclass com a premiada diretora libanesa Eliane Raheb – que vem ao Brasil especialmente para o evento e ministra a masterclass “Construção de personagens no cinema documental”, dia 2 de abril (domingo). De Raheb a mostra apresenta “Miguel’s War”, filme inédito no Brasil, que estreou no Panorama da Berlinale em 2021 e ganhou o Teddy de melhor longa-metragem, o Grande Prêmio do Júri no NewFEST, o prêmio de documentário no Festival de Cinema LGBT de Paris e o de melhor documentário no Festival de Cinema de Mizna. Raheb comenta seu filme no dia 6 de abril (quinta).

“Miguel’s War”, dirigido por Eliane Raheb. Crédito: divulgação.

Outra premiada diretora, também convidada internacional que vem ao Rio de Janeiro especialmente para a mostra, é a síria Soudade Kaadan, que comenta um de seus filmes – “Nezouh” – no dia 7 de abril (sexta). O drama apresenta a história de Zeina, de 14 anos, e sua família, que são os últimos a permanecer em sua cidade natal sitiada, Damasco, na Síria.
O filme de abertura da 3ª Mostra de Cinema Árabe Feminino é o longa-metragem inédito no Brasil “Lift like a girl” (Levante Como uma Garota) da diretora egípcia Mayye Zayed. O documentário, premiado com o prêmio Golden Dove no festival DOK Leipzig, acompanha uma garota egípcia de 14 anos que treina no local de treinamento das campeãs de elite do Egito para competir internacionalmente com levantamento de peso.

Outros longas da programação estreiam no Brasil, como “Foragers”, da palestina Jumana Manna, que traz os dramas em torno da prática de busca e coleta de plantas silvestres comestíveis na Palestina/Israel, com humor sarcástico e um ritmo meditativo; “Purple Sea”, de Amel Alzakout e Khaled Abdulwahed, documentário que traz o percurso de bote da Turquia para a Grécia realizado pela diretora; “The Zerda and the Songs of Forgetting” e “La Nouba des Femmes du MontChenoua”, ambos os filmes da importante escritora argelina Assia Djebar, que faleceu em 2015; e“The hour of liberation has arrived”, da diretora libanesa Heiny Srour, considerado o primeiro longa-metragem de uma mulher árabe a ser selecionado para o Festival de Cannes, em cópia restaurada deste filme.

Entre os 21 curtas exibidos, 14 são estreias no Brasil, como “As If No Misfortune Had Occurred in the Night”, realizado pela renomada diretora palestina Larissa Sansour; a trilogia “Life on the Caps”, realizado pela artista marroquina Meriem Bennani; e o filme “The Window”, da libanesa Sarah Kaskas, são outros dos vários destaques da mostra. A vasta programação inclui, ainda, homenagens às realizadoras Meriem Bennani (artista visual marroquina que trabalha com animação e arte contemporânea), Azza El Hassan (diretora palestina que, além da realização, fundou o projeto de restauração fílmica, curadoria e produção chamado The Void Project) e Basma Alsharif (artista visual e diretora de origem palestina).

Da marroquina Meriem Bennani, a mostra exibe a sua trilogia “Life on the Caps” e seu curta-metragem “2 Lizards”, todos inéditos no Brasil. Da palestina Basma AlSharif, três curtas-metragens: “Home Movies Gaza”, “A field guide to the ferns” e “We began by measuring distance”. A diretora palestina Azza El Hassan é representada por seus dois longas-metragens: “News Time” e “Kings & Extras”. A curadoria desta terceira edição é das brasileiras Analu Bambirra, Carol Almeida e da egípcia Alia Ayman.

“Life on the Caps”, dirigido por Larissa Sansour. Crédito: divulgação.
“Kings & Extras”, dirigido por Azza El Hassan. Crédito: divulgação.

Em sua terceira edição, a mostra reafirma seu interesse em apresentar um recorte da produção cinematográfica árabe. Nesta edição, além de percebermos a interseção entre o cinema e as artes visuais (através de diretoras como Meriem Bennani, Basma Alsharif, Larissa Sansour e Jumana Mana), reforçamos o quão diverso e rico é o cinema árabe, indo de narrativas tradicionais até novas formas e experimentos cinematográficos. Os filmes que apresentamos representam imagens ‘frescas’, imagens às quais acreditamos que brasileiros deveriam ter mais acesso”, dizem as curadoras Analu Bambirra, Carol Almeida e Alia Ayman.

Depois do Rio de Janeiro, a 3ª Mostra de Cinema Árabe Feminino, segue para o CCBB Brasília (28/03 a 16/04/2023) e para o CCBB São Paulo (22/04 a 14/05/2023). O projeto é uma realização da Partisane Filmes, com patrocínio do Banco do Brasil e apoio da Arsenal – Institut für Film und Videokunst.

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por Anders Noren

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