John Shipton, pai do fundador da Wikileaks, virá ao Brasil para promover o documentário “Ithaka: a luta de Assange”

John Shipton. Crédito: Divulgação/Pandora Filmes.

Ativista e pai de Julian AssangeJohn Shipton virá ao Brasil para promover o filme “Ithakaa luta de Assange”, dirigido por Ben Lawrence. A sua presença é aguardada em exibições especiais do documentário pelo país, bem como a participação em entrevistas com veículos de mídia e em debates sobre questões relacionadas à liberdade de imprensa, direitos humanos e tecnologia. Sua perspectiva única como pai e apoiador de Julian Assange traz uma dimensão pessoal e emocional à narrativa sobre a batalha legal e política que tem chamado a atenção mundial. A programação completa das atividades de John Shipton, incluindo locais, datas e horários de eventos, será anunciada em breve.

Com distribuição da Pandora Filmes e lançamento exclusivo nos cinemas para o dia 31 de agosto, “Ithaka: a luta de Assange” tem ao centro o ativista australiano Julian Assange, o preso político mais famoso da atualidade, cuja condenação nos EUA coloca em xeque a liberdade de imprensa no mundo todo. O documentário acompanha a luta de seu pai, John Shipton, na tentativa de salvar seu filho.

John Shipton falando com a imprensa. Crédito: Divulgação/ Pandora Filmes.

Nascido na Austrália, Assange fundou o Wikileaks, em 2006, que, em 2010, divulgou, entre outros, documentos secretos do Exército Americano sobre a Guerra do Afeganistão. Desde então, o ativista, preso em 2019, quando morava no Equador, após pedir asilo político no país, está na prisão de segurança máxima de Belmarsh, na Inglaterra, enquanto, até hoje, os EUA seguem em busca da extradição.

A ideia do filme partiu do meio-irmão de Julian, o produtor Gabriel Shipton, que procurou o diretor Lawrence com a proposta do filme. “O conceito do documentário era acompanhar o pai deles pelo mundo enquanto fazia campanha pela liberdade de Julian. Gabriel visitou Julian pela primeira vez na prisão de Belmarsh em 2019 e ficou tão impressionado com a terrível condição em que o irmão estava, que decidiu começar o processo de contar sua história como um documentário. Então, quando cheguei no filme, no final de 2020, eles já estavam filmando há seis meses”.

Família de Julian Assange. Crédito: Divulgação/Pandora Filmes.

Foi o próprio Gabriel, que divide os créditos de produção com Adrian Devant, irmão da esposa de Assange,  Stella Devant, que convenceu a família a se abrir diante das câmeras e contar sua história. “Com o apoio dele, pudemos nos aproximar dos familiares, em especial de John. Também creio que a maneira observacional pela qual construímos o filme ajudou na atmosfera de confiança e produziu um ambiente no qual pudemos filmar reuniões familiares e momentos íntimos”, disse o cineasta em entrevista. O documentarista aponta que, para ele, a ideia essencial do filme era apresentar John como uma figura muito humana em meio ao caos que sua vida se transformou com a prisão de Assange. Há momentos, por exemplo, em que o pai do ativista opta por não responder perguntas, algo que Lawrence não vê exatamente como um problema.

Essa opção é tão reveladora quanto uma resposta detalhada e prolixa. O importante é que essas perguntas foram feitas. Em alguns aspectos, as perguntas que John não respondeu e os sentimentos por trás delas seriam diminuídos por palavras. Essas questões de conexão familiar – são questões complexas e profundas. Então, como começamos a realmente expressá-los plenamente? Acho que foi importante ver John se irritar com minhas perguntas. Foi um processo difícil, mas é importante dizer que muitas vezes ele acabava de chegar em casa depois de uma dúzia ou mais de entrevistas e só via seu filho à distância do outro lado do tribunal”.

Lawrence, por fim, aponta que Assange pagou um alto preço por seu trabalho. “Nesse tempo em que acompanho de perto sua história, percebi um aumento acentuado no apoio a ele e ao seu trabalho, o que é encorajador. Eu realmente não acho que haja qualquer pessoa de renome que acredite que sua acusação deva continuar. Todos os principais jornais globais pediram sua libertação. Um número alto de líderes mundiais também. Milhões de pessoas em todo o mundo estão pedindo ativamente por sua libertação e todos os principais grupos globais de direitos humanos e imprensa livre estão pedindo o fim de seu processo”. “Ithaka: a luta de Assange” tem recebido excelente acolhida por onde passa. Peter Bradshaw, do The Guardian, diz que o longa “é de partir o coração”, e a crítica australiana Margaret Pomeranz classifica o filme como “uma obra valiosa, importante, e completamente fascinante”.

Fonte: Texto publicado retirado do site do Instituto Humanitas Unisinos.
Link direto: https://www.ihu.unisinos.br/categorias/631276-pai-de-julian-assange-john-shipton-vira-ao-brasil-para-promover-o-documentario-ithaka-a-luta-de-assange

Federação Internacional de Jornalistas intercede por Assange

Já será demasiado tarde quando tomarmos conhecimento de que um avião voou rumo aos Estados Unidos com Julian Assange a bordo… Demasiado tarde para arrependermos de ter sido testemunhas de uma das maiores injustiças que nossa profissão conheceu”, diz o editorial da Federação Internacional de Jornalistas (FIJ), que pede a soltura de Assange. A presidenta da FIJ, Dominique Pradalié, sugeriu a redação de artigo de opinião sobre a situação de Assange a dois grandes jornais franceses, Le Monde e Liberation. Recebeu como resposta que “não tinham espaço” para tanto, nem mesmo em suas páginas na web. No entanto, os dois jornais preencheram, há anos, páginas e páginas com histórias fornecidas por Assange e o Wikileaks.

Em meio à guerra da Ucrânia e da polarização mundial, os detratores dos governos do Reino Unido, dos Estados Unidos e da Suécia – que pedem sua detenção (de Assange) por agressão sexual – o utilizam em benefício de seus interesses políticos e geopolíticos”, contesta o secretário geral da FIJ, Anthony Bellanger. Ele também critica os governos da França, da Alemanha e do Canadá por nenhum deles oferecer asilo ao ativista. “Quando a profissão se mostrar estupefata após a extradição de Assange, nenhum jornalista ou meio de comunicação poderá dizer que não o sabia. Histórias semelhantes se multiplicarão. Porque se ele for condenado, ‘qualquer jornalista poderá incorrer na mesma sorte’”, destaca Bellanger.

Fonte: Texto publicado retirado do site do Instituto Humanitas Unisinos.
Link direto: https://www.ihu.unisinos.br/categorias/630376-federacao-internacional-de-jornalistas-intercede-por-assange

A reportagem é de Edelberto Behs.

ABI apresenta denúncia na Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA contra a prisão de Julian Assange 

A Associação Brasileira de Imprensa encaminhou à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA um Informe sobre a situação de violação de direitos humanos, envolvendo Julian Assange, pelo pedido de extradição e possível condenação nos Estados Unidos, com a possibilidade de criação de alarmante precedente contra a democracia. Entendendo que os Estados Unidos estão submetidos ao Sistema Interamericano de Direitos Humanos da OEA, a ABI considera que a prisão de Assange, na Inglaterra, por determinação norte-americana, constitui uma violação do direito humano à liberdade de expressão.

A ABI acredita que com esta medida inicial, da qual se espera uma posição formal da CIDH, possa se iniciar um escalonamento do problema. Para Octávio Costa, presidente da ABI, a entidade cumpre seu papel histórico de estar ao lado da defesa intransigente dos direitos humanos, especialmente da liberdade de expressão e de imprensa. Para Carlos Nicodemos, advogado da ABI, se trata de uma primeira medida que abre caminho para a internacionalização de medidas no campo dos direitos humanos que podem alterar o quadro de violaçôes que se instalou com a prisão de Julian Assange.

A ABI solicitou que a Comissão Interamericana de Direitos Humanos apresente uma Nota Pública com um Comunicado de Imprensa de repúdio ao pedido de extradição dos Estados Unidos, afirmando o total apoio à liberdade de Julian Assange, como meio de garantia e respeito aos direitos humanos e à democracia nas Américas. A OEA informou que recebeu o pedido e o encaminhou à área responsável.

Fonte: Texto publicado originalmente pela ABI.
Link direto: https://www.abi.org.br/abi-apresenta-denuncia-na-comissao-interamericana-de-direitos-humanos-da-oea-contra-a-prisao-de-julian-assange/

Entidades pedem para que Lula conceda asilo a Julian Assange

No último mês, o judiciário britânico deu aval à extradição do jornalista Julian Assange para os Estados Unidos. Assange enfrenta 18 acusações criminais de espionagem e, em caso de condenação, pode receber uma sentença de até 175 anos de prisão. Essa decisão tem gerado debates acalorados, pois muitos enxergam nela uma ameaça à liberdade de imprensa e ao jornalismo investigativo e independente.

Diante dessa situação, um grupo composto por cientistas, jornalistas, professores, sindicalistas, lideranças da sociedade civil e entidades, incluindo a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), uniu forças e coletou quase 3 mil assinaturas em um manifesto. Nesse documento, as entidades solicitam ao presidente da República Brasileira, Luiz Inácio Lula da Silva, que conceda asilo político ao ativista e fundador do WikiLeaks.

O intuito também é de reforçar a demanda e aprofundar a discussão sobre o caso de Assange, além de afirmar as implicações para sociedades democráticas, a SBPC organizou um debate no dia 5 de julho de 2023. O evento teve como foco as ameaças à liberdade de imprensa evidenciadas por casos como o de Assange e Edward Snowden. Participaram o professor titular da Escola de Comunicações e Artes da USP Eugênio Bucci e a diretora executiva da Agência Pública, Natalia Viana. A mediação ficou a cargo do presidente da SBPC, Renato Janine Ribeiro.

Jornalismo e ciência

Durante a abertura do evento, Janine Ribeiro destacou a importância da discussão promovida pela SBPC. Ele ressaltou que, quando, há menos de um mês, surgiu a notícia de que um passo adicional havia sido dado rumo à entrega de Assange aos Estados Unidos, o grupo se uniu para redigir o manifesto. O objetivo era pedir ao presidente do Brasil que oferecesse asilo político ao jornalista, proporcionando-lhe a oportunidade de viver em liberdade em território brasileiro, em reconhecimento a tudo que ele fez pela democracia e pela imprensa livre.

O presidente da SBPC ressaltou a relevância das ações de Assange e Snowden em expor abusos de autoridade, enfatizando que tais ações deveriam ser alvo de valorização. “É lógico que, para aqueles que desejam um poder assentado em mentiras, o jornalismo e a ciência são alvos. E, no caso de Assange, é bom lembrar que se trata da revelação de informações sobre falsidades, crimes cometidos por instâncias de poder”, disse Ribeiro.

Imprensa omissa com Assange

Natália engrossou as críticas à condenação. Ela conheceu o jornalista pessoalmente. “Assange me convidou, assim como convidou outros jornalistas independentes, que não estavam associados a um veículo, e demais jornalistas do Sul Global. Por quê? Porque o WikiLeaks tinha estabelecido parcerias com cinco jornais, todos de grandes potências, né? Os colonizadores: na Espanha era o El País, na França era o Le Monde, o The New York Times (nos Estados Unidos), o The Guardian (na Inglaterra) e o Der Spiegel, da Alemanha”, disse.

Contudo, Natália revela que Assange já sabia que a postura destes grandes jornais seria uma posição de conivência com o poder econômico e com as grandes potências. Então, Natália argumenta que o WikiLeaks possui relevância especial para o jornalismo independente. “Uma coisa que a gente esquece é o papel do Assange na explosão do jornalismo independente. Não existiria Agência Pública sem o WikiLeaks, por exemplo, porque o WikiLeaks deu a oportunidade de muitos veículos pequenos fazerem jornalismo de qualidade, já que o conteúdo dele era distribuído gratuitamente. E, tampouco, haveria outros movimentos de vazamento de informações importantes no Brasil, como a Vaza Jato”, disse.

Fonte: Texto publicado originalmente pela Rede Brasil Atual.
Link direto: https://www.redebrasilatual.com.br/sem-categoria/entidades-pedem-para-que-lula-conceda-asilo-a-julian-assange/

A reportagem é de Gabriel Valery, da RBA.

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por Anders Noren

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