Instituto Kyoto: “Aprender mandarim abre portas para diversas oportunidades”

Crédito: Mariana Scangarelli Brites/Intertelas.

A China é um dos países da Ásia que, nas últimas décadas, tem sido o foco de debates em diversas áreas. Com grande potencial para tornar-se e consolidar-se como o centro político e econômico do continente asiático, o país reconquistou grande influencia na economia global. Assim, aprender sobre a China tornou-se uma tarefa importante para muitos profissionais. Além de ser a segunda maior economia do mundo atualmente, a China é o maior parceiro comercial do Brasil. As mudanças provocadas por esta nova configuração mundial fizeram com que muitos brasileiros procurassem aprender o que se chama de idioma chinês (mandarim).

Contudo, para um país milenar e complexo como este, incialmente, para muitos estudantes, pode ser difícil de compreender sua forma de pensar, seus costumes, e, acima de tudo, sua realidade linguística. Ao levar em conta esta realidade, o Instituto Kyoto (clique aqui), localizado em Campo Grande, Rio de Janeiro, busca promover a qualificação no aprendizado da língua e da cultura da China, em especial para bairros da cidade do Rio que têm pouco acesso, ou quase nenhuma opção de estudo nestas áreas.

No Instituto Kyoto, reconhecemos a importância crescente da Ásia. Países como a China estão se destacando no cenário econômico global, mesmo com os desafios presentes e a necessidade de se reconstruírem após conflitos passados. Esses países, cujas culturas os brasileiros não prestavam tanta atenção no passado, hoje são respeitadas e admiradas por aqui”, relatou o cofundador do Kyoto, Alex Martins de Castro. Nesta linha, em uma parceria com o Instituto Kyoto, a Revista Intertelas conversou com o professor de Mandarim Ozéas Lorena, formado em letras pela Universidade Castelo Branco e com mais de dez anos de ensino do chinês (mandarim).

Segundo relatado à Intertelas, o professor conta que o chinês (mandarim) chegou a sua vida por acaso. “Eu estudava francês na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e confesso que o chinês (mandarim) não era a minha preferência, nem a minha paixão. No entanto, um grupo de amigos me desafiou a aprender essa nova língua. Inicialmente, eu fiquei com muito medo, porque eu nunca tinha estudado um idioma asiático antes. Era tudo muito diferente das línguas neolatinas, mas ao passo que eu fui aprendendo e conhecendo mais sobre o idioma, a cultura e o povo chinês, eu fui me apaixonando. Foi uma paixão que surgiu aos poucos, já que eu tinha o mesmo preconceito que muitos têm sobre a língua chinesa (mandarim). Mas fui estudando e compreendendo que as barreiras existentes podem facilmente ser ultrapassadas“, contou.

Crédito: Instituto Kyoto.

Um pouco sobre o chinês (mandarim) e a diversidade linguística da China

A China é o quarto maior país no mundo em tamanho territorial e com uma população de 1,425 bilhão. Além da vasta parte continental, pertencem à união nacional chinesa diversas ilhas. Neste amplo espaço habitam 56 etnias, em que muitas resguardam o seu próprio idioma, ou dialeto. A etnia Han corresponde a 92% da população chinesa e o seu idioma é chamado no exterior de chinês (mandarim). Na China, o idioma é conhecido como pǔtōnghuà (em chinês tradicional: 普通話; em chinês simplificado: 普通话, literalmente “fala comum”). Por esta razão, este tornou-se o idioma mais falado no país e acabou sendo a língua que naturalmente auxilia a unificação das etnias que formam o povo chinês.

O número de falantes do chinês mandarim chega a mais de 955 milhões de falantes só na China, conforme o professor Lorena. Contudo, fazem parte do quadro linguístico nacional o tibetano, o mongol, o coreano, entre outras línguas e dialetos. De acordo com o professor Lorena, o chinês (mandarim) é proveniente da região norte de Beijing (Pequim), capital da China, surgindo mais ou menos na época da Dinastia Han (206 a.C. até 220 d.C).

Um pouco sobre os tons e os ideogramas que compõe a forma de escrever do chinês (mandarim)

Com o fim das dinastias chinesas, seus modelos civilizacionais, a implementação da república e a Revolução Chinesa de 1949, o chinês (mandarim) sofreu uma série de transformações que, na época e até os tempos atuais, visavam além de promover a reunificação do país, facilitar o processo de alfabetização. Diferente do português, o chinês (mandarim) não apresenta um alfabeto com letras que transcrevem os sons da fala. A base do idioma é o ideograma, conhecido popularmente no Brasil como um “desenho” e também chamado de caractere. Cada ideograma é lido como uma sílaba.

Na década de 1950, o governo chinês iniciou uma grande reforma da língua chinesa. Desta forma, foram criados comitês com diferentes incumbências. Enquanto uns tinha a tarefa de fazer do chinês (mandarim) a língua oficial e de simplificar o número de traços dos ideogramas, dando origem ao chamado chinês simplificado, o comitê presidido pelo linguista Zhou Youguang objetivou desenvolver um sistema de romanização (sistema para representar em alfabeto latino uma língua que usa outro sistema de escrita), para representar a pronúncia dos caracteres chineses.

O resultado de seu trabalho foi a criação do Pinyin, que serve como um guia de pronúncia, mas não como um sistema de escrita substitutivo. Atualmente, o Pinyin é o primeiro passo para aprender o chinês (mandarim). Ele tem 24 vogais e combinações das vogais e 23 consoantes. Junto ao Pinyin, o aluno precisa dominar bem os quatro tons do mandarim, cuja importância o professor Lorena explica no vídeo abaixo.

A forma de escrita do idioma chinês (mandarim) foi formado com base nos pictogramas. Os ideogramas serviram como forma de escrita para vários outros povos da Ásia e permanecem até hoje como ocorre no Japão. Segundo o professor Lorena, esses pictogramas são imagens que depois se transformaram em traços. Conforme ele, cada ideograma conta uma história, fala sobre a cultura e os costumes dos chineses, sendo um dos aspectos mais interessantes do idioma. Veja mais no vídeo abaixo.

Evolução da escrita de “cavalo”马. Crédito: reprodução do blog Uma brasileirinha na China.

Segundo o professor Lorena, algumas pessoas acham que é impossível aprender o chinês (mandarim) porque acreditam que é preciso saber todos os ideogramas existentes. “Na língua portuguesa, temos menos de 30 letras que vão se juntar com vogais para formar sílabas e palavras, mas, no chinês (mandarim), algumas fontes dizem que existem entre 56.000 ideogramas. Outros dizem que existem no mínimo 120.000. De uma forma, ou de outra, não é necessário você aprender tudo isso. Se você aprender entre 3000, você já fica alfabetizado no idioma chinês, já pode ler notícias, pode escrever e etc“, explicou. Saiba mais no vídeo abaixo, onde o professor explica melhor sobre a dinâmica de aprender o chinês (mandarim).

Outros benefícios em aprender o chinês (mandarim) e o diferencial do Instituto Kyoto

Para além do mercado de trabalho, o professor Lorena explicou outras vantagens que o aluno de chinês (mandarim) pode ter ao entrar nesta jornada de estudo: trabalhar outras partes do cérebro. “Quando você estuda o mandarim, você realiza um trabalho mental importante. Este é um idioma tonal como já explicado antes. Esta é um característica que os idiomas ocidentais não apresentam“, explicou. Uma outra questão que o professor salientou é a riqueza de variedades da culinária chinesa. “Creio que se fôssemos experimentar um prato da culinária chinesa por dia, durante toda nossa vida, não conseguiríamos comer todos os pratos que existem. É realmente muito vasto“, contou.

Quanto a dicas para melhor aprender e estudar o chinês (mandarim), o professor acredita que a mesma regra vale para o estudo de qualquer idioma. De acordo com ele, o aprendizado de uma língua é parecido com uma maratona de longa distância, onde não importa quem chega primeiro. “O que importa é que todos vão chegar lá. Então, se o aluno tiver um bom programa diário, ou semanal, cumprir este programa, seguir o ritmo dele, sem se comparar com outros e persistir, ele, ou ela certamente vai atingir o seu objetivo“, enfatizou. Já sobre o ensino do idioma (mandarim), o professor argumenta que é importante ter flexibilidade no que diz respeito ao método de ensino e, principalmente, ter calma e um material apropriado que faça a ponte necessária entre idiomas tão diferentes como o português e o chinês (mandarim). Veja mais no vídeo abaixo.

Texto por Alessandra Scangarelli Brites – jornalista, especialista em política internacional e Editora da Revista Intertelas

Edição dos vídeos por Mariana Scangarelli Brites – publicitária e designer da Revista Intertelas

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por Anders Noren

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