
A visita do presidente Jair Bolsonaro aos Estados Unidos não poderia ser pior, o caráter passivo e serviçal como se comportou o presidente da República Federativa do Brasil chegou a ser cômico, se não fosse trágico. O deslumbre foi estarrecedor, mas a pauta entreguista e antinacional foi pior, ainda mais por não ter havido por parte dos estadunidenses a menor contrapartida. Desafiando todo o histórico de independência e autonomia que a diplomacia brasileira construiu nos últimos 150 anos, Bolsonaro portou-se diante do “Grande Irmão” como um “Grande Idiota”.
Os vinte minutos reservados para Bolsonaro conversar com o presidente Donald Trump, demonstrou o tamanho da importância que o presidente brasileiro tem para o governo estadunidense. Querendo apoio para seu projeto de requentar a Guerra Fria, Bolsonaro entregou para os gringos a Embraer e a Base de Alcântara, suspendeu a exigência de visto para os estadunidenses viajarem ao Brasil, (enquanto os brasileiros pagam cerca de 150 dólares para irem aos Estados Unidos), falou mal dos imigrantes brasileiros, defendeu o “muro do Trump”, colocou a Amazônia à disposição dos ianques e por fim, solicitou ao Paulo Guedes que garantisse em inglês que entregaria a Previdência Social dos brasileiros para Wall Street.
Em sua sanha bajuladora Bolsonaro aproveitou para dar uma de cabo eleitoral de Donald Trump, fazendo discursos contra a China, a Venezuela, o socialismo e principalmente contra os imigrantes, os quais ele assegurou em entrevista para a FOX NEWS que na sua totalidade desejam fazer mal aos estadunidenses. Essa postura tacanha é a senha de acesso ao “Salão Oval”, sem esse alinhamento subordinado, jamais mister Trump teria recebido o caricato Bolsonaro. Nem mesmo depois de fazer campanha para Trump e ter assegurando que o Brasil seria o mais novo quintal estadunidense pelos próximos quatro anos, o governo brasileiro conseguiu a sua entrada na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Depois de entregar tudo ao governo estadunidense e garantir que o Brasil renunciaria por completo a autonomia de seu Estado nacional, Bolsonaro teve o direito de usar o boné de campanha de Donald Trump e jantar com Steve Bannon. Onde se discutiu por incrível que pareça, um golpe contra o vice-presidente Hamilton Mourão. O governo brasileiro chegou a um ponto tão extremo de subordinação ao “Irmão do Norte”, que o assessor de Trump faz críticas ao vice-presidente do Brasil e o presidente Bolsonaro consente. Isto é, o Brasil já se encontra sob domínio total de Washington e não foi preciso o uso de exércitos, a Quinta-Coluna encarregou-se de entregar o país.
O que assistimos nesses dias é o projeto particular de uma família mafiosa, desenvolvendo-se a partir da entrega do patrimônio nacional, nem mesmo a família real portuguesa foi tão lacaia com a Inglaterra. O finado D. João VI foi muito mais autêntico em sua fuga para o Brasil. Para além das bobagens verborrágicas de Bolsonaro e toda a tolice apresentada pelo “aspone” Steve Bannon e pelo lunático Olavo de Carvalho, o que conta são duas situações que colocam o país em grave risco.


A primeira é o contato que o presidente e seu ministro da justiça Sérgio Moro fizeram com a Agência Central de Inteligência (CIA), lugar de onde se originam os exércitos de robôs que ajudaram a eleger Bolsonaro. É com a CIA que Bolsonaro espera contar para continuar obtendo vantagens eleitorais através da fabricação de notícias falsas (fake news). Bolsonaro precisa da internet para a continuidade da Guerra Híbrida contra as forças progressistas brasileiras. O outro ponto que Bolsonaro/Moro precisam dos arapongas da CIA, é a obtenção de informações que possam intimidar, comprometer, ameaçar e até mesmo perseguir toda e qualquer oposição.
A segunda situação é o desmanche do Estado nacional e a sua total submissão ao capital financeiro internacional, transformando assim a economia brasileira em um apêndice dos grandes conglomerados estadunidenses, isto é, a transformação do mundo do trabalho brasileiro em uma gigantesca Uber, onde a informalidade e o capital privado ditem as normas, elevando assim o nível de dependência do Brasil dos países centrais. Esse processo é vital para a reeleição de Donald Trump e Jair Bolsonaro, que ao receber a pecha de “Trump dos Trópicos”, mostra que o seu único projeto é servir a Casa Branca.

A visita de Bolsonaro aos Estados Unidos foi a confirmação de que o Brasil não possui um governo e sim tem uma gerência, que está disposta a servir ao processo de recolonização da América Latina em favor do imperialismo. Sem o menor traço de nacionalismo e a menor identidade latino-americana, Bolsonaro e sua trupe foram aos Estados Unidos jurar fidelidade e como prova de sua sinceridade, entregaram o Brasil aos gringos, que não se furtarão em aprofundar todos os problemas estruturais que tanto dificultam a vida dos brasileiros.
Para completar a viagem, Bolsonaro presenteou Trump com uma camisa da seleção brasileira, símbolo maior da podridão que tomou conta deste país a partir do impeachment da presidente Dilma Roussef em 2016. Como podemos perceber a viagem do presidente Bolsonaro aos Estados Unidos foi apenas uma missão de entrega do país ao seu grande algoz.
“Pobre Brasil, tão longe de deus e tão perto de Bolsonaro”.
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