Alunos da escola municipal inauguram exposição sobre a independência da Coreia

Crédito: Facebook David Leal.

Na tarde do dia 21 de novembro de 2019, os estudantes da escola pública municipal Marília de Dirceu (Ipanema-RJ) inauguraram a exposição fotográfica “100 anos do Movimento Primeiro de Março e do estabelecimento do Governo Provisório da República da Coreia”, cujas imagens retratam o processo de luta política pelo estabelecimento do governo provisório coreano em 1919. Sob a liderança de David Leal, professor de história da rede pública do Rio de Janeiro, articulista e diretor artístico do Instituto Cultural Brasil-Japão (ICBJ-RJ), os alunos do ensino fundamental organizaram a recepção e a curadoria da exposição fotográfica. Foram aproximadamente 35 fotos em cavaletes de madeira espalhados pelo pátio da escola que formavam um circuito, contando a história visualmente.

Ao som de k-pop, os estudantes mostraram a crescente influência da cultura asiática no futuro das próximas gerações, ao mesmo tempo que aproveitaram a ocasião para defender a importância da educação pública! A exposição estará também na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, no palácio Pedro Ernesto, Praça Floriano (próximo ao Teatro Municipal do RJ) no centro da cidade entre os dias 26 e 29 de novembro. Para abertura, nesta data, foram confirmadas a presença do cônsul geral da República da Coreia em SP Hak You Kim e dos mesmos apoiadores que participaram da inauguração na escola Marília Dirceu. 

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O professor David Leal e sua turma tiveram apoio, primeiramente, da escola que sedia o evento, na pessoa da diretora e professora Cláudia Maria Libório; do Consulado Geral da República da Coreia em São Paulo (o RJ ainda não tem um consulado, ficando sob a jurisdição paulista), instituição que cedeu as imagens e os cavaletes representado pelo comissário Kim Yong-min; do Conselho Nacional da Unificação -Divisão Brasil, na pessoa de Sung Ju Na; da Confederação Brasileira de Taekwondo, representada pelo seu coordenador de Artes Marciais, o mestre Kim Yong Min; e com apoio do Grupo de Pesquisa em Mídia e Cultura Asiática Contemporânea – da UFF ( MidiÁsia).

Um pouco sobre o Movimento 1° de Março de 1919

O início do movimento dá-se com a promulgação da Declaração (proclamação) da Independência e sua leitura pública – tradicionalmente, se acredita que o ato ocorreu no Pagoda Park (na capital Seul), em 1 de março de 1919. Depois disso, as ruas foram tomadas e o lema “Viva a independência da Coreia!”, o que, aos poucos, fortaleceu várias manifestações. Com a visão política em transformação e a cultura coreana buscando espaço em meio a dominação japonesa, diferentes grupos sociais, como as mulheres, encontraram novas oportunidades após o movimento expressar suas opiniões pela primeira vez na Coreia. A data virou feriado nacional na Coreia do Sul.

Entre as falas que ocorreram durante a exposição, destaca-se as do senhor Sung Ju Na e do mestre Kim, os quais defenderam o papel da escola pública na formação das próximas lideranças do país, e elogiaram o ineditismo da atitude dos estudantes, destacando a emergente liderança global da Ásia no futuro. O mestre Kim também se comprometeu em oferecer aulas de taekwondo para todas e todos os interessados, destacando que é pela educação e pela percepção do cenário político contemporâneo que os estudantes poderão transformar a realidade carioca.

Além da exposição fotográfica, houve apresentações de k-pop ao som do grupo BTS e outras bandas conhecidas. As alunas Natália Souza Lopes Reis, Iasmin Rodrigues Melo e Sabrina Victoria Alves Rodrigues Gomes dançaram e discursaram contra a prática dos haters, ao final da primeira apresentação. Nas suas palavras, mencionaram o caso da cantora Sulli, atriz e cantora do grupo F(X), encontrada morta em outubro de 2019. “Tal situação deveria ensinar a todos uma lição de quão mal o desrespeito e a prática do ódio gratuito – o cerne do conceito de hater – podem fazer“.

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A cantora foi massivamente criticada após a exposição não proposital de seus seios ter viralizado na internet. Imediatamente depois, foi punida administrativamente e afastada de alguns de seus trabalhos. O quadro deu origem a uma reclusão da cantora que tempos depois foi encontrada morta em sua residência. Muitos culpam o dano psicológico causada por mensagens com ofensas e críticas severas de membros da comunidade de fãs do k-pop, no contexto das rixas entre fãs de grupos A e B.

Segundo a aluna, é trágico que em pleno séc. XXI, com tantas diferenças e diversidades na humanidade, pessoas sejam mortas ou atacadas psicologicamente por serem ou terem gostos diferentes. A estudante encerrou chamando a atenção para o fato de que gostar de cultura asiática tem sido ainda tema do bullying e convocou os seus colegas – e aos adultos presentes – a realizar uma reflexão, que vise promover ação contínua contra os preconceitos.

Mateus Nascimento

Mestrando em História pelo Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal Fluminense (UFF); professor de história e pesquisador do CEA – Centro de Estudos Asiáticos – da UFF e do MidiÁsia, Grupo de Pesquisa de Comunicação e Cultura Contemporânea da Ásia.

Edição Jornalística

Alessandra Scangarelli Brites

Jornalista (PUCRS), escritora, tradutora e pesquisadora vinculada ao MidiÁsia (Grupo de Pesquisa em Mídia e Cultura Asiática e Contemporânea da UFF). Especialista em Política Internacional (PUCRS) e Mestre em Estudos Estratégicos Internacionais (UFRGS). Além de jornalista, trabalhou como assistente de produção em algumas empresas de cinema de Porto Alegre e do Rio de Janeiro.

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