Mostra cultural “Impressões do Japão” almeja promover um conhecimento maior da cultura japonesa no Brasil

Crédito: Alessandra S. Brites/Revista Intertelas.

De 6 de fevereiro a 22 de março, o evento Impressões do Japão” traz ao público carioca exposições que englobam diversos elementos da cultura japonesa, além de diversas oficinas, palestras, show de música e mostra de filmes. Todas estas atividades visam celebrar a cooperação e integração que Brasil e Japão construíram ao longo de 125 anos. Como parte do mês do Japão, o Consulado-Geral do Japão no Rio de Janeiro promove esta iniciativa que acontece no Centro Cultural Correios, localizado na Rua Visconde de Itaboraí nº 20, de terça a domingo, 12h às 19h, com entrada franca.

Crédito: Consulado Gêral do Japão no Brasil.

Ontem, durante a abertura da programação, que contou com a presença de autoridades diplomáticas e outras que presidem instituições vinculadas a promover a colaboração entre Brasil e Japão, a Revista Intertelas teve a oportunidade de conversar com o cônsul geral do Japão no Rio de Janeiro Tetsuya Otsuru e o presidente do Instituto Cultural Brasil-Japão  Sohaku R. C. Bastos que comentaram sobre a importância desta iniciativa.

O Brasil é o país com maior número de japoneses e seus descendentes fora do Japão. Porém, apesar desta longa relação existir, nós ainda mantemos uma imagem bastante estereotipada tanto de japoneses, quanto de brasileiros. Acho que este evento promove uma visão mais ampla da cultura japonesa e visa contribuir para expandir e aprofundar mais o conhecimento do público brasileiro sobre o país”, afirmou Otsuru.

Crédito: Alessandra S. Brites/Revista Intertelas.

As distâncias entre os povos e os países estão diminuindo cada vez mais, em razão da tecnologia da comunicação e outros fatores. Eu acredito que em todas as áreas e setores Brasil e Japão estão de certa forma conectados. Contudo, para aprimorar a cooperação tanto no setor econômico, político e cultural é preciso conhecer de forma mais profunda um ao outro. E eventos como este servem para isso. No mundo atual há muita informação, mas pouco conhecimento real sobre os países e suas culturas. As informações são repassadas de forma bastante rápida pelas redes sociais e outras formas de comunicação como aplicativos e tal, mas isso não é o bastante para ter um entendimento e um conhecimento profundo da história, da situação política, econômica e da cultura de um país. Além disso, é importante também experimentar e experienciar um pouco dos costumes alheios. Isso amplia a visão de mundo das pessoas” salientou o cônsul japonês.

Ainda sobre o impacto do Brasil no Japão comentou: “o Japão tem uma presença significativa no Brasil e na cultura brasileira, mas o contrário também ocorre. Nas últimas décadas, um número maior de brasileiros passou a morar no Japão. Há cidades com uma presença significativa de brasileiros, em alguns casos eles correspondem a mais da metade da população local. Você encontra lá churrascarias e outros elementos da cultura brasileira. Posso afirmar que os japoneses, em geral, têm apreço e gostam do Brasil. Então há uma inclinação a estar mais próximo o que poderia ser uma chance grande para as autoridades brasileiras presentes no Japão realizarem eventos como estes lá. Momentos chaves em grandes eventos como a Olimpíada de Tokyo 2020 são propícios a isso também e se bem utilizados contribuem para uma visão mais real das culturas e dos países”, concluiu.

O cônsul geral do Japão no Rio de Janeiro, Tetsuya Otsuro (ao microfone) e o presidente do Instituto Cultural Brasil-Japão Sohaku R. C. Bastos (ao lado dir. do cônsul) Crédito: Alessandra S. Brites/Revista Intertelas.

A interação centenária entre as duas nações também foi destacada pelo presidente do Instituto Cultural Brasil-Japão Sohaku R. C. Bastos: “nos últimos 50 anos tem ocorrido um crescimento do interesse pela cultura japonesa no Brasil. Na minha época eram poucos brasileiros que se interessavam pelo Japão, mas hoje está ocorrendo uma espécie de resgate desta questão pela sociedade brasileira. A cultura japonesa já está entranhada no Brasil. Morei no Japão durante anos. Os japoneses têm bastante interesse pela cultura brasileira. Lá existem até escolas de samba e até a capoeira também está presente no cotidiano de muitos cidadãos daquele país. Então, há um interesse mútuo”.

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Ele também observou a relação histórica que os cidadãos brasileiros e japoneses estabeleceram e como o Brasil poderia melhor aproveitar alguns costumes da cultura japonesa. “Vamos lembrar que muitos japoneses e brasileiros casaram. Então, não estamos falando apenas de gerações de nisseis (segunda geração dos imigrantes japoneses), mas de pessoas que já têm origens nas duas culturas, inclusive de outros brasileiros, que possuem outras descendências que não a japonesa. No entanto, há muito o que ambas as culturas podem aprender uma com a outra. O Japão e até outros países da Ásia, a exemplo da China, trazem elementos culturais referentes a valores e comportamentos que visam viver de forma mais coletiva, de ter foco, determinação e resiliência. Veja a China que fez um hospital em 10 dias para combater o coronavírus. O Japão, em momentos extremos e de crise, mostrou que a colaboração é uma forma de combater problemas e outros infortúnios. O Brasil tem muito a absorver e aprender em questões desta natureza”.

O evento também contou com a participação do cônsul geral da China no Rio de Janeiro Li Yang. Crédito: Alessandra S. Brites/Revista Intertelas.

Segundo a assessoria do consulado, a exposição “Cartazes Japoneses – 7 Mestres do Design Gráfico”, com o oferecimento da Fundação Japão e curadoria da Bienal Internacional del Cartel en México, disponibiliza obras representativas da diversidade da arte do design gráfico, incluindo exemplares que se conectam ao ukiyo-e, um gênero de estampa japonesa semelhante à xilogravura. Ainda é salientado que tais cartazes, assim como ocorre no Brasil, são utilizados no Japão não apenas como peças gráficas para a publicidade de produtos, mas também para a propaganda de movimentos que visem a construção de uma cultura pacífica, ou a preservação do meio ambiente, por exemplo.

Já a exposição “A arte do origami” almeja promover uma experiencia do público local com a técnica milenar de dobradura japonesa. A atividade será coordenada por três grandes grupos expoentes da dobradura de papel no estado do Rio de Janeiro: Dobrando com Arte, sob a direção da professora Míriam Nigri Dana; Instituto Cultural Brasil Japão, sob a tutela da professora Leda Vaz; e Origami Niterói, liderado pela professora Kiyoko Itida Nagata.

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Palestras sobre artes marciais, oficinas de Ikebana (arranjo floral), mangá e taiko (tambores japoneses) também integram a programação. Na noite de abertura, o grupo Rio Nikkei Taiko da Associação Nikkei do Rio de Janeiro realizou uma apresentação ao público presente.

Ainda merece destaque, a mostra de “Calendários japoneses e peças de acervo”, com itens cedidos pela Japan Association for Calendars and Culture Promotion e do próprio consulado, na qual “pode-se perceber a passagem do tempo através de paisagens, jardins, roupas típicas, obras de arte, arranjos de ikebana e ilustrações”, ressalta o comunicado da instituição diplomática.

Com o oferecimento da Japão House São Paulo, a mostra “DÔ: a caminho da virtude” convida os participantes a aprofundar seus conhecimentos sobre a história, técnica e filosofia de seis das artes marciais japonesas. Estão em destaque os principais elementos, movimentos e conceitos do Aikidô, Kendô, Karatedô, Judô, Sumô e Kyudô.

No dia 7 de março, um show, com a direção de Davi Leal, integrante do Instituto Cultural Brasil-Japão, contará com a presença de músicos que apresentam um repertório de canções e composições brasileiras, japonesas e até de outros países da Ásia, A atração ocorre no Centro Cultural dos Correios, às 19h. Os músicos são: Gabi Buarque, Shen Ribeiro e Tatsuro Murakami. Para conseguir ingressos é preciso entrar em contato com a bilheteria uma hora antes do início do show. Por fim, a Fundação Japão disponibiliza uma mostra de filmes gratuita com títulos selecionados de seu acervo. Para mais informações sobre a programação, consulte o site do Consulado Geral do Japão no Rio de Janeiro

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por Anders Noren

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