A participação popular feminina na Guerra da Coreia

Crédito: David Guttenfelder/AP.

A palavra Juche pode ser resumida como “autossuficiência” ou “independência” e foi com essas palavras em mente que milhares de mulheres coreanas levantaram-se para lutar contra a dominação japonesa. Entre elas, destaca-se Kim Jong Suk, nascida em uma família patriótica e que deu tudo de si para a revolução e proteção dos ideários do Presidente Kim Il Sung.

Kim Jong Suk movimentou as massas femininas para participarem ativamente na Revolução e construção de uma nova Coreia, nos anos de ocupação japonesa. Durante as guerrilhas, desenvolveu táticas de combate, ensinou os homens a costurar e as mulheres como atirar uma arma. Após a liberação em 1945, participou ativamente na construção do Exército Popular da Coreia, introduziu os cursos de paraquedismo e de atiradores de elite, visitava construções de casas, hospitais, escolas e da Universidade Kim Il Sung, participando na organização das primeiras eleições e reunindo as mulheres na Associação de Mulheres Democráticas da Coreia.

Kim Jong Suk foi uma heroína revolucionária que organizou as mulheres coreanas na guerra contra a ocupação do Japão. Crédito: Centro de Estudos da Política Sogun – BR.

Graças a essas organizações de massas e do papel ativo que as mulheres desempenhavam, conseguiram conquistar sua independência: a primeira lei promulgada na parte Norte da Coreia foi a Lei de Igualdade Sexual, que foi um primeiro e importante passo para acabar com a ideologia feudal da velha sociedade que via o homem superior a mulher. Em 25 de junho de 1950 essa independência viu-se ameaçada pela agressão das forças imperialistas dos EUA. Com isso, as mulheres novamente levantaram e pegaram em suas armas para defender a soberania do seu país e também os seus direitos recém-conquistados.

Soldadas norte-coreanas em 2010. Crédito: Petar Kujundzic/Reuters.

As mulheres coreanas mobilizaram-se em defesa do socialismo e da sua independência. A veterana de guerra To Yun Ok, que havia avançado até a linha do rio Raktong durante a Guerra da Coreia, disse que as coreanas realizaram méritos na luta contra os imperialistas ianques:

Durante os cinco anos depois da libertação, as mulheres coreanas tornaram-se pela primeira vez verdadeiras donas do país, das fábricas e da terra graças ao Presidente Kim Il Sung e a heroína Kim Jong Suk.

Não podemos permitir que o nosso poder seja arrebatado pelos agressores imperialistas.

Por isso, quando os ianques começaram a guerra contra a nossa República Popular, nós, mulheres coreanas, incentivamos nossos maridos e filhos para lutarem e nós mesmas saímos e tomamos parte da frente de combate.”

Durante a Guerra da Coreia, numerosas heroínas e combatentes, conhecidas e desconhecidas, levaram-se na luta contra a agressão imperialistas. Entre elas, An Yong Ae, conhecida como “filha do Partido do Trabalho da Coreia”, Jo Sun Ok, que em um ato heroico lançou-se gravemente ferida contra um tanque inimigo carregando um pacote de explosivos na sua mão, Thae Son Hui, que como a primeira aviadora da Força Aérea realizou proezas ao abater os aviões dos estadunidenses e Jo Ok Hui, que mesmo presa pelos inimigos não se ajoelhou e manteve-se leal à pátria.

Três soldadas norte-coreanas, 1958. Crédito: Reddit.

Esses são apenas alguns exemplos, pois as mulheres durante a guerra estavam na linha de frente, estavam na retaguarda, eram espiãs, eram atiradoras de elite, operavam tanques, canhões de artilharia, artilharia antiaérea e caças de superioridade aérea, estavam em todos os ramos das forças armadas e em todos os combatentes direta ou indiretamente. As mulheres que estavam nas fábricas responsáveis por produzir munição, armamento e peças de reposição uniram-se no movimento “as fábricas também são a frente de combatente!”, com isso essas aumentaram a produção muitas vezes, sem receber nada em troca, transportando as cotas de munição e remédios sob chuva de balas e estilhaços de bomba.

Exemplares foram as operárias de Rakwon e da comuna Kunja, que asseguraram a produção bélica durante toda a guerra, mesmo sendo alvos das bombas americanas. As mulheres da comuna Jangsan (comuna de Hajang na época) e da aldeia em torno do rio Nam estavam à frente do aumento na produção de cereais durante a guerra, bem como na assistência médica na linha de frente sob o cheiro de pólvora.

A participação feminina na guerra contra o Japão e depois contra os EUA fez do Exército Popular da Coreia um dos exércitos com o maior número de efetivo de mulheres no mundo de hoje. Crédito: Centro de Estudos da Política Sogun – BR.

Todas as mulheres estavam unidas na linha de frente, na retaguarda, nas fábricas e cooperativas agrárias, com a convicção na Revolução Socialista e de que um pequeno país pobre era capaz de vencer a maior potência militar do mundo e seus fantoches. Assim que o armísticio de 1953 foi assinado, as mulheres levantaram-se mais uma vez para construir o país na velocidade Chollima. Embora tenha passado 67 anos desde o cessar fogo, o espírito revolucionário de defesa convicta do socialismo e da pátria ainda queima nos corações das mulheres do Monte Paektu*, e sempre que uma ameaça se ergue no horizonte são as primeiras em se voluntariarem para combater e defender a pátria socialista construída pelas gerações passadas.

(*O Monte Paektu é um local da Coreia onde nasceu a resistência anti-japonesa e hoje símbolo da tradição militar da Coreia Socialista)

Fonte: Texto originalmente publicado no site Centro de Estudos da Política Songun.
Link direto: https://cepsongunbr.com/2020/06/25/a-participacao-popular-feminina-na-guerra-da-coreia/

Gabriel Tanan
Vice-Presidente do CEPS-BR
(Com base em “Merits of Korean women realized by victory in war” da KCNA, 27 de julho de 2015)

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por Anders Noren

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