
Existe em Cuba outra revolução dentro da revolução? Sim, existe. Nosso Comandante-en-jefe, Fidel Castro Ruz, projetou com sua prosa cubana autêntica, reafirmando, de forma amorosa e com igualdade, o valor genuíno da mulher cubana quando exprimiu… “as mulheres constituem um verdadeiro exército a serviço da Revolução… as mulheres são uma revolução dentro da revolução … quando os homens lutam em uma região e as mulheres podem lutar, esses povos são invencíveis, e a mulher dessa localidade é invencível.”
Não há uma única passagem na história cubana que possa dispensar a rebeldia das mulheres. Desde as primeiras mambisas, que lutaram na nossa guerra pela independência contra o colonialismo espanhol, até mais recentemente onde as grades de uma prisão não derrotaram a fé de duas grandes mulheres: Haydee Santamaría e Melba Hernández, cuja nobreza e confiança transcendeu o tempo. Celia Sánchez, como tantas, que iluminou a Sierra Maestra. Vilma Espín, que nos convidou a continuar além dos nossos sonhos.
Com o triunfo de 1º de janeiro de 1959, profundas transformações ocorreram na condição e no costume das mulheres cubanas. Durante mais de seis décadas, o governo promulgou inúmeras leis e dispositivos legais expressando sua vontade política de garantir os direitos humanos de todos os cidadãos e, em particular, das mulheres, que, durante esses anos, lutaram por igualdade de direitos e oportunidades, impactando gradualmente toda a sociedade.
Junto com o campo jurídico, o Partido Comunista de Cuba (PCC) indicou que as propostas de promoções e os cargos de direção deveriam priorizar as mulheres e os negros, garantindo assim a composição de gênero e raça. A Federação das Mulheres Cubanas (FMC), que completou 60 anos no dia 23 de agosto, é o referencial teórico-metodológico para a formulação, implementação e acompanhamento das políticas voltadas para o setor.
Hoje a mulher cubana inspira e lidera a vanguarda científica na luta contra a pandemia, nas pesquisas e experiências clínicas que estão sendo realizadas para o desenvolvimento da vacina cubana contra o Covid-19, chamada Soberana 01, a primeira, em fase de testes na América Latina e no Caribe, e isso só foi possível porque Cuba tem um inegável desenvolvimento biotecnológico e farmacêutico.
Dentre os cientistas ilustres que estão desenvolvendo essa vacina, destacam-se as doutoras Belinda Sánchez Ramírez e Dagmar García; Laura Marta Rodríguez Noda, formada em microbiologia, e a engenheira Yaquelyn Rodríguez. Atualmente, 70% dos projetos de pesquisas mais importantes são liderados por mulheres. Em Cuba, 53,2% dos cientistas são mulheres. Elas também representam: 46,4% dos docentes, 66,6% da força de trabalho técnico e profissional, 28% dos membros da Academia Cubana de Ciências (uma taxa muito elevada em comparação com instituições semelhantes em outros países, que atingem de 8 a 10%). As jovens cubanas representam mais de 50% dos universitários, o que garante nossa continuidade.
Com o triunfo da Revolução, a mulher cubana enfrentou uma série de mudanças benéficas. Sua realidade deu uma guinada política, social, educacional, trabalhista, científica e econômica favorecendo a igualdade de condições, iniciando assim uma revolução dentro da revolução. Foram realizadas ações para incorporar ao trabalho as milhares de mulheres prostituídas e trabalhadoras domésticas, que enxameavam na Cuba de outrora submetida ao imperialismo. O “comandante chegou e mandou parar”, como nos conta Carlos Puebla em sua canção de que tanto gostamos. Assim começou a libertação da mulher em nosso país, já que o conceito de mulher limitava-se ao casamento e à criação dos filhos. Naquela época, o machismo estava bem enraizado na sociedade.
Em 23 de agosto de 1960, as organizações de mulheres do país reuniram-se para fundar, por iniciativa de Fidel e Vilma, a Federação das Mulheres Cubanas, uma organização encarregada de erradicar todas as formas de discriminação contra as mulheres, como uma resposta justa ao seu desejo de justiça e dignidade social e humana. Nessa reunião, Vilma Espín foi eleita presidente da federação. As tarefas da organização foram encarregadas, desde o primeiro momento, a investir na preparação integral das mulheres e na sua participação em todas as esferas da sociedade.
Leis foram promulgadas para beneficiar muito a mulher. Um exemplo disso é a lei da maternidade e o código da família. As leis trabalhistas para as mulheres em Cuba estão entre as mais avançadas do mundo. A representação feminina nos órgãos do poder popular demonstra a força feminina. Hoje as mulheres são médicas, operárias, cientistas, técnicas altamente qualificadas em todos os campos, paraquedistas, militares, empresas de construção, administradoras de engenharia, atletas, etc.
Em nosso país, as mulheres estão cada vez mais presentes nos espaços de participação política: a representação feminina é de 53,2% na Assembleia Nacional do Poder Popular, incluindo sua vice-presidente, a camarada Ana María Mari Machado; 10 mulheres compõem o Conselho de Estado, que é composto por 21 membros; 6 são ministras de 26 ministérios e 32 vice-ministras para 48,5%. A companheira Inés María Chapman é vice-primeira-ministra das 6 atuais. Nas últimas eleições para governadores e vice-governadores, 53,3% dos eleitos foram mulheres. Em síntese, nos órgãos estaduais e governamentais, 51,5% dos cargos de chefia são ocupados por mulheres.
É importante destacar que os sofrimentos que afetam as mulheres, como o feminicídio, a violência doméstica e de gênero, a prostituição, a dependência química, dentre outros, em Cuba não constituem fenômenos generalizados, apenas casos isolados que são julgados por nossas leis. As amplas possibilidades oferecidas pela sociedade socialista de acesso ao trabalho, educação, saúde, cultura, esporte, aliadas ao trabalho de prevenção, são os mecanismos mais eficazes para evitar essas condutas. No entanto, as mulheres devem continuar a ocupar cargos mais elevados nos cargos de liderança da sociedade e cargos relevantes na administração pública para ir eliminando gradativamente os vestígios de machismo que ainda existem.
O trabalho continua mesmo nestes momentos tensos e difíceis, a escassez de materiais agrava-se devido à petulância de um inimigo que tenta nos matar de fome, a ameaça de uma doença que destrói a vida continua em qualquer lugar do nosso país. Nesse contexto, as mulheres garantem serviços e produções fundamentais que facilitam o dia a dia e priorizam o cuidado de quem mais precisa.
Nesses momentos de enfrentamento à pandemia, a FMC prioriza o trabalho das mulheres incorporadas às investigações ativas para apoiar os grupos básicos de saúde, que estão desligando-se de suas ocupações tradicionais para tornarem-se costureiras e confeccionarem máscaras e outros recursos materiais essenciais para a proteção do pessoal médico e dos cubanos em geral, contribuindo para a orientação e organização do povo.
Elas transformaram seus pátios e jardins em áreas dedicadas à produção de alimentos, respondendo a uma tarefa estratégica delineada pela mais alta liderança do país. Nossas professoras mudaram seu cotidiano e preparam-se hoje para enfrentar o ano letivo de uma forma diferente, e têm mantido em comunicação com seus alunos. As cientistas contribuem para o desenvolvimento de protocolos de tratamento e no projeto de um modelo de vacina cubano, em meio a outros desafios colocados pela pandemia.
A este esforço somam-se o crescimento infinito e a qualidade humana demonstrada por nossas profissionais de saúde, que, afastando-se de seus entes queridos para colocarem-se à disposição para salvar vidas, dentro e fora das fronteiras cubanas, constituem o 63 % do pessoal médico que compõe as Brigadas Henry Reeve, que tem prestado socorro solidário a mais de 40 nações, mesmo colocando em risco a própria saúde.
O amplo prestígio internacional e as relações com os movimentos sociais e de mulheres em 122 países do mundo dão a oportunidade de nos unirmos para lutar: pela condenação do bloqueio econômico, financeiro e comercial do governo dos Estados Unidos contra Cuba; contra as novas medidas que tem impacto sobre as mulheres, além de neutralizar campanhas difamatórias e coordenar o escritório regional da Federação Democrática Internacional de Mulheres. Essas foram as metas alcançadas pela FMC, que tem a revolução como principal programa de igualdade para as mulheres neste território antilhano.
Hoje, quando o mundo vive uma das maiores crises de sua história, e da qual Cuba não está isenta, a secretária geral da FMC declarou “a pátria chama e tem pressa, não a façamos esperar, mais uma vez vamos manter a nossa inteligência, sagacidade e coragem ao lado da liderança política e governamental deste país, para o qual todos somos importantes”.
Eulalia González
Consulado Geral de Cuba em São Paulo
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