Romildo Araújo Lima, conhecido por todos pelo nome artístico RAL, é cartunista, ilustrador, diagramador e blogueiro RAL (clique aqui) Mas acima de tudo sempre foi um criador generoso que atendia a pedidos dos amigos e militantes sem cobrar um só centavo. Em dúvida, olhem este primor de imagem que ele criou sobre os crimes da ditadura.
Durante muito tempo, Ral esteve presente em todo o Brasil com a publicação de charges e cartuns no grande jornal O Pasquim. Mas nestes últimos tempos a vida, traiçoeira e ingrata, o atingiu com a Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), uma doença raríssima, que o leva a precisar 24 horas de enfermeiros, médicos e terapeutas especializados no tratamento da ELA. E mais fisioterapeutas na área motora/respiratória/ocupacional, fonoaudiólogo e nutricionista. Para que vejam o seu estado hoje, eis alguns vídeos da sua página no Facebook.
Mas pensam que Ral se entrega? Diante das despesas impossíveis à renda de um aposentado de classe média, ele reage com as armas da sua arte. E pede ajuda à sua maneira, uma ajuda em que o solidário é quem mais sai ganhando. Quem ajuda recebe a arte de Ral. Não é inventiva essa graça de um artista? Os recursos das vendas serão fundamentais para continuidade integral do seu tratamento da ELA. Comprem na Lojinha do RAL (clique aqui). Também podem adquirir direto pelo zap https://wa.me/c/55818468185
Sobre ele, publiquei no Dicionário Amoroso do Recife um texto do qual copio as primeiras linhas:
“Romildo Araújo Lima existe em uma certidão de nascimento. Mas para muitos jornalistas, Ral é quem existe. Ele é chargista, cartunista, ilustrador, artista múltiplo, em uma palavra, Ral. De síntese e simplicidade até no artístico nome. Homem de poucas falas, de pouca presença cênica, de temperamento contrário à promoção pessoal. Fazer com que ele fale sobre a própria pessoa não é fácil. Eu o conheço há mais de 40 anos. Quando nos vemos, sem palavras nos recordamos de um jornal pequeno, esperançoso e afoito como os loucos, que batizamos de A Xepa em 1973. Ainda assim, quando o entrevisto, evito olhá-lo de frente, porque ele se inibe e se acanha, fala baixo e se cala. É claro, bem sei que nesse particular a minha própria cara não ajuda, em qualquer entrevista.
No entanto, esse homem possui uma justa fama de criador, de artista gráfico maior do Brasil. Entendam, Lombroso e o cinema de Hollywood jamais compreenderão qualquer alma humana. Quem vê cara e caricatura de personagem jamais entenderá um criador de caricaturas. Dele já disse, com feliz precisão, o artista múltiplo e desenhista e homem de ação Ziraldo: ‘O desenho do Ral é primoroso — ele é um artista plástico. Ele tem um traço fino, leve, meio trágico, doloroso, dolorido, muito agressivo. Ele usa uma linha fina e tem sempre uns pontinhos pretos na inserção de suas linhas. Sempre um desenho muito cruel’. Depois, em uma mesa de restaurante completou: ‘Ral é um Deus do desenho’. A isso comentou Ral, depois: ‘Quando eu soube disso, eu pensei que ele estivesse se referindo a outro. Eu não sabia que ele se lembrava de mim’. Precisa dizer mais sobre a natureza íntegra e modesta desse artista?”
Agora, sabemos o que mais importa: comprem a arte de RAL na sua lojinha. Todos precisamos vencer a ELA.
Fonte: Texto originalmente publicado no site do Vermelho.
Link direto: https://vermelho.org.br/prosa-poesia-arte/urariano-mota-noel-neste-dezembro/
Urariano Mota
Escritor e jornalista, autor de “Soledad no Recife”, “O filho renegado de Deus” e “A mais longa duração da juventude”. Colunista do Vermelho, Jornal GGN, Brasil 247 e Revista Intertelas
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