Como o presidente eleito Lula remodelará o Brasil?

Luiz Inácio Lula da Silva (C, frente) participa de um evento de celebração em São Paulo, Brasil, em 30 de outubro de 2022. Crédito: Rahel Patrasso/Xinhua.

Depois de vencer o segundo turno da votação no domingo, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores, deve remodelar a maior economia da América Latina durante o mandato presidencial de quatro anos a partir de 1º de janeiro de 2023. Analistas acreditam que a vitória de Lula, que representa as forças de esquerda, indica que o novo governo tenderá para as classes média e baixa em termos de políticas econômicas e sociais, e também mudará a posição conservadora do atual presidente Jair Bolsonaro na diplomacia.

Foi uma vitória de margem mínima. Os resultados anunciados pelo Tribunal Superior Eleitoral do Brasil mostraram que Lula e Bolsonaro obtiveram 50,9% e 49,1% dos votos, respectivamente, durante a disputa eleitoral sem precedentes. Enquanto o Brasil vive atualmente polarização política e divisões de opinião pública, o que se reflete na margem recorde de 1,8 ponto percentual de votos entre os dois candidatos presidenciais, o “Retorno de Lula” deixou muitos brasileiros mais esperançosos com o desenvolvimento do país e seu próprio destino.

Como muitos problemas de governança se acumularam no mandato de Bolsonaro desde 2019, as ideias de campanha de Lula são oportunas e orientadas para problemas, um fator importante por trás de sua vitória final, segundo a maioria da mídia brasileira e observadores políticos. O desempenho do governo de Bolsonaro tem sido medíocre há muito tempo desde que ele assumiu o cargo em janeiro de 2019.

A pandemia de COVID-19 já esteve fora de controle no Brasil, que ocupava o segundo lugar no mundo em termos de mortes induzidas pela pandemia; a taxa de inflação em 2021 atingiu 10,06%, a maior taxa de crescimento anual em 6 anos; e a taxa média de desemprego em 2020 foi de 13,5%, a mais alta desde 2012. O lado positivo é que a economia começou a mostrar uma tendência positiva.

Lula, que foi presidente do Brasil por dois mandatos consecutivos desde 2003, tem rica experiência em governança nacional. Durante a campanha, ele apresentou uma série de propostas direcionadas e conquistou amplo reconhecimento público, especialmente entre as classes média e baixa, que tiveram um papel importante na vitória de Lula. Bolsonaro também foi criticado por não manter boas relações diplomáticas com alguns países importantes.

Lula ainda é o político mais influente do Brasil em nível internacional, disse Zhou Zhiwei, diretor executivo do Centro de Estudos Brasileiros da Academia Chinesa de Ciências Sociais. Assim que os resultados das eleições foram anunciados, Lula foi recebido com felicitações do presidente dos EUA, Joe Biden, e de muitos chefes de estado latino-americanos.

A opinião pública nacional acredita que o futuro governo Lula será de esquerda pragmático e moderado, centrado na vida das pessoas. O principal objetivo do novo governo é unir a maioria dos partidos e do povo para remodelar o Brasil. A margem extremamente estreita entre os votos conquistados pelos dois candidatos presidenciais revelou a polarização política e a divisão da opinião pública no Brasil nos últimos anos. A sociedade brasileira está preocupada que uma potencial agitação política e social possa continuar a assolar o país por muito tempo. Em resposta, Lula defendeu o estabelecimento de uma ampla coalizão para unir o país “profundamente dividido”.

Sobre o sustento da população, espera-se que Lula introduza políticas que beneficiem as classes média e baixa, com foco na solução dos problemas de alimentação, vestuário, saúde, educação e emprego, dando grande importância aos assuntos sociais e públicos, estreitando o fosso entre ricos e pobres e promovendo a igualdade social. Em termos de política econômica, Lula acredita que a prioridade é aliviar a inflação, melhorar o ambiente de negócios e alcançar a recuperação econômica o mais rápido possível. Ele também dá grande ênfase à “reindustrialização” e espera que o Brasil realize a transformação para uma economia verde digital.

Embora Lula tenha criticado a linha econômica neoliberal em várias ocasiões antes das eleições, analistas disseram que, à luz de sua tolerância a práticas específicas da economia neoliberal e da competição de mercado durante seu mandato passado, ele provavelmente continuará com a prática. Em relação à política externa, Lula pretende criar um ambiente externo estável e favorável para a economia brasileira altamente exportadora. Ele pode mudar a postura conservadora do governo Bolsonaro, fortalecer os mecanismos de cooperação regional na América Latina, aprofundar a cooperação com os países do BRICS e ajudar a estabelecer um novo modelo de governança global.

Lula recentemente expressou esperança de visitar a China novamente. Durante suas múltiplas visitas à China, Lula testemunhou o rápido desenvolvimento da China e assistiu às grandes conquistas chinesas no rejuvenescimento do país. Espera-se que as relações China-Brasil melhorem ainda mais no futuro, disseram especialistas.

Fontes: Copyright Xinhua. Proibida a reprodução.
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Bian Zhuodan
Para a Xinhua

Tradução – Alessandra Scangarelli Brites – Intertelas

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por Anders Noren

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