
“We need to study the origin and characteristics of Chinese civilization and culture, and form a comprehensive system of ideas rooted in Chinese culture”.
“Governance of China IV”, President Xi Jinping, pag. 359.
Instigado pelo chamamento das palavras do presidente Xi Jinping, o presente artigo revisita o marco inicial da cultura chinesa para entender o futuro indicado por ele na expressão Nova Era. A origem da cultura chinesa remonta à cosmogonia que o primeiro Herói Fundador da Cultura, Fúxī, 伏羲, ensinou através dos Guà 卦, conjuntos de figuras geométricas formadas pela superposição de linhas inteiras e linhas partidas.
Quatro conjuntos de duas linhas, representam as quatro estações. Oito conjuntos de três linhas, Bā Guà, 八卦, representam a família cósmica. Sessenta e quatro conjuntos de seis linhas representam os modos como a família cósmica vive e convive. Cada um dos sessenta e quatro hexagramas pode transformar-se em qualquer um dos outros sessenta e três hexagramas, pois linhas inteiras e linhas partidas envelhecem e, ao morrerem, transformam-se umas nas outras.
Desde antes de Shénnóng, 神农, o segundo Herói Fundador da Cultura, ensinar a agricultura até a fundação da Dinastia Zhou, a tradição de sabedoria dos Guà foi transmitida por milênios, de geração a geração, com o nome de Yi, 易Mutação. O primeiro código binário nasceu na China com os Guà, antes da agricultura, cuja datação mais recente estima tenha surgido entre 9.000 e 7.800 cal BP. O código binário usado no computador em que o presente artigo está sendo digitado deriva do código binário criado anteontem por Gottfried Wilhelm von Leibniz (1646-1716 era oficial), inspirado no precedente chinês ao qual Leibniz teve acesso graças a amigos que eram missionários na China.
Muitos milênios depois de sua criação, no décimo segundo século antes da era atual, os Guà foram comentados pelos fundadores da dinastia Zhou, o rei Zhōu Wén Wáng, 周文王, (1152-1050 antes da era oficial) e o Duque Zhōu Gōng, 周公. Os Guà acompanhados dos comentários formaram a obra que passou a ser chamada Zhōu yì 周易. Em torno de cinco séculos mais tarde, o Zhouyi, acrescido de comentários Confucionistas, as chamadas Dez Asas, Shí yì,十翼, foi incluído entre os Cinco Clássicos e essa obra passou a ser chamada Yijing, 易經, Clássico da Mutação.
Os comentários Confucionistas (Zhuan 傳) ao Yijing distinguem em cada hexagrama dois trigramas básicos, formados respectivamente pelas três primeiras linhas abaixo, e pelas três últimas linhas acima. Abaixo, o primeiro trigrama representa o mundo interno e expressa o caminho de entrada e formação inicial do tema do hexagrama. Acima, o segundo trigrama representa o mundo externo e expressa o caminho de conclusão e saída do tema do hexagrama.
Mundo interno e mundo externo no Yijing descrevem o modo peculiar do fluir da mutação em cada um dos sessenta e quatro hexagramas recorrentes e intercambiantes. Segundo os comentários Confucionistas, na Cosmogonia expressa nos Guà, todos os fenômenos são aparências da energia que se condensa em imagens celestes e terrenas que seguem mutantes enquanto duram, e depois desaparecem no processo de mutação quando a energia se descondensa.

A energia vem do Vazio, Xujing, 虛靜, e se condensa como mutação no interior do Vazio, e se descondensa no interior do Vazio. O Vazio permanece Vazio enquanto a fantasmagoria das formas aparentes surge, flui e desaparece em seu interior. A tela dos velhos cinemas permanece branca antes, durante, e depois da projeção em que, sobre ela, movem-se as imagens que fazem chorar e rir aos que por duas horas esquecem de si para imbuírem-se do drama ou da comédia que assistem.
Voltemos à estrutura básica dos hexagramas. A primeira etapa, o mundo interno, constitui o fundamento que sustentará a segunda etapa de cada hexagrama. Numa analogia, a função do mundo interno para a vida de uma árvore corresponde às raízes que darão sustentação e proverão alimento ao mundo externo, tronco e galhos.
Para os objetivos do presente artigo não precisaremos nos estender à função dos trigramas nucleares. A função estrutural dos trigramas básicos é suficiente para nos ajudar a identificar alguns exemplos de como conceitos fundacionais da Cultura Tradicional chinesa perpassam a trajetória ímpar da história recente da China no período desde 1949 até o Socialismo com Características Chinesas para a Nova Era exposto pelo Presidente Xi.
“If there were no 5.000-year Chinese civilization, how could we build anything with what we describe today as “Chinese characteristics”? And if it were not for these characteristics, how could we have successfully embarked on the path to “socialism with Chinese characteristics?”
Presidente Xi Jinping, “The Governance of China IV”, pag. 364.
Nessa passagem o presidente Xi nos mostra que sem a cultura multimilenar da China não seria possível existir o Socialismo com Características Chinesas. Será com este lembrete em mente que relembraremos o caminho do povo chinês na construção e atualização do seu modelo social nas últimas sete décadas. Em 1 de outubro de 1949 Mao Zedong e seus companheiros fundaram a República Popular da China sobre os escombros de um século de devastação desencadeada pela Guerra do Ópio quando, em 1860, na segunda derrota, os vitoriosos, Inglaterra, França e EUA, impuseram à China a legalização do comércio de ópio, além de perdas territoriais, enclaves de possessões estrangeiras, tratados comerciais injustos, que arruinaram a China e atraíram a invasão japonesa.
Como a república que fundaram era do povo, Mao Zedong e seus companheiros concluíram que para o povo reconstruir a pátria, era preciso que os estrangeiros residentes na China voltassem a seus locais de origem. O país precisava se fechar para que o povo pudesse reconstruir a China livre de pressões e interferências das potências hegemônicas. A libertação que tinha sido alcançada seguia ameaçada e era preciso preservá-la.
A duríssima lição da Guerra do Ópio não podia ser esquecida, para que não se repetisse o que sucedeu quando a China foi incapaz de se manter fechada, e incapaz de vencer o poder externo que a invadiu. A marinha chinesa, com sua frota de navios de junco, foi vencida pelos primeiros navios de ferro ingleses como o Nêmesis. O nome escolhido pelos almirantes ingleses para a mortífera embarcação refere à Deusa da Vingança, que na mitologia Grega encarnava o Ciúme, a Inveja e a Raiva. O nome escolhido pelos chineses para referir ao Nêmesis mostra que eles identificaram e traduziram com exatidão a natureza dos serviçais da maligna divindade movidos por cobiça: Nau dos Demônios.
No hexagrama 12, Pǐ, 否 , Estagnação, o trigrama do céu, Qián 乾, constituído por três linhas inteiras, está acima e se move em direção ao alto, ou seja, move-se para sair do hexagrama. Embaixo, o trigrama da terra, Kūn, 坤, se move em descida. A dissociação das energias primordiais, céu e terra, gera entorpecimento, fraqueza, declínio. O hexagrama está associado ao outono, véspera do inverno. Adiante neves cobrirão a terra e impedirão o cultivo de alimentos. A escuridão se expandirá. Viver será difícil. Morrer será fácil.
A vulnerabilidade militar da China na Guerra do Ópio era consequência de uma causa interior, profunda: a estagnação decorria da perda de sintonia com o Dao a movimentar a história. O tempo dos Impérios findava. Um novo ciclo começava. O Império chinês julgou poder alhear-se da história que começava a se mover na direção da planetarização. Quem busca se alhear da história é por ela inviabilizado. Estagnada, a China foi invadida e saqueada.
Após cem anos, em 1949, sobre terra destroçada com povo esfaimado, Mao Zedong e seus companheiros escolheram o caminho mais árduo. Reconstruir a China com seu povo e para seu povo. O fechamento era a condição temporária para assegurar a liberdade duramente conquistada, e ameaçada pelos poderes político-econômico-militar então mundialmente dominantes. Durante trinta anos, o povo e o governo trabalharam sob ameaças externas, como a guerra da Coréia, e condições adversas internas. Aprenderam com erros e acertos. Tal como Fúxī ensinou na etapa das três primeiras linhas dos hexagramas, construíram incansavelmente o fortalecimento do mundo interno para que a China um dia pudesse abrir-se ao exterior sem ser outra vez esmagada por ele.
Durante três décadas, o trabalho e sacrifício da geração que fundou a República do Povo transmitiu o ideal que os movia à primeira geração de chineses nascidos donos de seu país, após o século de pilhagem estrangeira: reconstruir a China como exemplo de civilização. Quando o espírito interior se fortalece, o caminho externo se desbloqueia. Em 1982 convergiam, o ideal compartilhado com a nova geração e um complexo de condições históricas maduras. Erros foram corrigidos. Acertos foram aprimorados. Deng Xiaoping voltou a ser reconhecido, pode finalmente formular o modelo social que a China buscava: Socialismo com Características Chinesas. Reforma e Abertura foram a aplicação prática do modelo.
A lógica chinesa tem sua matriz na função complementar dos opostos interdependentes expressa no Yijing pela função de paternidade, 乾 Qián, Criativo (que posteriormente deu origem ao conceito de Yang), e função de maternidade, 坤 Kūn, Receptivo (que posteriormente deu origem ao conceito de Yin). Herdeiro dessa Lógica ancestral, Deng Xiaoping criou o modelo de harmonia entre Estado e iniciativa privada como caminho para melhorar as condições de vida do povo chinês. Reforma para corrigir erros e melhorar acertos. Abertura para aprender com povos que prosperavam.
Desde lá, seguiu-se trabalho árduo durante quarenta anos para que Reforma e Abertura pudessem melhorar as condições de vida do povo, fortalecendo o plano interno, tal como o Yijing ensina. Unidos em harmonia, povo e governo conseguiram superar desafios e cumprir metas. A década passada foi crucial. A meta da erradicação da pobreza se aproximava. O Yijing na linha na quinta posição do hexagrama 12, Estagnação, recomenda cautela quando a estagnação está prestes a terminar. O texto diz: “E se fracassasse, e se fracassasse?” Na véspera do sucesso é fácil fracassar julgando-o assegurado. Antigo adágio chinês ensina a quem tem cem léguas para caminhar que deve considerar noventa e nove o meio do caminho.
Sempre é preciso corrigir erros. Sempre é preciso aprimorar acertos. Sempre é preciso identificar a hora de mudar o que deu certo para continuar a rejuvenescer. A ameaça de desatualização é constante pois a mutação é contínua. Em 2012, após sua primeira eleição, tal como o povo queria, o presidente Xi procedeu a correção de erros, e iniciou firme e incansável limpeza da corrupção. O hexagrama 18, Gǔ, 蠱 , Correção, Trabalho sobre o que se deteriorou, representa uma tigela no interior da qual proliferam vermes. É preciso remover os vermes e limpá-la, para que possa voltar a ser utilizada.
O Presidente Xi também identificou que tinha chegado o momento da China buscar qualidade no crescimento econômico. No Socialismo com Características Chinesas o crescimento econômico não é um valor em si mesmo, é meio necessário para a melhoria da vida do povo. O presidente Xi indicou que o crescimento econômico saudável precisava ser estável, eficiente e sustentável.
“We must not neglect quantitative development, but we must pay more attention to quality, so as to achieve effective growth in quantity through a substantial improvement in quality.”
A mudança precisava ser realizada não como salto ou ruptura, mas numa evolução orgânica. A etapa anterior não é subitamente abandonada. O desenvolvimento quantitativo e o desenvolvimento qualitativo precisam evoluir juntos. O qualitativo não substitui o quantitativo, mas o ajuda a melhorar. Como sempre, a arte de harmonizar os diferentes. A economia da China e a economia do mundo interagiam cada vez mais desde a Reforma e Abertura. Em 2012 a economia chinesa crescia mais rápido que a média mundial que se recuperava em ritmo lento após a crise de 2008. Com demanda externa fraca, a capacidade de produção da China corria o risco de se tornar ociosa.
Ao mesmo tempo era imperativo evoluir do modelo fabril e exportador como motor do crescimento econômico, para avançar na inovação científica e tecnológica como propulsoras do futuro. Para a visão chinesa, economia é uma realidade viva e mutante. O modelo que fizera a China se desenvolver precisava evoluir para responder aos novos desafios que o próprio desenvolvimento trouxera. Era preciso mudança. Novas circunstâncias exigem novas respostas (乾 Qián, Criativo), inspiradas nos mesmos princípios e visando a mesma meta (坤 Kūn, Receptivo).
“We should put innovation first because it is the primary driving force for development. The force of innovation determines the speed, effectiveness, and sustainability of development.”
Presidente Xi Jinping, “The Governance of China II” pag. 221.
Além do mundo que seguia em crescimento lento, veio se somar a guerra comercial contra a China no governo Trump. Os dois obstáculos inspiraram uma solução. A China era a oportunidade da China. A solução vinha da complementariedade dos opostos interdependentes: desenvolver o mercado interno como indutor do crescimento, com foco em inovação científica e tecnológica, e usar o crescimento do mercado interno para alimentar o comércio exterior, expandindo importações e reorientando exportações. O princípio de vasos comunicantes também funciona na economia. Mercado interno e mercado externo se realimentam mutuamente, assim como Qián, o Criativo, e Kūn, o Receptivo, quando interagem em harmonia geram filhos.
“We have decided to create a double development dynamic with the domestic economy as the mainstay and the domestic and international engagement providing mutual reinforcement.”
Presidente Xi Jinping, “The Governance of China IV”, pag. 178.
A Economia de Circulação Dual promoveu um novo impulso ao desenvolvimento chinês e acelerou a busca de parcerias em benefício mútuo entre a China e povos nos cinco continentes. A Economia de Circulação Dual pensa riqueza como energia em movimento para benefício de todos, e não como mera acumulação para usufruto dos acumuladores mais capazes. Energia em movimento, como ensinava Fúxī, e benefício de todos sob o céu, como ensinava a Dinastia Zhou em Tianxia 天下.
O êxito no esforço para erradicar a miséria e alcançar uma sociedade moderadamente próspera para mais de um bilhão e trezentos milhões de pessoas levou a China a se tornar protagonista no plano mundial. O fato externo é consequência do sucesso no esforço interno para estabelecer metas corretas e manter disciplina para cumpri-las. A data que a China havia estabelecido para atingir a meta de erradicação da pobreza era dezembro de 2020. O ano começou com a eclosão da trágica pandemia de Covid 19.
O governo chinês decretou lockdowns pois priorizou o essencial: salvar vidas. Conseguiu o mais baixo percentual de óbitos no mundo. Ao longo do ano de 2020 economias no mundo todo sofreram quedas. A China foi a única das grandes economias a crescer em 2020. A meta de erradicação da pobreza foi cumprida em novembro, um mês antes do prazo vencer. Como segunda maior economia mundial, maior exportador, e segundo maior importador, a China tem consciência das responsabilidades de ter se tornado um país forte.
Desde a Dinastia Zhou um ensinamento permanece vivo na Cultura chinesa. As interpretações mudaram ao longo da história pois cada época aprende segundo suas condições. Sob diferentes formas de compreensão, Tianxia 天下, ‘Todos sob o Céu’, nunca foi esquecido. O céu visto no hemisfério norte e o céu visto no hemisfério sul é um só. Nem todas as estrelas que brilham lá, brilham cá. Cada pessoa vê apenas uma parte do céu. Cada um tem algo aprender com os outros. Cada um tem algo a ensinar aos outros. Diferentes como somos, nascemos numa determinada cultura, participamos da história por um breve período, e morremos todos sob o mesmo céu.
A terra sobre a qual vivemos também é uma para todos como Iuri Gagarin, o primeiro ser humano a ir ao espaço, pode ver em 1961. Ele enxergou claramente a superfície da terra e seus relevos, não viu fronteiras entre países. Um céu acima, uma terra abaixo, e uma só família de aspirantes a humanos entre o céu e a terra. A tríade que inspirou três telhados do Templo do Céu em Beijing, ensinava na Dinastia Ming o senso de harmonia e fraternidade que a China nunca esqueceu, e que agora ressurge em nova versão para inspirar o futuro na visão do presidente Xi do Socialismo com Características Chinesas para a Nova Era.
O Socialismo com Características Chinesas proposto por Deng Xiaoping respondia ao desafio interno que a China enfrentava. O Socialismo com Características Chinesas para a Nova Era responde também ao novo desafio que a história acrescenta à China, pois agora inclui sua responsabilidade como país forte no plano externo.
“We must continue working to build a global community of shared future. Peace, concord and harmony are goals that China has pursued and carried forward for more than 5.000 years.
Presidente Xi Jinping, “The Governance of China IV”, pag. 13.
Usamos o hexagrama 12, Desintegração, para entender a vulnerabilidade da China no período da Guerra do Ópio. Recorreremos ao hexagrama 11, Tài, 泰, Paz, para nos ajudar a entender a harmonia entre as origens da cultura tradicional e a visão do presidente Xi no Socialismo com Características Chinesas para a Nova Era.
O hexagrama 11泰 Tài, Paz, refere à primavera. Três linhas inteiras, Qián 乾, que representam o céu, estão abaixo, no mundo interno, e sustentam com firme solidez as três linhas abertas acima, no mundo externo, que representam a terra, Kūn, 坤, e seus atributos de receptividade, maleabilidade e generosidade. Abaixo, o trigrama inferior, o céu, se move em direção ao alto. Acima, o trigrama superior, a terra, se move em direção abaixo. Os poderes primordiais, céu e terra, interagem em harmonia, e a vida prospera. Os diferentes convergem, dialogam, e cooperam em melhorias para todos.
Em 2022, nas Olimpíadas de Inverno em Beijing, um símbolo materializou o hexagrama 11, Paz, numa silenciosa e eloquente afirmação do que a China almeja promover no mundo. À frente da equipe chinesa veio um atleta forte, alto e corpulento. Sobre seus largos ombros ele carregava uma atleta esguia, ágil e leve. Qián 乾, embaixo, Kūn, 坤 em cima. Nenhum dos dois atletas poderia fazer o que o outro era capaz de fazer na sua modalidade e categoria.
Ambos eram excelentes. Ele personificava o trigrama Qián 乾, ela o trigrama Kūn, 坤. Ele embaixo, ela em cima, estavam unidos em harmonia para afirmar a Paz. A visão expressa pelo presidente Xi sobre a China no cenário mundial pode ser sintetizada em três palavras que ao longo da história sempre luziram como estrelas guias na Cultura chinesa. A China quer contribuir para Harmonia, Paz, e Solidariedade entre todos os povos.
Harmonia significa viver e conviver em sintonia com a mutação em sua regularidade imutável. Paz significa busca incansável do diálogo para que as pequenas razões particulares descubram juntas as grandes razões comunitárias. Solidariedade significa o reconhecimento de que os diferentes, somos todos unos sob o céu.
“Solidarity is the only route for the Chinese people to achieve historic successes.”
Presidente Xi Jinping, “The Governance of China IV”, pag. 41.
O hexagrama 8, Bǐ, 比, Manter a união, Solidariedade, é formado pelo trigrama Kūn, 坤, terra, abaixo, no mundo interno, e acima o trigrama Kǎn, 坎 , rio, no mundo externo. Rios correm sobre a terra, levados pelos declives. Cada rio tem um ponto de partida só seu, a nascente. O lugar de destino é o mesmo para todos os rios. Não importa de onde venham, não importa por onde corram, todos os rios desaguam no mar.
A matriz fundamental da cultura tradicional chinesa fluiu ininterrupta, em constante mutação, desde Fúxī até a Nova Era tal como exposta pelo Presidente Xi. Exemplificar o que sustenta essa afirmação durante toda a história da China vai muito além do escopo de um breve artigo. Buscamos aqui com uns poucos exemplos, apenas sugerir como o pensamento do presidente Xi segue em coerente harmonia com o legado de Fúxī e sua Cosmogonia expressa nos Guà.
Gustavo Pinto
Formado em Filosofia pela PUC-RJ e tradutor do “I Ching”. É autor dos livros “Relâmpagos”, “Gotas de Orvalho”, “Rito da Montanha Sagrada” e “Astrologia e Budismo”
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