
Começam hoje, 18 de setembro de 2023, as exibições presenciais da 7ª Edição da Mostra de Cinema Chinês no Auditório Umuarama, no Instituto CPFL, em Campinas. A programação segue até o dia 29 de setembro, neste local, sempre às 19h. Promovida pelo Instituto CPFL todos os anos em setembro, mês de comemoração da cultura Chinesa no Brasil, este ano a curadoria selecionou 13 obras de alguns dos grandes mestres do Cinema Chinês para uma Mostra online e outra presencial. A programação online já está disponível desde 1 de setembro para o público e permanecerá ativa até o dia 31 de outubro. A mostra tem patrocínio do Programação de Ação Cultural São Paulo (ICMS) e CPFL Energia, parceria do Instituto CPFL, apoio do Instituto Confúcio na Unicamp e realização da BraZuCah e Secretaria estadual da Cultura, Economia e Indústria Criativas de São Paulo.
Conforme os curadores Alê Amazonas e Lucas Chen, o trabalho realizado é um resgate histórico de obras antigas e icônicas da cinematografia chinesa. Em especial, o evento comemora os 100 anos do cineasta Xie Jin, percursor do cinema chinês e referência para a chamada Quinta Geração, composta por nomes conhecidos no Brasil como Chen Kaige (“Adeus, Minha Concubina” – 1993 , Palma de Ouro em Cannes), Zhang Yimou (Urso de Ouro em Berlim em 1988 por “O sorgo vermelho” e Leão de Prata em Veneza em 1991 por “Lanternas vermelhas”, “Herói”, “O Clã das Adagas Voadoras”, “A Grande Muralha” e outros).
Os curadores conversaram com a Revista Intertelas e informaram mais detalhes sobre os objetivos desta edição e as razões que os levaram a selecionar as obras deste ano. Segundo Alê Amazonas, o interesse de ambos os curadores foi realizar um resgate histórico de filmes icônicos e que estão já em domínio público, no intuito de ajudar o público que não tem qualquer conhecimento sobre a cultura chinesa, e até para os que já têm, de reconhecer obras que foram completamente esquecidas.
“Para tanto, a parceria com o Instituto CPFL e o Instituto Confúcio na Unicamp foi fundamental. Assim, o Instituto Confúcio concedeu uma lista de filmes que eles possuem os direitos de exibição no Brasil e, dessas obras, extraímos seis e o Instituto CPFL escolheu duas. Nesta lista conjunta, temos tanto a representação daquela China milenar, conhecida pela Rota da Seda, seus filósofos e tradições culturais, quanto a China contemporânea que vai eliminando a pobreza, alçando o mundo exterior como uma grande potência econômica e revisitando seus valores confucionistas. Após uma transformação política, econômica e social forte, eles começam a revisitar os seus valores mais primordiais, no intuito de edificarem um futuro tão grandioso quanto o cinema chinês”, explicou.
Conforme Lucas Chen, que pela primeira vez participa da curadoria da Mostra, a iniciativa traz a perspectiva de uma China pouco divulgada no Brasil. “Muitos brasileiros têm dúvidas sobre as informações que recebem, se são verdade, ou não. Especialmente do ponto de vista dos avanços econômicos e sociais que têm sido apresentados pelo país, mas também das contradições que os chineses enfrentam e enfrentaram para chegar nesse patamar. Então, por exemplo, ‘O Carteiro nas Montanhas’ é um filme que exemplifica essa situação. A contradição de uma região mais distante em face ao desenvolvimento da costa. Nestas localidades nem sempre se tem acesso a tudo, em razão de questões regionais determinadas por realidades específicas”, salientou.
Chen ainda relatou que os filmes foram baseados principalmente na chamada Quinta Geração de cineastas chineses. “Os filmes desta Quinta Geração mexem com o sentimento dos brasileiros, mesmo tendo valores distantes dos nossos”, enfatizou. Já sobre a mostra online, a curadoria focou nas obras da Primeira, Segunda e Terceira Gerações, com ênfase para o diretor Xie Jin que completaria 100 anos em 2023. “Temos dois filmes dele: ‘Jogadora de Basquete nº 5’ (1957) e ‘Grande Li, Pequeno Li e Velho Li’ (1962). Ambas apresentam os valores da época. Xie Jin é considerado o maior diretor da China, de todos os tempos. Ele é o percursor do cinema chinês em muitas formas. Para a Quinta Geração, ele é uma referência, assim como tudo que foi criado, produzido e pensado pelo diretor”, explicou.
O Carteiro das Montanhas: o encontro entre pai e filho em uma jornada através da província de Hunan
De acordo com Chen, “Jogadora de Basquete Nº 5” fez com que o diretor alcançasse renome na China e trata da questão esportiva em âmbito nacional. Já a comédia “Grande Li, Pequeno Li e Velho Li” é uma porta para a realidade dos trabalhadores em uma fábrica de processamento de carnes. “Trata-se de uma comédia muito engraçada e, assim como outras obras, Xie Jin é sempre crítico ao que está acontecendo ao seu redor, de uma forma que apenas o cinema consegue fazer. Ele não se preocupa em achar inimigos, ou culpados pelas dificuldades e contradições vividas, mas busca, literalmente, fazer uma boa crítica sobre aquilo que está acontecendo em todas as áreas. Trata-se de um cineasta completo, que desafiou a si próprio a fazer filmes com diferentes estéticas e narrativas e, em todas, consegue apresentar um bom filme”.
Chen ainda comentou um pouco sobre a importância da chamada Quinta Geração do cinema chinês, que vivenciou o processo de modernização, industrialização e desenvolvimento do país. “O cinema acompanhou esse processo. Se formos tentar listar as características do cinema realizado pela Quinta Geração, talvez seria possível de dizer que se tratam de obras que apresentam uma tecnologia mais avançada, com cores impactantes e enredos cativantes. Acima de tudo, é a geração que retoma o cinema em grande escala na China, após a Revolução Cultural; que acompanha a reabertura da Academia de Cinema de Beijing. É uma geração crítica em relação à sociedade e ao mesmo tempo muito interessada em fazer uma mobilização através do cinema, especialmente focada em valores que consideram importantes para a sociedade chinesa”.
Com informações do site da Mostra de Cinema Chinês (clique aqui)
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