
“Acabar com a ocupação e instaurar uma paz justa é o interesse claro de ambos os povos”, defende o PCI em nota divulgada no sábado, 7 de outubro, em Haifa
O Partido Comunista de Israel (PCI) advertiu que “os crimes do governo fascista de direita de Israel, destinados a manter a ocupação, estão conduzindo a uma guerra regional” e exortou a “deter a escalada”. O PCI expressou suas condolências “às famílias das vítimas da ocupação – tanto árabes como judeus”, após reiterar sua “condenação inequívoca de qualquer ataque a civis inocentes”. O partido apelou a todas as partes a “retirarem os civis do ciclo de violência”.
O PCI “considera o governo fascista de Israel responsável pela escalada extremamente perigosa das últimas horas, que custou a vida a muitos civis inocentes”, enfatiza o comunicado divulgado em Haifa no sábado, 7 de outubro. Os comunistas israelenses denunciaram que “na semana passada, os colonos apoiados pelo governo causaram estragos nos territórios ocupados, profanando Al-Aqsa e fazendo pogrom nas ruas de Huwara”.
“Desde esta manhã, assistimos a uma grave escalada das hostilidades que correm o risco de se transformar numa guerra regional. A ameaça de tal guerra foi persistentemente alimentada pelas ações deste governo de direita desde o seu primeiro dia”, afirma o comunicado. O PCI advertiu que “os acontecimentos de hoje indicam a direção perigosa para a qual Netanyahu e os seus parceiros no governo estão conduzindo toda a região”. “Sublinhamos que é impossível ‘gerir’ o conflito ou resolvê-lo militarmente. Só há uma solução – lutar para acabar com a ocupação e reconhecer os direitos legítimos do povo palestino e as suas justas reivindicações”, afirma o PCI. “Acabar com a ocupação e instaurar uma paz justa é o interesse claro de ambos os povos”, acrescenta.
O PCI alertou que o governo de Netanyahu está “usando os acontecimentos para lançar um ataque vingativo contra a Faixa de Gaza e apela à comunidade internacional e aos Estados vizinhos para que intervenham imediatamente para silenciar o rugido dos tambores de guerra e iniciar uma solução política”. O partido também manifestou sua preocupação com possíveis “ações de retaliação contra cidadãos palestinos em Israel, especialmente os que vivem nas cidades comuns e nas aldeias não reconhecidas de Al-Naqab/Negev”. Estes últimos – destaca – já pagaram um preço elevado pela negligência com que o Estado os trata.
“Perante esta realidade, as forças sãs em Israel, tanto judeus como árabes, devem erguer uma voz clara contra qualquer tentativa de incitar à violência contra grupos ou de fazer justiça pelas próprias mãos”, conclamou o PCI. Concluindo, o partido chamou a “promover atividades conjuntas que lutem por uma vida normativa sem ocupação, discriminação ou superioridade étnica”. “Devemos lutar pela paz, pela igualdade e pela verdadeira democracia para todos”.
O agravamento do conflito na Terra Santa ocorre 30 anos após os acordos de Oslo – sem cumprir a promessa dos “Dois Estados”-, depois de 56 anos de negativa de Israel respeitar a resolução 242 do Conselho de Segurança da ONU, 50 anos depois da Guerra do Yom Kippur, 36 anos depois da primeira Intifada, 21 anos depois da proposta da Iniciativa de Paz Árabe encabeçada pela Arábia Saudita e três anos após os Acordos de Abraão articulados com o governo Trump para oficialização do apartheid.
E 49 anos após a histórica presença de Yasser Arafat na Assembleia Geral da ONU e reconhecimento da OLP como a representante do povo palestino e 32 anos após o assassinato do primeiro-ministro israelense signatário de Oslo, Yitzak Rabin, por um supremacista judaico. São também 56 anos de negativa de Israel de cumprir a determinação da ONU contra os assentamentos de colonos em terra palestina, que não passam de roubo de terra, sob a lei internacional. E faz seis anos que relatório de direitos humanos da ONU classificou como apartheid a situação dos palestinos sob a ocupação israelenses.
E 75 anos desde a partilha da Terra Santa. Neste domingo, 8 de outubro, o atual conflito entrou no segundo dia. O último balanço das autoridades indica que ao menos 920 pessoas morreram, sendo 600 em Israel, 313 na Faixa de Gaza e 7 na Cisjordânia. São milhares os feridos. Por iniciativa do Brasil, o Conselho de Segurança da ONU se reúne para deter a escalada. A convite do ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, o secretário-geral da Liga Árabe, Ahmed Aboul Gheit, chegou a Moscou para conversações.
“A paz só é possível com o fim da ocupação”, diz a Embaixada da Palestina no Brasil
A Embaixada do Estado da Palestina no Brasil divulgou nota neste sábado, 7 de outubro, sobre a escalada na Faixa de Gaza e Israel com o ataque do Hamas e a retaliação israelense. A representação diplomática do Estado Palestino destaca que “a rejeição por parte de Israel aos acordos assinados e o não cumprimento das resoluções de legitimidade internacional levaram à destruição do processo de paz, à ausência de uma solução para a Questão Palestina, após 75 anos de sofrimento e deslocamento” e enfatiza: “o que proporciona segurança, estabilidade e paz na nossa região é acabar com a ocupação israelense das terras do Estado da Palestina”.
A seguir a íntegra do posicionamento da diplomacia da Palestina:
“Alertamos repetidamente para as consequências de bloquear o horizonte político e de não capacitar o povo palestino com seu legítimo direito à autodeterminação e ao seu Estado. Alertamos também para as consequências das provocações e ataques diários; do terrorismo contínuo dos colonos e das forças armadas da ocupação e os ataques à Mesquita de Al-Aqsa e aos locais sagrados cristãos e islâmicos. O que proporciona segurança, estabilidade e paz na nossa região é acabar com a ocupação israelense das terras do Estado da Palestina, com Jerusalém Oriental como sua capital, nos moldes de 1967 e reconhecer o direito do povo à independência e à soberania.
A rejeição por parte de Israel aos acordos assinados e o não cumprimento das resoluções de legitimidade internacional levaram à destruição do processo de paz, à ausência de uma solução para a Questão Palestina após 75 anos de sofrimento e deslocamento. A continuação da política de padrões duplos e o silêncio da comunidade internacional em relação às práticas criminosas e racistas das forças de ocupação israelenses contra o povo palestino, e a continuação da injustiça e da opressão a que o povo palestino está exposto são as razões por detrás da situação explosiva e da ausência de paz e segurança na região. A paz exige justiça, liberdade e independência para o nosso povo palestino; o regresso dos refugiados e a plena implementação das resoluções de legitimidade internacional”.
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Lula defende Estado Palestino e diz que “não poupará esforços para evitar a escalada do conflito”
O presidente Lula comentou, em suas redes sociais, os combates no sul de Israel e disse que “o Brasil não poupará esforços para evitar a escalada do conflito”. Lula defendeu um trabalho internacional para que sejam feitas negociações que desaguem na “existência de um Estado Palestino economicamente viável, convivendo pacificamente com Israel dentro de fronteiras seguras para ambos os lados”. “O Brasil não poupará esforços para evitar a escalada do conflito, inclusive no exercício da Presidência do Conselho de Segurança da ONU”, escreveu Lula.
“Conclamo a comunidade internacional a trabalhar para que se retomem imediatamente negociações que conduzam a uma solução ao conflito que garanta a existência de um Estado Palestino economicamente viável, convivendo pacificamente com Israel dentro de fronteiras seguras para ambos os lados”, acrescentou. Os ataques do Hamas começaram no sábado, 7 de outubro. O governo de Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, já anunciou que vai atacar a Palestina com ainda mais força do que vinha fazendo.
Fiquei chocado com os ataques terroristas realizados hoje contra civis em Israel, que causaram numerosas vítimas. Ao expressar minhas condolências aos familiares das vítimas, reafirmo meu repúdio ao terrorismo em qualquer de suas formas.
O Brasil não poupará esforços para…
— Lula (@LulaOficial) October 7, 2023
Estabelecer o Estado Palestino é a saída para o conflito, afirma porta-voz da China
Diante dos “conflitos ferozes entre Israel e os grupos armados palestinos na Faixa de Gaza”, a China exortou no domingo, 8 de outubro, ao “fim imediato às hostilidades para proteger os civis e evitar maior deterioração da situação”. “A recorrência do conflito mostra mais uma vez que a paralisação prolongada do processo de paz não pode durar”, advertiu Wang Wenbin, porta-voz do ministério das Relações Exteriores da China.
A saída fundamental do conflito – reiterou – reside “na implementação da solução de dois Estados e no estabelecimento de um Estado independente da Palestina”. A China chamou a comunidade internacional a agir com a maior urgência pela “rápida retomada das conversações de paz entre a Palestina e Israel” que alcance “uma paz duradoura” e declarou que continuará trabalhando incansavelmente para esse fim. “O ataque do Hamas – acrescentou o porta-voz – é um ‘lembrete severo’ de que “a ‘onda de reconciliação’ no Oriente Médio não durará com o conflito Palestina-Israel sem solução”.
Fonte: Textos originalmente publicados no site do Jornal Hora do Povo.
Links diretos: https://horadopovo.com.br/governo-fascista-de-israel-e-responsavel-por-esta-perigosa-escalada-afirma-o-pc-de-israel/ – https://horadopovo.com.br/a-paz-so-e-possivel-com-o-fim-da-ocupacao-diz-a-embaixada-da-palestina-no-brasil/ – https://horadopovo.com.br/lula-defende-estado-palestino-e-diz-que-nao-poupara-esforcos-para-evitar-a-escalada-do-conflito/ – https://horadopovo.com.br/estabelecer-o-estado-palestino-e-a-saida-para-o-conflito-afirma-porta-voz-da-china/
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