Skip City International D-Cinema Festival chega a sua 16ª edição e conta com o diretor Takashi Miike no júri

Crédito: skipcity-dcf.jp

Começou neste sábado, 13 de julho, a 16ª edição do Skip City International D-Cinema Festival, na cidade de Kawaguchi, província de Saitama, no Japão. O festival, que iniciou suas atividades em 2004, foi um dos primeiros eventos cinematográficos no mundo a exibir filmes exclusivamente gravados em digital, visando principalmente cultivar e apoiar talentos emergentes. Da sua plataforma, o festival visa apresentar o trabalho de diretores promissores tanto no âmbito nacional, quanto internacional.

Ano passado, o filme de Daniel Ribeiro “Hoje eu quero voltar sozinho” (2014) ganhou o prêmio de melhor roteiro. Este ano, segundo a direção do festival, a competição internacional apresenta uma seleção bastante abrangente que vai de filmes do gênero drama/suspense, e que lidam com a questão atual da ascensão do populismo na Europa, ao entretenimento familiar. Ainda nesta edição, cinco dos dez filmes indicados são dirigidos por mulheres, sendo um deles creditado como co-diretora.

Crédito: skipcity-dcf.jp

O júri encabeçado pelo renomado diretor japonês Takashi Miike vai julgar títulos que trazem uma variedade bastante complexa de gêneros e narrativas. Entre os filmes a competir estão três estréias na direção de atores conhecidos: “Another Child”, dirigido pelo ator coreano Kim Yoon Seok, “Bad Art”, co-dirigido por Tania Raymonde, que viveu a personagem Alexandra Rousseau na série “Lost”, e o artista estadunidense conhecido por suas pinturas e murais em todo mundo Zio Ziegler, além de “Blind Spot”, em que Tuva Novotny assina como diretora. Ela que trabalhou em “The King’s Choice”, um drama islandês-norueguês de 2016 dirigido por Erik Poppe.

A seleção ainda consiste de outros dramas fortes como “Sons of Denmark”, de Ulaa Salim,que fala sobre a ascensão da extrema direita na Dinamarca.“The day I lost my shadow”, uma co-produção entre Síria, Líbano, França e Qatar, dirigida por Soudade Kaadan, “Irina”, de Nadejda Koseva, uma comédia politicamente incorreta e “Lajko – Gypsi in Space”, de Balázs Lengyel, que conta a história de um aviador húngaro que se torna o candidato da União Soviética para ser o primeiro cosmonauta a orbitar o espaço em 1957, também foram indicados.

A animação “The Tower”, co-produção entre Noruega, França e Suécia, dirigida por Mats Grorud apresenta o dia-a-dia de uma garota palestina e seu bisavô vivendo em um acampamento para refugiados. Trata-se da primeira animação a participar desta competição no festival. O documentário “Midnight Traveler” (EUA, Qatar, Canada, Reino Unido) é uma auto-biografia sobre a família do diretor Hassan Fazili que vai para o exílio. Já “Travel Nostalgia”, uma co-produção entre Japão e China, foi dirigida por Qinyao Wu. A produção é seu filme/tese realizado na Escola de Pós-Graduação da Universidade Rikkyo. Segundo o jornalista Mark Schilling do Japan Times, Wu fornece um olhar novo e contemporâneo para uma temática clássica: o triângulo amoroso.

Entre a safra de diretores japoneses que lançaram seus trabalhos em edições passadas do Skip City estão Kazuya Shiraishi, Ryota Nakano e Shinichiro Ueda. Kazuya Shiraishi só este ano lança três filmes que contam com a presença de atores jovens já conhecidos do público japonês, asiático em geral e daqueles que acompanham de perto as produções do país como Shingo Katori, que está presente no elenco de “Sea of Revival”; Takeru Satoh, que viveu o lendário Rurouni Kenshin, na trilogia de “Samurai X”, está presente em “One Night” e  Takumi Saitoh, que trabalhou em diversas séries para televisão e filmes de diretores consagrados, integra o grupo de atores principais em “A Gambler’s Odyssey 2020”. O diretor ainda esteve no Festival Internacional de Cinema de Toronto com a produção “Birds Without Names” (2017) e no Festival de Filmes Asiáticos de Nova Iorque com “Twisted Justice” (2016) que rendeu o prêmio de melhor ator para Ayano Go, um dos intérpretes mais cobiçados hoje pela indústria audiovisual japonesa.

Ryota Nakano foi o primeiro diretor japonês a ganhar o prêmio de melhor direção do Skip City por “Capturing Dad” (2012).  Shinichiro Ueda que dirigiu o bem-sucedido “One Cut of the Dead”, uma comédia sobre zumbis que rendeu 3,2 bilhões de ienes, e que volta a ser exibida nesta edição de 2019. Ueda ainda retorna ao evento com a co-autoria do filme de abertura “Aesop´s Game”, que será lançado nos cinemas em agosto. O filme é produzido pela Prefeitura de Saitama / Skip City Sai-no-Kuni Visual Plaza e além de Shinichiro Ueda, cujo curta-metragem “Take 8” recebeu a menção honrosa no festival de 2016, tem a participação na direção de Yuya Nakaizumi, cujo filme de estréia, “Running Again” foi exibido na abertura da edição do ano passado, e Naoya Asanuma, que dirigiu o curta “If winter burns”, ganhador do prêmio de melhor filme na edição de 2017.

“Aesop’s Game”, de Naoya Asanuma, Sinichiro Ueda e Yuya Nakaizumi. Crédito: Saitama Prefecture/SKIP CITY Sai-no-Kuni Visual Plaza.

Já na competição para o cinema japonês, em longa-metragem, estão os filmes “Sacrifice”, dirigido por Taku Tsuboi, que trabalhou nas equipes de Kiyoshi Kurosawa e Makoto Shinozaki. Em “Me & My Brother’s Mistress”, de Takashi Haga e Sho Suzuki, a atriz Nanami Kasamatsu é Yoko, uma estudante do ensino médio, que testemunha Kenji, seu irmão que está planejando casar, tendo um caso com um outra mulher chamada Misa. Yoko confronta a amante do irmão, mas é seduzida pela personalidade gentil e forte desta. Já em “The Idiot’s Back”, de Sho Fujimoto, um casal que está preste a casar (Shun e Yuki) encontra problemas quando se mudam para uma residência compartilhada e a ex-namorada de Shun vai morar na mesma casa.

“Dream of Euglena” é a estréia de Mikiya Sanada que atuou em muitos filmes, incluindo “Outrage” de Takeshi Kitano e “Battle Royale” de Kinji Fukasaku. Já “F for Future”, dirigido por Teppei Isobe, cujo curta “Who Knows about My Life” ganhou o prêmio de melhor filme na Competição Japonesa de Curtas-Metragens no Skip City de 2018 apresenta o drama de Takuya, um estudante do ensino médio que passa seus dias indiferentemente, sem saber exatamente o que fazer com seu futuro. Até que um dia, o seu amigo Mamoru sofre um acidente de trânsito. Takuya decide, então, reunir seus amigos para manter uma promessa que fizeram a Mamoru no passado.

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Entre os nomeados para melhor curta-metragem japonês estão “Sticks and Stones”, de Takuma Sato, cujo filme “Don’t Say That” foi exibido na competição new currents do Festival Internacional de Cinema de Busan em 2014 e “The Birth” por Kazuomi Makita, que discute uma questão complexa. Majima e sua esposa estão esperando um filho, mas o médico diz-lhes que este pode ter um defeito de nascença e recomenda testes pré-natais. Assim, o casal contempla que decisão tomar no futuro. Kazuomi Makita ainda teve dois trabalhos “Time Will Tell” e “Point of the Love” indicados no Skip City em 2015 e 2013, respectivamente.

“Spring”, de Ayumi Omori conta como a personagem Ami, que frequenta uma escola de arte, enfrenta a pressão dos estudos, a obrigatoriedade de encontrar um trabalho e a doença de Alzheimer da avó que mora com ela. Já em “Juri”, de Mitsutoshi Saijo, a personagem Mayumi junta-se a um grupo de estudo ocultista em sua faculdade e frequenta um acampamento anual de inverno para receber os novos membros. Enquanto eles passam a noite falando sobre fenômenos ocultos, percebem que um dos colegas não voltou do banheiro e decidem ir procurá-lo.

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Em “What Meiling Decided”, de Hironori Kujiraoka, uma estudante de dupla cidadania, japonesa e chinesa, precisa escolher entre uma das nacionalidades, antes de completar 22 anos. Já em “Multiple”, dirigido por Miyuki Nagaya, três mulheres dividem um quarto em Tóquio. Com dificuldades em seus relacionamentos pessoais, elas passam a debater, durante uma noite inteira, o significado de felicidade para cada delas.

Em “Distant Ligth”, de Tatsuya Utsuno, um homem viúvo, vive com a mãe idosa que passa seus dias olhando para as montanhas e com a filha, que é sua companheira de caça. Um dia, a garota desaparece nas montanhas. Enquanto ele a procura, sua falecida esposa reaparece. Em “Scarf”, de Masayuki Matoba, a personagem Miyabi, que está prestes a se formar no ensino médio, não consegue confessar o que sente por sua melhor amiga Mahiro. Ela ainda tem dificuldade de lidar com Kyo, um garoto que aparentemente gosta dela. Antes de partir para Tóquio, Kyo tenta conversar com Miyabi que é forçada a reagir.

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“All Cause of Tokyo”, de Yu Muraki, conta a história de um homem que desistiu de seus sonhos e do amor, passando dias sem rumo e deprimido. Até que uma garota misteriosa, cuja existência só ele pode ver, aparece e suas palavras ajudam com que ele consiga voltar a viver. Por fim, seguindo com a tradição de contemplar, apoiar e valorizar o trabalho inicial de talentosos diretores, esta edição do Skip City terá uma mostra especial para as produções que começaram as promissoras carreiras de realizadores como George Lucas, Clint Eastwood, Steven Soderbergh e do presidente do júri de competição internacional, Takashi Miike. Levando em conta todo repertório a ser exibido, o festival é uma janela a ser observada não apenas por profissionais em começo de carreira e fãs da sétima arte japonês, mas por tantos outros em outras regiões do mundo que almejam encontrar e apreciar novos talentos.

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por Anders Noren

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