
Dia 10 de fevereiro tem um significado especial para quem trabalha no Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, ou “Smolenka” como conhecido popularmente este edifício sediado no centro histórico de Moscou, bem como para milhares dos diplomatas russos que representam com orgulho o nosso país, seus interesses e o seu povo no exterior. O Dia do Diplomata remonta há séculos. Em 10 de fevereiro de 1549 foi inaugurado o protótipo do serviço exterior da Rússia, o tal chamado Posolsky Prikaz, durante a gestão do Czar Ivã, o Poderoso. Passados mais dois séculos, o imperador Aleksandr I deu início ao Ministério dos Negócios Estrangeiros do Império Russo e a sua conjuntura atual.
A diplomacia da Rússia estava no processo de crescimento, amadurecimento e desenvolvimento durante os séculos que seguiam: os gestores da Rússia buscavam ampliar e expandir o campo das relações exteriores, econômicas e comerciais do país. Neste contexto, no século XIX, as relações entre a Rússia e a América Latina ganharam um destaque especial. É justo dizer que a Rússia e o Brasil têm uma história longa e digna, pois as relações entre os dois países foram estabelecidas quase 200 anos atrás e percorreram um longo caminho.
Foi durante o reino do Imperador Aleksandr I, quando se deram as primeiras raízes das futuras relações entre a Rússia e o Brasil: em 1811 Duque von der Palen foi nomeado para a Corte Portuguesa no Rio de Janeiro como enviado especial e plenipotenciário russo. No mesmo ano, para cargos do cônsul geral e vice-cônsul foram nomeados irmãos Ksaveriy e Michael Labenskiy, enfatizando assim a importância crescente das relações entre os dois países e dos laços econômicos e comerciais cada vez mais fortes.

Em 1812, Georg Heinrich von Langsdorff foi nomeado o Cônsul Geral da Rússia no Rio de Janeiro. As atividades do Consulado Geral contribuíram muito para a aproximação entre a Rússia e o Brasil. Em seus relatórios para São Petersburgo, Langsdorff enfatizava repetidamente a necessidade de estreitar laços comerciais diretos entre os dois países, evitando intermediários estrangeiros.
Durante o seu mandato no Rio de Janeiro, ele contribuía incansavelmente para a divulgação de informações sobre o Brasil na sociedade russa, nos círculos acadêmicos e literários de São Petersburgo, Moscou, Cazã e outras cidades. É importante destacar que as instruções dadas pelo governo Russo aos seus diplomatas salientavam o caráter pacífico e amistoso das relações entre a Rússia e o Brasil, e enfatizavam que seu desenvolvimento e fortalecimento ajudaria a Rússia a abrir um novo campo de atividades para seu comércio na região da América Latina.
As relações diplomáticas entre a Rússia e o Brasil durante quase dois séculos sempre foram amistosas, frutíferas, caraterizadas pela cooperação e entendimento mútuo. É preciso destacar que, nos primeiros vinte e um anos deste milênio, as relações russo-brasileiras tornaram-se uma parceria estratégica, ressaltando o novo fôlego e a intenção cada vez mais forte para desenvolver uma cooperação que beneficiasse ambos os países e os seus povos. Hoje em dia, os nossos países estão desenvolvendo com sucesso a cooperação estratégica em vários campos, tanto no âmbito bilateral, quanto no multilateral, principalmente no formato BRICS. Os seus elos tornam-se mais saturados e diversificados.

Vale a pena também ressaltar um importante exemplo de amizade e cooperação entre os nossos países durante a Segunda Guerra Mundial, na qual fomos aliados próximos na luta contra o nazi-fascismo. Lembramos todos os diplomatas que fizeram uma contribuição muito grande para que o Dia da Vitória viesse o mais cedo possível.
Outrossim, junho de 2010 foi marcado por um avanço de importância inigualável no campo das relações entre os nossos países: os governos da Rússia e do Brasil assinaram o acordo, segundo o qual os cidadãos dos dois países ficam isentos dos vistos para entrada e permanência nos territórios nacionais. Sem sombra de dúvida, este foi o passo que contribuiu muito para o estado atual das relações diplomáticas, económicas, culturais e comercias russo-brasileiras.
Igualmente, nas duas primeiras décadas do século XXI, conseguimos promover a inter-relação entre os nossos países a nível municipal, entre as duas maiores cidades da Rússia, Moscou e São Petersburgo, com o Rio de Janeiro. Eu acredito fortemente que a cooperação que nós temos nos campos da cultura, política humanitária e economia faz com que os nossos povos aproximem-se e cheguem a entendimento mútuo mais profundo.
Hoje em dia, a missão mais importante dos diplomatas dos nossos países, a meu ver, é continuar ampliando passo a passo a nossa cooperação com base em reciprocidade, amizade e confiança mútua. Os diplomatas russos nos tempos da pandemia do novo coronavírus dedicaram-se à busca de caminhos para saída desta crise que mudou o viver das muitas pessoas ao redor do mundo. Afinal, podemos dizer que vamos pôr fim a este mal com a vacina mais eficaz e acessível do mundo – Sputnik V.
Estou firmemente convencido de que graças à nossa cooperação e inter-relação, vamos superar juntos esta crise da pandemia em que estamos, pois só juntos que estamos fortes. Tenho certeza absoluta de que a missão principal da diplomacia é encontrar soluções dos problemas a tal maneira que beneficiem a todos.
Vladimir Tokmakov
Cônsul Geral da Federação da Rússia no Rio de Janeiro
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